Páginas do Fernando Birman

Thursday, September 17, 2020

Netflix


 

Tenho falado bastante sobre a Netflix nas aulas, palestras e ‘lives’. São vários os motivos além da sua óbvia posição competitiva na indústria do entretenimento:

  1. Está entre as empresas que mais alavancam a ciência de dados e este é um tema chave nos eventos que tenho realizado sobre o Futuro da Inovação Corporativa.
  2. Tem um estilo de gestão inovador, que é tema do livro A regra é não ter regras, do seu fundador Reed Hastings e da prestigiada acadêmica Erin Meyer.
  3. Tem uma história inusitada, transitando pelo o físico e digital como poucas. Começou distribuindo DVDs (físico), passou para o streaming (digital) e, depois, passou a produzir suas próprias séries e filmes (físico e digital).

Dependendo do público, o começo da história da Netflix já não tem mais graça. Muitos não viveram a época do aluguel de vídeo (VHS, DVD e Blu-ray). Para essa geração, o nome Blockbuster não significa muita coisa.

Blockbuster? Voltando um par de décadas no tempo, a mítica locadora era parada obrigatória antes dos finais de semana. Aquelas megalojas eram uma atração em si. Era difícil ficar só nos vídeos.   

A Netflix, por sua vez, nasceu diferente. Lançou o conceito de assinatura de DVDs, com um catálogo online e envio/devolução pelo correio. Um negócio de nicho que funcionou muito bem, sem qualquer ameaça à poderosa Blockbuster.

O surgimento do Youtube chamou a atenção dos seus fundadores para a divulgação de vídeo em streaming. Em 2007, a Netflix começou a distribuir os filmes neste formato. O resto é história. 

Com um sucesso incrível, arrasou a Blockbuster e catapultou sua base de 6 milhões de assinantes para os quase 200 milhões atuais. Se escrevi este post é porque estou lendo o livro mencionado acima e também li um artigo sobre a manutenção do antigo modelo de negócio. Sim, a Netflix ainda manda DVDs pelo correio, precisamente para 2 milhões de assinantes americanos.

O negócio é irrisório perto do streaming, mas seus assinantes são fiéis e têm bons argumentos:

  1. O catálogo de filmes oferecido em DVD é muito maior do que em streaming.
  2. Independência de uma internet confiável, algo que pode ser um problema nos rincões dos EUA. Fato confirmado com colegas americanos aposentados, que saíram das metrópoles e foram para a zona rural.
  3. A experiência (imagem e som) é geralmente melhor.

A maior ressalva desta base de assinantes é com o serviço postal norte-americano, que tem atrasado frequentemente a entrega dos DVDs.

Enfim, o negócio pode ser pequeno para a Netflix, pode parecer obsoleto diante dos olhos dos leitores cosmopolitas, mas representa 300 milhões de dólares por ano de faturamento. Um belo negócio e que ainda cativa seus clientes!


Foto: Uma outra imagem do centro de Pula na Ístria (Croácia), balneário de verão que faz a diversão de alemães, russos e outros.


Leituras complementares:

A cultura Netflix – A gestão e a cultura da Netflix

Netflix e IA – Como a Netflix usa a ciência de dados

O dilema da redes – Meu último post sobre um documentário essencial

 

No comments:

Post a Comment