Sem qualquer base estatística, afirmaria que São Paulo tem mais arranha-céus do que a França inteira. Em Lyon, prédios com mais de 20 andares, contamos na palma da mão. Quando levantaram a última grande torre (Oxygène), cada nova laje era uma festa. Depois de algum tempo na França, aprendi a associar o excesso de arranha-céus mais à desordem do que ao progresso (perdão pela frase antipatriótica, foi acidental).
O que acontece em São Paulo é uma loucura. Ao longo da Marginal Pinheiros, são dezenas de lançamentos sem qualquer condição de escoamento do fluxo de carros gerado pelos mesmos. Quando eu saí, há quase três anos, o pessoal que trabalhava na Torre Norte reclamava que o congestionamento começava dentro da garagem. Imaginem quando todos os empreendimentos estiverem prontos!
O contraste com Lyon é notório. A próxima torre (Incity) será o prédio mais alto da cidade. Vai substituir um prédio, que será demolido devido à presença de amianto. Em número de torres, sai uma e entra outra. O que espanta é a discussão se o prédio deve ou não ter estacionamento. Pelo menos, aqui, a discussão faz sentido. O lugar é bem servido de transporte público. O empreendimento tem um apelo de sustentabilidade, então nada como nem oferecer a possibilidade de se usar o carro para ir ao trabalho. A prática da eliminação total ou parcial de estacionamentos em edifícios comerciais é comum na França.
Igualmente interessantes são as histórias contadas pelos colegas, quando reformam suas residências. Outra vez, o poder público mostra presença. As plantas são minuciosamente verificadas pela prefeitura. Não apenas os elementos de engenharia, mas todo o contexto arquitetônico e artístico. E quem mora perto de uma propriedade tombada, provavelmente não vai nem poder escolher a cor dos ladrilhos da piscina. Anedotas à parte, o importante é que o poder público se mostre presente e evite o caos urbano tão familiar de paulistas e cariocas.
Foto: Ainda em Millau. A foto é muito parecida com uma das anteriores, mas eu quero fechar este capítulo, pois tenho muita coisa para mostrar.
São Paulo tem mais gente que meia França.... sem arranha-céu não cabia. Só que tem menos metrô do que uma cidadezinha mixuruca nas Európias. E qualquer zé mané que se põe dentro do carro acho que tem o direito e dever de matar pedestre.
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