Sabe-se também da sua posição em relação aos embargos infringentes. Ele sempre os defendeu. Por isso, houve uma manobra na última sessão do STF, para se adiar o posicionamento do decano, dando mais alguns dias para que seja sensibilizado pela opinião pública.
O editorial do Estadão de hoje criticou a manobra. Mesmo sendo contrário aos tais embargos, o jornal critica o método. Tem razão. Eu também não me sentirei totalmente confortável com uma súbita mudança de opinião do Ministro. Nós queremos que as coisas sejam feitas da maneira correta, dentro da legalidade e ética. Afinal, essa é a diferença entre nós e eles!
Já disse que gostaria de ver a turma do José Dirceu definhar na cadeia. Entretanto, caso o Ministro confirme a aceitação dos embargos, não vou chamá-lo de traidor, nem insultarei o STF, tampouco, insinuarei a famigerada pizza.
Antes de começar o julgamento, não tínhamos certeza da condenação dos réus. Estamos num campo tão complexo e relativamente tão novo, que o desfecho seria imprevisível. Meu post "Mensalão" - um dos mais lidos deste blog - traduziu bem o que sentia à época.
Devemos almejar um julgamento correto de acordo com o sistema em vigor. Se o "sistema não fecha", nas palavras de Marco Aurélio Mello, que mudemos o sistema! Temos que reconhecer que a corrupção evoluiu muito mais do que nossos códigos e isso não é exclusividade do Brasil.
Os juízes, especialmente do STF, devem seguir as regras. Não é por que sabemos que estamos diante de bandidos, que vamos burlá-las para puní-los. Essa é a diferença entre nós e eles! Para nós, os fins não justificam os meios.
A turma do Dirceu já foi condenada e terá nosso desprezo para sempre e isso é muito importante! Pressionar o Juiz é democrático. Exigir mudanças é nosso direito. Entretanto, esculhambar tudo é antipatriótico.
Leia também: Meu post de 2012 sobre o Mensalão
Foto: Fachadas de Bruges, na Bélgica.
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