Há alguns dias, recebi uma nobre encomenda: preparar uma visão de longo prazo. Não exatamente fazer um plano estratégico, mas descrever o mundo em 2020.
Depois de duas horas e meia de reflexão e mais o mesmo tempo de Powerpoint, estava pronto. Modéstia à parte, muito mais bem feito do que os slides divulgados pelo Snowden.
Precisei de duas horas de meia de Powerpoint, pois estava usando um micro novo. Perdi tempo com um teclado diferente. Já com relação ao tempo de "brainstorming", foi o necessário para colocar as ideias que vagavam pela minha mente numa sequência apresentável. Na prática, pensei no assunto muito mais do que duas horas e meia .
Com o intuito de ser bem ilustrativo, entre os inúmeros slides, mostrei algumas manchetes de 2020, como se fossem capas dos principais jornais e revistas da época.
Neste post, não falo sobre as notícias em si, mas pergunto se realmente teremos tais manchetes em 2020? Alguém vai ligar para a capa da versão impressa do New York Times? Ou para o seu site? Vai existir o New York Times? Vai sobrar algum jornal impresso?
No meu Powerpoint, pedi licença para seguir com os exemplos de notícias. Uma licença didática para continuar com tamanho anacronismo. Em 2020, teremos notícias. Não serão capas do Wall Street Journal ou do Estadão, mas chegarão até nós de alguma forma.
Além dos nossos inseparáveis smartphones, esperamos por uma nova geração de produtos conectados: óculos, relógios, roupas, tatuagens, chips sob a pele, etc. Sem contar nossos carros e casas, que estarão igualmente conectados. Receberemos mensagens e informações permanentemente.
No meio dessa abundância de informação, onde poderemos instalar filtros para escolher as notícias preferidas, não existirá mais espaço para a capa da Veja ou a para a primeira página da Folha. A imprensa escrita pode ter seus defeitos, mas a distribuição de notícias numa folha de papel ou num site ajuda-nos a formar a visão do todo ou a estabelecer o peso das coisas. Perderemos tais referências?
Imagino que a maioria dos leitores já esteja se acostumando a navegar pelas notícias no hiperespaço, pulando de um site para o outro. É só uma questão de hábito. Quem sempre procurou informação, saberá onde encontrá-la, assim como ainda existirão milhões de alienados, mesmo que - literalmente - envolvidos pela informação.
Novos conceitos deverão surgir para substituir as referências da mídia impressa. Imagino coisas como os já conhecidos "mais lidos", "mais comentados", "mais curtidos", "mais retuitados", etc.
Em 2020, estaremos um pouco mais velhos. Sentiremos saudades ao passar pelas bancas de jornais e perceber que lá já não há mais nenhum jornal ou revista à venda.
Foto: A Praça do Mercado e o Campanário Belfort (1240), em Bruges.
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