Sunday, January 1, 2012

São Silvestre

Fiz questão de marcar minha volta a São Paulo com mais uma São Silvestre. Havia participado de uma prova antes da minha ida para Lyon. Além do percurso diferente, senti outra grande mudança: Os quase dez mil participantes a mais! O que mais impressionou não foi a quantidade, mas a qualidade. Muita gente correndo de ponta a ponta. Você sente aquela massa de pessoas o tempo todo. Como eu não estava muito preparado e não tinha qualquer ambição esportiva, não me incomodou. Valeu pela festa.

Em 2006, escrevi o seguinte texto sobre a Corrida da São Silvestre para os "Loucorredores". Fiz algumas mudanças no texto original.

Muitas corridas passam pelas ruas de São Paulo. Muitas corridas têm subidas e descidas. Muitas corridas têm público. Entretanto, nenhuma tem as avenidas da São Silvestre, as subidas e descidas da São Silvestre, o fiel e caloroso público da São Silvestre. Nenhuma corrida tem a magia da São Silvestre!

A São Silvestre é mágica por que tem uma mistura única. Espremem-se entre os milhares de herois do último dia do ano, profissionais e amadores, caipiras e cosmopolitas, pés descalços e outros muito bem calçados. Uma diversidade que só a nossa querida metrópole poderia proporcionar.

A São Silvestre é mágica por que é abençoada pela água. É a chuva bem-vinda que nos refresca, é o suor que encharca as nossas roupas, são os copos d´água que permitem que continuemos na luta. E, simbolicamente, não nos esqueçamos da épica travessia do rio de urina que se forma na Paulista, logo na largada.

A São Silvestre é mágica por que ela é cercada de tentações. Em pleno verão, passar diante de tantos bares é uma provação. São muitos os companheiros que pensam em abandonar a prova ao passar tão próximo de suas residências. Tem até a travessia da zona do baixo meretrício.

A São Silvestre é mágica por que é assediada pelo povo. A torcida prestigia a corrida de ponta a ponta, debaixo de sol e da chuva. E mesmo numa corrida difícil, atletas e torcedores interagem saudando seus clubes preferidos. Corintianos, palmeirenses, santistas e sãopaulinos, em harmonia pelo esporte.

A São Silvestre é mágica por que ela é cheia de fantasias. Dos garçons aos super herois, das noivas aos cangaceiros, dos soldados aos monstros. Todos antecipam o Carnaval que se aproxima. É um momento de alegria e confraternização.

Alguma coisa acontece quando cruzamos a Ipiranga, a São João, a Pacaembu, a Rudge, a Rio Branco, a Brigadeiro e a Paulista. O calendário de corridas cresce a cada ano, mas sempre haverá um espaço para a mais querida das provas: No último dia do ano e no nosso coração.

2 comments:

Wan said...

Não estava presente ccontigo nesta prova, mas com certeza brindamos a sua finalização na nossa festa de Reveillon, um brinde também a São Silvestre !

Flavio Xandó said...

Birman que relato legal! Eu entendo o lado até "poético" de sua narrativa. Só quem faz uma prova dessas (nunca fiz - o mais perto foi a única Meia que relatei)tem como colecionar esta miríade de visões, percepções e emoções.

Espero que um dia possa fazer e ainda mais passar por você ou você por mim. Convido a todos que nunca fizeram nada parecido a ingressar no mundo das corridas. Um esporte tido como "solitário", mas que de solitário nada tem.

Seja bem vindo de volta a São Paulo após longo e profícuo exílio profissional na França!!!

Um grande abraço

Flavio Xandó