Páginas do Fernando Birman

Thursday, March 4, 2021

Triste fim de um estimado grupo de Whatsapp

 



Tem sido interessante observar a evolução dos diversos grupos de Whatsapp ao longo dos últimos meses. Desde as últimas eleições talvez. A famigerada polarização destruiu qualquer espírito de camaradagem e, muitas vezes, a própria harmonia familiar.

Tiveram mais sorte os grupos temáticos (e.g. futebol, vinho ou filmes) e aqueles estritamente profissionais. Mesmo nesses últimos, de vez em quando, escapa uma provocaçãozinha, merecedora de reprimenda instantânea.

Discutir política é absolutamente necessário, ao contrário do que preconiza a sabedoria popular brasileira. Faz parte do processo democrático e é essencial para a elaboração da nossa visão de país, para a conciliação em torno das grandes prioridades e para a avaliação dos nossos representantes e instituições.

Reconheço que a armadilha da polarização tem impedido as boas conversas. Com os ânimos tão acirrados, insistir no diálogo é desgastante. Exercendo a cidadania, proporcionamos a cizânia.

Tentei classificar o comportamento dos grupos de Whatsapp remanescentes conforme a sua estratégia de sobrevivência:

 

“O silêncio dos inocentes”: Continuam com um monte de gente, que quase não se manifesta. Foram dominados por aquela minoria barulhenta, defensora de uma bandeira política.

“As patricinhas de Beverly Hills”: Tem boa participação, mas faz um grande esforço para ficar nas amenidades e preservar as amizades. Quando surge uma discussão mais contundente, o pessoal esfria e volta à normalidade.

“Feios, sujos e malvados: É o grupo de confronto, se é que sobrou algum deles. É ataque vindo de todos os lados. Mesmo sendo quase tudo fake news, o objetivo é manter o outro sob pressão constante. Vale tudo.

“Turma da Mônica”: Para fugir dos grupos acima, criaram-se inúmeros grupos menores, onde os verdadeiros amigos podem interagir num clima de respeito mútuo.

“O grande ditador: Espero que o leitor não participe de algum grupo desses. Na prática, não é um grupo, mas um órgão de divulgação. É de onde pessoas próximas da política disparam as informações privilegiadas, ou seja, fake news fresquinhas.

 

Se o leitor conhecer algum outro tipo de grupo, compartilhe!

 

Leitura complementar:

Foi por dinheiro - Um post de agosto de 2020

Polarização - Um post de setembro de 2020

 

Foto: Para fechar esta sequência latino-americana, uma foto do Jardim Japonês de Buenos Aires (2020).


3 comments:

  1. Grupo da família não tem problemas, todo mundo tem medo da diretora da OMS ;-))

    Fui parte de um grupo que era contra a tal cultura do cancelamento, mas disse umas verdades, #aVerdadeDói, me cancelaram.

    Tem um grupo de colegas de escola que tem cloroquino-trumpo-bolsonaristas ainda convictos, quando jogam muita merda mando enfiar de volta no cú. Grosseria mas não tenho mais paciência com gente que matou meio milhão.

    Não sei contribuir para a categorização.

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  2. Também não sei contribuir. Uma vez me colocaram no grupo do trabalho, eu consegui sair antes que a organizadora tivesse colocado todo mundo. Não gosto de WhatsApp. Faço parte de grupos de família onde, realmente, todos se amam, nunca dá problema. É uma bênção. Apenas celebramos conquistas, apoiamo-nos nas adversidades, e trocamos idéias. Faço parte de grupos maiores de colegas de juventude mas participo muito esporadicamente. Num desses grupos, apenas alguns escrevem, e escrevem muito. Um dia fui contar para uma amiga o que o Fulano estava escrevendo, pois eu estava chocada. Ela respondeu: "Helô, mas quem é o Fulano?" De fato, na época em que convivíamos o Fulano não era relevante sob nenhum aspecto. Por que agora eu me importava com os pensamentos do Fulano?

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