No ano de 2016, o meu retorno para o Brasil já estava agendado
para o final de julho. Aproveitei o primeiro semestre para passear bastante. Não
desperdicei nenhum dos feriados, sobretudo aqueles do generoso mês de maio: Trabalho,
Armistício de 1945, Ascensão e Pentecostes.
- O que faremos no feriado prolongado de cinco dias? – indagou
minha esposa.
- Vamos ver se tem algum lugar legal, que a gente não conheça,
no máximo a 3 horas de vôo daqui (de Bruxelas). – Respondi de imediato.
Estávamos em casa, então, no computador, abri uma janela
para procurar passagens e outra para procurar hotéis. Em menos de dez minutos,
disse: Vamos para Santorini, na Grécia!
Abri uma terceira janela e busquei imagens de Santorini no
Google. Mostrei as fotos para minha esposa, que ficou instantaneamente encantada
e ansiosa pela viagem.
O vôo era da TUI, uma operadora alemã que fazia a rota
Bruxelas-Santorini, com uma escala em outra ilha grega. O hotel parecia ser um
daqueles com status de “boutique”, mas com preço bem razoável. Não perdi muito
tempo na reserva, pois tinha várias viagens para organizar.
Meu colega Thierry, apaixonado pela Grécia, ensinou algumas
palavras. A dica mais importante era a pronúncia correta da localidade de
Santorini onde estava o hotel: Oia, pronuncia-se “ía”.
Essa viagem foi um pouco depois dos atentados no aeroporto de
Bruxelas, que ainda estava um caos. Felizmente, deu tudo certo. Já relatei o episódio
do aluguel de carro em Santorini no post “A mãe do
taxista”.
A principal rua de Oia é fechada para carros. Do
estacionamento até o hotel não deu 100m. Não vimos o hotel em si, apenas uma
placa com seu nome. Fomos na sua direção.
Apesar da beleza do cenário, era tudo um pouco estranho. Uma
coisa é ver a cidade no mapa, outra é andar por lá. Diversos hotéis não têm
estruturas visíveis ao nível da rua, eles são construídos no terreno em
declive.
Diante da suposta entrada do hotel, identifiquei-me ao
suposto atendente. Instantes depois, aparece um garçom com duas taças de
champagne. Pera aí, servir champagne antes mesmo de entrar no hotel?!
A extrema gentileza chamou a minha atenção. E como, daquele
ponto, não via o hotel em si, pensei que estivesse caindo numa cilada. Sim, um
golpe! Disse para minha esposa grudar nas malas.
Só relaxei na medida em que descíamos as infindáveis escadas
barranco abaixo. Também percebi que aquilo era mesmo um hotel boutique. Cada
quarto parecia ser cavado na rocha com terraço e piscina privativos. A paisagem
de Santorini ao fundo deixava o cenário espetacular.
Estava aliviado. Porém, a essa altura, já estava com outra
pulga atrás da orelha: quanto tinha pago pelo hotel? Lembrava-me de um preço
bem razoável. Quando vi o tamanho do quarto, o incômodo deixou de ser um
simples incômodo e passou a ser uma certeza. Disse para minha esposa: Fiz alguma
grande cagada na reserva do hotel!
Preferi nem olhar a reserva. Daí em diante, sabiamente,
desencanei. Passei a aproveitar o lugar deslumbrante. Só fui conferir a reserva
na véspera do checkout, quando confirmei a minha suspeita. O que eu pensava que
fosse o preço da estadia completa era o preço de uma diária!
Aquele deslize transformou-se num dos nossos melhores cinco
dias. Uma viagem inesquecível. Além das doces lembranças, guardei a conta do
hotel boutique como souvenir.
Leitura complementar:
Post de 2016 – A mãe do
taxista
Foto: Acima, visão panorâmica Oia, a partir de um dos inúmeros terraços. Abaixo, entrando no hotel.
Ufa! Até que enfim consegui casar
o texto com as fotos.
Que bo. Q foram surpreendidos para o bem.
ReplyDelete