Neste feriadão, milhões de paulistanos passaram muitas horas nas estradas. Muuuuuitas horas! Se o descanso no literal ou no interior compensa o estresse da viagem depende do julgamento de cada um. Nesse caso, é correto esculachar o governo e reclamar da falta de infraestrutura viária ?
As maiores deficiências do nosso sistema de transporte estão no transporte urbano e no de mercadorias, dois gargalos que atravancam a economia e perturbam nossas vidas. Turismo interno e lazer soam como prioridades menores diante dessas duas. Investir em estradas, que ficarão ociosas a maior parte do tempo, não é a melhor aplicação dos recursos da sociedade, sejam públicos ou privados.
Alguém poderia argumentar que se tivéssemos uma malha ferroviária mais desenvolvida, o gargalo rodoviário seria bem menor. É verdade, mas é tarde demais. Para um efeito perceptível, precisaríamos de uma malha ferroviária tão grande, que a relação custo-benefício do investimento seria muito discutível. Na Europa, mesmo com toda a malha disponível, as rodovias também chegam a parar nos feriadões!
O governo tem seu papel. Cabe a ele garantir a segurança dos viajantes, fazer melhorias constantes no sistema, desengargalar estradas e, excepcionalmente, construir nova rotas. De qualquer modo, não tem milagre! Não há sistema de transporte que resista a alguns milhões de pessoas saindo da cidade ao mesmo tempo.
Foto: Mais uma tomada de Gante, na Bélgica.
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