Friday, June 26, 2020

2022 é agora!



Bolsonaro e seu clã estão sob pressão. Há várias investigações em curso e algumas delas podem levar à interrupção do seu mandato. Se não restam dúvidas sobre a sua desonestidade e incapacidade, o desfecho das diligências não é certeiro. Sim, o presidente pode terminar o seu mandato. Este post trata desta possibilidade, nem tão remota como gostaríamos.

De vez em quando, ouço ruídos vindos das redes sociais anunciando “Bolsonaro reeleito” ou “Fechado com Bolsonaro até 2026”. Dá para entender o cálculo do Planalto, ecoado pelos seus fiéis seguidores. O mais difícil é terminar o mandato. Se o presidente for até o fim, a reeleição pode até ser apertada, mas estaria ganha.

Do outro lado do espectro político, o PT também tem a mesma sensação. Diversas atitudes do Lula mostram claramente a sua vontade de pegar um atalho direto para o segundo turno de 2022, através de algum nome abençoado por ele. Por exemplo, quando não aderiu às primeiras discussões sobre o impeachment e pela recusa de formar uma frente ampla com outras lideranças políticas brasileiras.

Considerando-se que teremos os mesmos protagonistas das últimas eleições em 2022, o cálculo do Bolsonaro e do Lula está correto. Ambos estão muito confiantes em alavancar a vitória em cima da rejeição alheia. Ainda é cedo para fazer contas, mas, decerto, aqueles 10 milhões de votos de vantagem do Bolsonaro já devem ter ido para o espaço.

Para garantir a revanche, os dois lados fazem um jogo tão preciso, que parece combinado. A máquina bolsonarista destrói a reputação de qualquer nome novo que surja à direita. Vejam a violência dos seus ataques a João Dória, Luciano Huck, Sérgio Moro e tantos outros. Do lado esquerdo, a máquina petista mantém a sua hegemonia, com a devida truculência quando necessário.

Desta forma, estamos indo de cara para um Bolsonaro X Candidato do PT, duelo a ser decidido conforme a nossa rejeição. É o nojo contra o asco. Fomos incapazes de evitar esse cenário em 2018 e podemos repeti-lo em 2022.

Talvez, meus caros leitores já tenham percebido a situação. O quadro pode até ser óbvio para alguns. Confesso que estou bastante incomodado com a catástrofe anunciada. Este post serve de alerta àqueles que ainda não perceberam a situação e que também possamos imaginar alternativas.

A abreviação do mandato do atual presidente é imperativa. Devemos usar todos os meios legítimos para buscá-la. Seria um alento e, talvez, um golpe mortal no bolsonarismo. Talvez. O provável acirramento dos seus seguidores e o velho conhecido discurso do golpe não ajudarão a encontrar respostas melhores.

Numa estimativa rudimentar, petistas e bolsonaristas representam 40% do eleitorado. É muito, mas existem outros 60%. Uma maioria que não deve assistir ao espetáculo de mãos atadas, a fim de evitarmos mais quatro anos perdidos.

Não existe e nem vai existir uma terceira via abrangendo todo o espectro ideológico entre o petismo e o bolsonarismo. Deveríamos chegar a 2022 com uma lista de nomes fortes, candidaturas viáveis e estruturadas. Nós, os 60%, deveríamos trabalhar na construção dessas candidaturas. Deixemos e ignoremos o trabalho de destruição feito pelos outros 40%.

Embora tenha uma preferência pessoal pelo parlamentarismo, acreditando que seja a vacina definitiva contra presidentes muito ruins, sei que não há condições de retomar esse debate. Entretanto, podemos retomar a discussão das reformas para aperfeiçoar nosso sistema político-eleitoral. Sempre é oportuno melhorar as regras de representatividade, financiamento e reeleição, entre outras.

Enfim, este post foi um convite para pensar nas alternativas para evitar um repeteco de 2018, com a esperança de convergirmos para duas candidaturas razoáveis o bastante para remover os representantes do bolsonarismo e do petismo no segundo turno de 2022. Lembrando que tudo começa sempre com o voto consciente.

 


Foto: Parlamento austríaco, Viena (2016). Logo depois do retorno ao Brasil, tirei umas férias na Europa. Oportunidade de revisitar Viena e conhecer outras cidades que ilustrarão este blog. Quanto a ilustrar essa matéria com a foto de um parlamento? Coincidência 😉


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