Eu sei que muitos leitores deste blog estão surpresos com a provável eleição da Dilma, ainda no primeiro turno. Eu apostei neste cenário no começo do ano, quando ela ainda encostava no Serra. Divergências à parte, respeitemos as urnas. Estou muito mais incomodado com os últimos acontecimentos da França.
Refiro-me à deportação em massa dos ciganos radicados na França. A polícia começou a desmantelar seus acampamentos e embarcá-los para Romênia e Bulgária. Tudo com uma delicadeza do tipo Gestapo. Nesse assunto, confesso que errei. Não escrevi antes, pois achei que a ação seria interrompida. Acreditei que fosse apenas uma encenação macabra do sarcástico presidente. Como metade da população francesa aprova a medida, Sarkô - movido à urna - não teve dúvidas. Vai amealhar votos da extrema direita e ainda abafar as notícias ruins sobre a economia e os escândalos de corrupção.
A França foi o país que exportou os ideais de democracia e igualdade para o Ocidente. Ela jogou tudo no lixo durante a Segunda Guerra, ao deportar os judeus para a Alemanha. Depois de algumas poucas décadas e muitas promessas de que isso jamais se repetiria, lá estão eles dizendo que existem franceses mais franceses do que os outros, deportando os ciganos sem piedade. Dois comentários: 1) Hoje, não existe nenhum Hitler ameaçando Sarkô; 2) A Europa unificada derrubou as fronteiras entre os seus países membros e os ciganos já estão por lá há séculos.
Muita gente está indignada na França e na Europa. Há inúmeras pessoas e ONGs salvando ciganos. Sarkô, que se declara um bom católico, possui vários vínculos familiares com a comunidade judaica. Poderia ter mais noção do que está fazendo. Que todas as minorias fiquem alertas.
Foto: Visitando os Châteaux de Isère, não pude deixar de passar mais uma vez em Vienne, uma das primeiras cidades que conheci na França. Acima, o seu Hôtel de Ville.
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