2014 só
lembra a Copa do Mundo no Brasil? Espero que não. Será no período desta tão
festejada competição, que o mundo se lembrará do centenário do assassinato do
arquiduque Francisco Ferdinando, que deflagrou a I Guerra Mundial. Podemos
dizer que, com as duas grandes guerras, este triste período da história recente
terminou há apenas 67 anos, ceifando a vida de 70 milhões de pessoas.
Deixei para
escrever este post aqui, na Europa. Mesmo sabendo da cessão do Prêmio Nobel da Paz
à União Europeia (UE) ainda no Brasil, optei por esperar alguns dias, para conversar
com as pessoas e ler os jornais locais.
O Nobel da
UE foi alvo de escárnio e protestos. É compreensível em face da enorme crise
vivida pelo continente. É justamente aí que entra o prêmio. Antes que muitos se
deixem seduzir pelos discursos oportunistas, que aquela memória curta interfira
no pensamento coletivo, que o desespero se transforme numa crítica generalizada
a todas as instituições, lembremo-nos do que foi conquistado. O projeto europeu
é antes de tudo um projeto de paz, tendo a integração econômica como meio.
A piada é
fácil. Entretanto, essa não foi a primeira e nem será a última crise. A Grécia
não foi o primeiro e nem será o último país à beira do abismo. O Nobel serve de
puxão de orelha na Alemanha e outros, para que se empenhem com mais determinação
na solução da crise. O projeto de união monetária, que inclui alguns países da
UE, foi no mínimo ousado. Talvez, errado.
O Nobel e
as futuras celebrações em torno do centenário dos episódios chaves das duas
grandes guerras são essenciais para lembrar às novas gerações do sombrio
passado não tão remoto. Felizmente, a paz é um dos valores mais prezados num
continente tão traumatizado pela guerra. Por isso, a grande maioria reconhece o
mérito da honrosa premiação.
Bernard
Tapie mencionou no Figaro de hoje um discurso de Mitterrand no Parlamento
Europeu: “Durante a sua história, a França já fez guerra com todos seus parceiros
do bloco, exceto a Dinamarca. Bem, sem dúvidas, é um pouco tarde para se entrar em
guerra contra os dinamarqueses...”
Foto: Um
cantinho de paz no Castelo de Windsor, o “Moat Garden”.
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