Meu último
post foi premonitório. A suspensão do Whatsapp por algumas horas no Brasil é
piada pronta. Muitos já escreveram sobre o absurdo que foi punir 100 milhões de
usuários.
Fiquei
impressionado com os meios encontrados para contornar o bloqueio imposto pela
Justiça. Embora milhões de pessoas tenham baixado outros aplicativos, outros
milhões contornaram o bloqueio no sentido literal, por exemplo, usando VPN.
A Justiça deu um tiro no pé ao empurrar
milhões de brasileiros para aplicativos como o Telegram, dotado de recursos
muito mais sofisticados do que o Whatsapp. Certamente, não leram meu blog!
Talvez seja
difícil contar com a colaboração do Facebook para atender às inúmeras demandas
da Justiça brasileira. Porém, se precisarmos da ajuda da organização que mantém o
Telegram, será simplesmente impossível obtê-la. Não colaborar com governos é um
dos seus princípios e, mesmo se quisessem, as opções de segurança tornam
impossível a decodificação das mensagens trocadas pelo Telegram.
A nossa
sábia Justiça empurrou o PCC para o Telegram. Gênios! Deveriam saber que, ruim
com o Whatsapp, pior sem ele.
No meu
caminho do trabalho para casa, passo pelo centro de recepção de refugiados de
Bruxelas. Não é nem um galpão nem um acampamento, é um prédio da Cruz Vermelha,
bem integrado ao centro de Bruxelas. Nos últimos meses, o burburinho por ali
ficou bem maior.
Recentemente,
notei uma novidade na entrada do prédio. A companhia de telefonia móvel local
instalou dois carregadores de celulares públicos. São duas peças cheias de
escaninhos, cada um com alguns cabos para carregar os diferentes tipos de
celulares.
A sede da
Cruz Vermelha foi concebida para proporcionar leitos, alimentos, sanitários e
atendimento médico. Para os padrões atuais, faltam muitas tomadas. Muitas mesmo.
Os refugiados muitas vezes vêm apenas com a roupa do corpo e o inseparável celular.
Num
documentário da TV francesa, o jornalista pediu para um refugiado sírio abrir a
sua pequena mochila. Quase vazia. Havia uma escova de dentes e um celular.
Esses refugiados são como os brasileiros, pobres mas limpinhos.
Acompanhando-se
os refugiados através das imagens do longo do caminho da Mesopotâmia até a
Europa Ocidental, percebe-se a onipresença dos celulares. Chip turco, chip
grego, chip croata, chip bósnio, etc.
Vão-se os chips, ficam os celulares.
Tudo isso
só vem reforçar os comentários do último post, da importância do celular como
instrumento de cidadania.
Foto: Fechando a série de fotos de Mons,
Bélgica.
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