Não há Carnaval que faça o brasileiro esquecer dos problemas. As investigações do Petrolão e a estagnação do país têm visibilidade internacional. A cara da Dilma preocupada está em todos lugares. As pessoas perguntam-me sobre a crise econômica brasileira. Respondo que não é econômica, é institucional.
Enquanto vocês curtem o Carnval nas ruas e nos jornais, este inverno camarada é temperado com as mesmas notícias: A Grécia, a Ucrânia e o atentado do mês, aquele da Dinamarca. Se não tem um Petrolão por aqui, tem o caso das contas suíças do HSBC. Já estava com saudades de poder acompanhar um grande escândalo mais de perto.
Demorou e o sistema financeiro finalmente ganhou o seu Snowden. Todos sabem do papel dos paraísos fiscais no mundo do dinheiro, mas não tinham as evidências. Com o HSBC na berlinda e uma lista de milhares de correntistas, o aperto aos agentes do sistema será muito maior.
Diante de governos corruptos e gulosos, pode parecer razoável tirar o dinheiro do próprio país. Entretanto, dependendo do país e das circunstâncias, é crime. Pior ainda, quem guarda os seus trocados também trabalha para mafiosos, terroristas, autocratas e até petralhas.
Os bancos são criativos e provavelmente encontrarão alternativas para esconder a grana dos afortunados. Problema deles. É preciso conter a evasão e estancar os fluxos do mundo do crime e da informalidade.
Dias desses, Thomas Piketty, autor do best-seller “O Capital no Século XXI”, deu uma longa entrevista à TV francesa, quando mencionou a questão da evasão fiscal. Como socialista, ele quer muito mais do que eliminar os paraísos fiscais. Fala, por exemplo, da tributação das transações internacionais.
O Piketty tem uma fixação patológica por impostos. Declarou-se satisfeito pelos milhões de dólares que recebe com seu best-seller, que acabam nas mãos do Fisco francês. Disse que está feliz com o seu salário de professor e não precisa de mais dinheiro. Os entrevistadores ficaram embasbacados. Bem, é Carnaval. Talvez, eu tenha bebido pouco.
Foto: O Museu Hergé em Louvain-la-Neuve, na periferia de Bruxelas.
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