Todos os problemas da nação são mais graves em ano de eleições.
Entretanto, 2014 parece ser um ano especial. Vivemos uma estagnação econômica,
a iminência do apagão, o risco de falta d’água e até uma epidemia de dengue,
coisas que acontecem de tempos em tempos, mas não no mesmo ano.
A avalanche de denúncias de corrupção, propícia do clima
pré-eleitoral, está indo mais longe do que o habitual. A nação está mais
dividida do que nunca.
Diante de tantas evidências de um Brasil que não dá certo, o
clima de revolta com a Copa do Mundo tende a piorar. Escrevi em janeiro que o tempo
de protestar contra a Copa já passou. Quem quiser protestar contra a situação, que
escolha um alvo mais adequado e, no mínimo, que vote melhor em outubro.
Nesse ambiente nada motivador, fico espantado com a parcela
da população que escolheu a FIFA como grande vilã, causadora dos nossos males. A
moda pegou. Parece bobagem, mas não é.
Trata-se de um problema recorrente, o bode expiatório. Esquece-se das seculares
mazelas brasileiras e elege-se um culpado. Muito simples.
A FIFA paga pelo
sucesso com que gere o futebol, o esporte número um do mundo. Organiza
campeonatos milionários e movimenta bilhões, fazendo inveja a qualquer outra
organização mundial. No sistema do Futebol, a FIFA é tão vilã quanto nossos craques,
times, televisões, federações e outras entidades. Um depende do outro.
O aspecto discutível é se o padrão imposto pela FIFA não obriga
a um país pobre desviar gastos sociais para a organização do evento. A resposta
da FIFA: “Foi o Brasil que pediu para realizar a Copa”. Dá para discordar? Cá entre nós, sem roubalheira e com um pouco
mais de planejamento, a Copa não seria tão intragável.
O apito inicial está próximo. Fica a dúvida se a Copa entra
ou não para o rol de tragédias de 2014, seja pelo sucesso do evento ou pelo
desempenho da Seleção. A proximidade com a Páscoa sugere que só mesmo uma
sequência de pragas de proporções bíblicas seja capaz de derrubar a nossa
Faraó. Ou seria Faraôa?
Leiatambém: #NãoVaiTerCopa
Foto: O velho porto de San Sebastian ganha um colorido
especial em dia de regata de pesqueiros.
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