Estava no Brasil, quando os documentos da diplomacia norte-americana foram publicados pelo Wikileaks. Chegando à França, fiquei impressionado com a cobertura local. O Le Monde, por exemplo, dedica três a quatro páginas diárias ao assunto, publicando e analisando diversos documentos. Infelizmente, não dá para ler tudo.
Bisbilhotices à parte, as tais revelações permitiram-nos descobrir que os diplomatas americanos pensam exatamente como nós mortais. Quanta racionalidade! Hillary Clinton e seus assessores passam por um momento delicado. A sua incapacidade de proteger tamanho lote de informações confidenciais é mais um vexame dos EUA. Porém, o constrangimento reservado às mais polêmicas figuras da cena internacional (Ahmadinejad, Kim Jon Il, Putin, etc) é bastante significativo.
O mar de obviedades, sem grandes ofensas ou indiscrições, decepciona um pouco. Nem por isso, deixa de representar uma nova página nas relações internacionais. As poucas verdades que vazaram poderão dar um empurrãozinho nas mais complexas encruzilhadas do planeta (Irã, Coréias, Afeganistão, etc). Uns pensam que poderá ajudar. Outros são pessimistas.
A maior polêmica fica em torno da diplomacia do futuro. Será que a chave é a transparência? Um mundo com menos segredos, menos acordos obscuros e sem o toma-lá-dá-cá internacional poderia ser melhor? Muita gente torce por isso. Há também os que temem o contrário, que o efeito Wikileaks provoque uma grande reação de proteção e censura.
Acredito que a repercussão do caso vá gerar uma grande onda de vazamentos. Vai virar moda. Não apenas na diplomacia, mas em inúmeros setores. No prelo, documentos sobre bancos, grandes corporações e até OVNIs. Opa! Se tiver um dossiê sobre o segredo de Roswell, eu pago pra ver.
Fotos: Praça central de Autun, em dois momentos diferentes: Bem antes e um pouco antes da chuva. No momento da chuva rápida, estava almoçando no restaurante sob o toldo amarelo.
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