O não tão bem amado Jacques Chirac comanda uma fundação, que patrocina um programa bem original. Ao invés de filantropia ou ecologia, ela trabalha com a documentação e a preservação dos mais de 6000 idiomas da Terra. O tesouro linguístico do planeta tem valor inestimável. Além do aspecto cultural relevante, o seu estudo proporciona elementos importantes para a compreensão do percurso do homem desde os tempos mais remotos. Para saber mais, veja o site do programa Sorosoro.
Voltando à França e ao seu idioma culto e belo, é desnecessário dizer que os debates sobre uma possível reforma ortográfica continuam aquecidos. Já comentei uma ou duas vezes sobre isso, voltarei em breve com mais detalhes.
Mais interessante do que o debate sobre o idioma em si é a polêmica sobre a forma de utilizá-lo. Tudo indica que o povo não tolera mais a "langue de bois" ( língua de madeira, na tradução literal). Em bom português, trata-se da famosa enrolação. Para realizar uma dissimulação ou pura exibição, recorre-se aos chavões, eufemismos, conceitos abstratos ou banalidades. Conforme a situação, o tom vai da pompa à demagogia. Não é preciso dizer que é a língua de boa parte dos políticos.
Os soviéticos eram exímios empregadores da langue de bois. Os seus herdeiros da esquerda ideológica abusaram de generalidades como menções à vontade popular e à solidariedade. Certos ou errados, o povo quer algo mais direto.
Hoje, abolir a langue de bois é compromisso de formal de muitos candidatos. No movimento contra a langue de bois, surge o "parlé vrai", o discurso franco. Falar direto, simples e sem rodeios. A polêmica é se devemos ou não abusar dos palavrões e gírias. Há controvérsias.
Sarkô e alguns próximos estão engajados no parlé vrai. O líder do seu partido no Congresso, Jean François Copé, escreveu até um livro compromisso: "Prometido, eu acabo com a langue de bois". Isso não significa que ele não minta jamais. Ele mente. Mas não enrola.
Foto: Outra falésia de Etretat. A praia não é bem aquilo que o brasileiro entende como praia. De qualquer forma, a paisagem é espetacular.
Pouca coisa é mais irritante do que "linguagem enrolativa", como a usada por políticos. Mas os seus conterrâneos também não colaboram, Fernando (afinal, que foi que inventou o "vamos estar enviando pelo correio", e outros usos abusivos do gerúndio? :-)
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