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Sunday, April 13, 2014

Aeroportos e outros nós

Bem que gostaria de escrever sobre assuntos mais amenos. Devido às nossas eleições gerais, os próximos meses continuarão muito quentes no Brasil. Só mesmo lá de fora, dá para se desligar um pouco de todos esses casos de corrupção e da política de baixíssimo nível.

Naquele final de semana, em que escrevi “Voando”, passei um tempão no aeroporto parisiense devido a um incidente aéreo. Além de ter escrito o post, antecipei as seguintes linhas:


A Air France completa 80 anos e o seu hub, o Aeroporto Charles de Gaulle (CDG), 40 anos. Não menciono tais fatos ao acaso. Nos últimos 28 anos, usei prioritariamente a companhia e a sua base. Exagerando-se um pouco, é a minha segunda casa.

O CDG não está entre os cinco primeiros do mundo em volume de passageiros. Perde em suntuosidade para os novíssimos congêneres asiáticos. É apenas um grande e bem administrado aeroporto, em expansão contínua nessas quatro décadas. Bravo!

Quem conhece o CDG percebe facilmente tal expansão. Os terminais têm estilos arquitetônicos totalmente diferentes, incorporando aquilo que foi o mais arrojado em cada década.

Os dois terminais mais recentes assemelham-se a shoppings envidraçados, uma tendência mundial, que parece ser a inspiração do tão esperado Terminal 3 de Guarulhos.

Os terminais mais antigos foram uma ousadia dos anos 70, ao encurtar a distância da porta do aeroporto ao avião. Ficaram para trás com o crescimento exponencial da aviação civil e serão reformados.

Em quase três décadas, testemunhei a inauguração de 6 terminais do CDG e o início de um ciclo de renovação. Este é justamente o ponto deste texto, o contraste com o aeroporto internacional de São Paulo, vergonhosamente parado no mesmo período.

Mas, é pior do que isso. Mesmo que houvesse uma chuva de dinheiro em GRU, as expansões seriam limitadíssimas. Seu terreno está completamente imerso na mancha urbana da capital. Nem a pista principal poderá ser reformada para receber um A-380.

Enquanto isso, o CDG tem terreno de sobra. Além da reforma dos terminais mais antigos, planeja-se mais um terminal e novas linhas férreas integrando o complexo. Existem planos até 2030, independentemente de quem ganhe as eleições. Seja de direita ou de esquerda, o plano de expansão é bom para o aeroporto, para a companhia aérea, para Paris e para a França.

Enfim, é um pequeno exemplo de uma grande diferença. Infraestrutura não se constrói em ciclos de quatro anos. A visão de futuro deve ser perseguida pela sociedade, seja quem estiver no poder. É um grande compromisso coletivo.

Por outro lado, é difícil priorizar-se a infraestrutura quando o povo não tem as suas necessidades básicas satisfeitas. Existem paliativos como a privatização ou a redução de gastos públicos, mas é preciso reconhecer que o Brasil tem um grande nó.  


Foto:  Uma das ruas estreitas do centro de San Sebastian (País Basco).

Saturday, November 16, 2013

Feriadão na estrada?


Neste feriadão, milhões de paulistanos passaram muitas horas nas estradas. Muuuuuitas horas! Se o descanso no literal ou no interior compensa o estresse da viagem depende do julgamento de cada um. Nesse caso, é correto esculachar o governo e reclamar da falta de infraestrutura viária ?

As maiores deficiências do nosso sistema de transporte estão no transporte urbano e no de mercadorias, dois gargalos que atravancam a economia e perturbam nossas vidas. Turismo interno e lazer soam como prioridades menores diante dessas duas. Investir em estradas, que ficarão ociosas a maior parte do tempo, não é a melhor aplicação dos recursos da sociedade, sejam públicos ou privados.

Alguém poderia argumentar que se tivéssemos uma malha ferroviária mais desenvolvida, o gargalo rodoviário seria bem menor. É verdade, mas é tarde demais. Para um efeito perceptível, precisaríamos de uma malha ferroviária tão grande, que a relação custo-benefício do investimento seria muito discutível. Na Europa, mesmo com toda a malha disponível, as rodovias também chegam a parar nos feriadões!

O governo tem seu papel. Cabe a ele garantir a segurança dos viajantes, fazer melhorias constantes no sistema, desengargalar estradas e, excepcionalmente, construir nova rotas. De qualquer modo, não tem milagre! Não há sistema de transporte que resista a alguns milhões de pessoas saindo da cidade ao mesmo tempo.


Foto: Mais uma tomada de Gante, na Bélgica.