Em julho do ano passado, postei Cibersegurança, um texto com dicas para a sua proteção no mundo da
tecnologia da informação. Você que seguiu todas as minhas dicas à risca, acabou
de ganhar um belo prêmio: seus dados pessoais estão nas mãos dos bandidos.
Parabéns!
A brincadeira fica por aqui, porque o assunto deste post é
uma tragédia. Nossos dados foram expostos e permanecem à disposição dos gatunos.
Não respeitaram nem os finados. Está tudo lá: números dos documentos, data de
nascimento, telefone, filiação, renda, etc.
Logo que a imprensa começou a divulgar este terrível acontecimento,
vários amigos perguntaram-me se era verdadeiro. Confirmei e fui mais longe. Boa
parte desses dados já andava circulando de forma reservada na chamada Internet
profunda, aquela destinada às atividades ilegais. Entretanto, muito pior do que
dar uma triste confirmação para os amigos é dizer que não há nada a fazer.
Sem querer ser catastrofista, mas no dever de alertar os leitores, recomendo a máxima atenção às inúmeras tentativas de fraudes que possam ser criadas a partir de um conjunto de informações tão ricas:
2. Desconfiem de qualquer interlocutor não habitual.
A maior parte das informações em questão quase não muda ao longo
do tempo e como os dados podem ser copiados de forma ilimitada, tal fantasma
vai nos assombrar por anos. Essa vigília vai longe!
Assim como o cidadão deve ficar atento, o país deve promover
o assunto à pauta das urgências, colocando em prática o arcabouço jurídico para
proteger nossos dados e fazendo funcionar a LGPD (Lei Geral de Proteção de
Dados) e a ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados). Acredito que o
governo precise de musculatura para investigar e punir os eventuais abusos.
O grande problema do Brasil é a tradição de se acumular
dados pessoais sem quaisquer escrúpulos. Cadastros abarrotados de dados
pessoais multiplicam-se por aí. É um prato cheio para invasões externas ou
sabotagens internas, que costumam deixar estragos.
A importância de se colocar em prática uma legislação
rigorosa é fazer com que tais vazamentos sejam punidos de forma exemplar.
Diante de tal impacto, as empresas evitariam essa batata quente, guardando o
mínimo possível de dados pessoais e fazendo um esforço hercúleo para
protegê-los. Para muitas empresas e órgãos públicos, há uma senhora lição de
casa, que levará alguns anos.
Que todos os leitores fiquem atentos. Nossos dados pessoais
já eram. Se quiserem salvar os dados pessoais dos nossos filhos e netos, fiquem
de olho nos governantes. Como se já não tivéssemos problemas suficientes nesses
tempos de pandemia.
Leitura complementar:
Cibersegurança – Um post de julho de 2020
Informações
adicionais – Matéria do Estadão
Sobre
a aplicação da LGPD – Matéria do G1
Foto: Ainda no Uruguai, foto do seu parlamento (Montevidéu, 2020).
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