Estamos mal acostumados. Um pequeno atraso na apuração das
eleições provocou críticas, insinuações e teorias conspiratórias. Os derrotados
nunca perdem a oportunidade de desacreditar a nossa sólida Justiça Eleitoral. Na
realidade, os incidentes de domingo mostram que a opção brasileira para
automação das eleições é a melhor possível.
O nosso sistema de votação é reconhecido
internacionalmente como seguro. As urnas e o sistema de contagem não são
conectados à Internet, limitando muito a ação de hackers, que assolam
organizações públicas e privadas ao redor do planeta.
Há duas queixas comuns contra o sistema. A primeira, vinda do
próprio governo, é o custo de manutenção do mesmo. Que bom que estejam
preocupados com isso, afinal ele é pago por todos nós. A segunda, vinda de
diversos ativistas pela democracia, é a falta de algum registro físico do voto,
como a sua impressão no momento votação. Mesmo sem este recurso, as eleições
são perfeitamente auditáveis, urna por urna.
O problema ocorrido com o aplicativo da Justiça Eleitoral, aquele usado
para a justificar a ausência, confirma que, se houver alguma vulnerabilidade,
ela será explorada. Nossas autoridades têm estudado um novo sistema pela
Internet. Aprendemos que talvez seja melhor segurar a solução atual, cara e confiável,
por mais algum tempo.
Fazendo um paralelo com a indústria de transformação, onde
trabalhei por muito tempo, que tem, entre seus desafios, colocar o
máximo de automação digital no parque fabril. Apesar do custo elevado, as tecnologias
de última geração permitem ganhos de produtividade e níveis de eficiência
fantásticos.
Mesmo diante de tamanha evolução, vários engenheiros
especializados começam a questionar o saldo do investimento. Os ganhos
trouxeram ameaças jamais imaginadas. Hoje, qualquer indústria pode estar na
mira de um grupo de hackers do outro lado do mundo. O alto custo da vigilância
cibernética não estava na conta inicial.
Temos visto uma sequência de ataques a diversos órgãos
federais, além daquele comentado acima. Não há muita transparência do governo
para tal. Uns dizem que estão com problema de vírus, outros desconversam. Já
é hora de tratar do assunto como gente grande!
Não é vergonha ser hackeado. Grandes e excelentes empresas
privadas são atacadas o tempo todo. Crime é esconder quando os dados
pessoais são comprometidos. E pelas informações sobre nós cidadãos, que são
comercializadas na Internet, ouso dizer que temos uma grande peneira na
máquina pública nacional.
Junto com a pandemia, vários grupos de hackers estrangeiros
industrializaram os ataques. Todo dia tem uma nova vítima. Para abortar esta
série de ataques aos órgãos públicos, o governo precisa fazer o mesmo que tantos
outros países, deixar as armas tradicionais de lado e investir na cibersegurança:
boas práticas, infraestrutura e um bom contingente de funcionários
especializados.
Foto: Mais uma tomada da costa de Oia, em Santorini (2016).
No comments:
Post a Comment