A pandemia forçou muitas escolas a descobrirem a educação a
distância. Algumas delas fizeram a transição às pressas, passando simplesmente
a despejar aquele conteúdo dado em classe pela rede. Outras
foram ainda mais longe, agrupando classes e demitindo professores.
Eu já fiz um curso de extensão on-line com 30 mil
participantes. Curso de extensão é uma coisa, educação básica é outra. Não se
brinca com educação. Voltarei a falar sobre esse assunto tão importante, mas eu
queria mesmo é fazer o gancho para o meu curso, feito em 2014, conforme prometi neste blog.
Entre 2013 e 2014, testei muitos cursos on-line da
plataforma Coursera. Desisti de quase
todos. Não era fácil manter o interesse e a atenção. Entre vários ensaios com
programas de Harvard, Stanford e similares, acabei escolhendo um curso da
Universidade Hebraica de Jerusalém com um desconhecido professor, chamado Yuval
Noah Harari. Sim, à época, um ilustre desconhecido.
Achei o título do curso bastante ambicioso: ‘Uma breve
história da humanidade’. Pensei comigo: esse professor deve estar sonhando, abordar
a História inteira num único curso, como assim? Só depois de tê-lo concluído -
com excelente nota por sinal – percebi que ele tinha razão. Não era apenas uma
ótima visão da história da humanidade, como talvez a melhor de todas. Quem leu
os seus livros publicados depois, pode confirmar minha percepção.
Se fiquei espantado ao dividir o curso com 30 mil alunos,
hoje, um curso dele deve atrair alguns múltiplos dessa quantia. ‘Sapiens’ ainda
estava para ser publicado em inglês naquele final de 2014. Ninguém poderia
imaginar que o professor se transformaria num dos historiadores mais prestigiados
do planeta nos meses seguintes.
Durante o curso, a cada domingo, recebia um pacote de vídeos
do Youtube, meras gravações das falas do professor, sem ilustrações ou quaisquer
efeitos especiais. Mesmo assim, algumas vezes, acordava ansioso para baixá-los.
Naqueles dias lúgubres, quando o céu cinzento e a garoa constante dominavam a
paisagem de Bruxelas, assistia tudo no próprio domingo.
Uma vez, vi a distribuição geográfica dos participantes. Percebi
que havia muitos oriundos dos nem tão queridos vizinhos de Israel, um fato que
nos enche de esperança e otimismo. Enquanto o discurso dos seus governos é
cheio de ódio, numa interpretação manipulatória do Islã, milhares de cidadãos
do bem de seus países preferem aprender história com um professor israelense,
homossexual e ateu.
O Moleskine tomado inteiramente pelas minhas notas de aula
está no meu eterno depósito, a casa do meu pai. Bem, mas isso é assunto para
outro post.
Foto: Já que o post menciona a Universidade Hebraica de
Jerusalém, escolhi a foto mais ilustrativa possível da cidade, quando da minha
última visita, em janeiro de 2018.
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