Depois de
alguns bons dias sem escrever, estou de volta, diante do computador e de um
monte de jornais acumulados na útima semana. Não poderia deixar de escrever sobre
os eventos trágicos ocorridos aqui mesmo em Bruxelas.
Assustou. A
estação de metrô de Maelbeek fica a 2km de casa. O aeroporto é, sem dúvidas, um
ponto de passagem obrigatório na nossa vida profissional.
Os amigos
brasileiros, concentrados na nossa crise interna, provavelmente não perceberam
os momentos que antecederam os atentados. Vou relembrá-los.
Na
sexta-feira, 18 de março, enquanto o governo brasileiro pagava para que
manifestantes fossem às ruas em seu apoio, a Bélgica anunciava a prisão de
Salah Abdeslam, o cabeça dos atentados de Paris.
Anúncio com pompa e
circunstância, presença de vários líderes europeus e recadinho de Obama. Show! Como
disse o jornal belga Le Soir, a Bélgica salvava a sua honra.
A captura
de Abdeslam foi o resultado de uma série de investidas da polícia a partir de
novembro, resultando na prisão ou morte de vários dos seus cúmplices. Muitos
cúmplices. A cada semana, o Le Soir atualiza o “organograma” da gangue de terroristas
islâmicos do eixo Paris-Bruxelas. Não para de aumentar.
Reconheço todo
o esforço e determinação da polícia belga e dos serviços de inteligência europeus.
Porém, encontrar o inimigo público número um dentro de Bruxelas, tão próximo de
sua própria moradia, mostra que tem algo de podre no Reino da Bélgica.
É por isso
que a alegria tenha durado tão pouco, apenas 4 dias. Como os poucos sobreviventes
da gangue cometeram atentados suicidas, acredita-se que não haja risco iminente
de outros trágicos eventos. Talvez não nos próximos dias.
Os colegas
e amigos belgas e franceses entendem que a vida não será mais a mesma. Os
procedimentos de segurança chegaram para ficar. Acabou aquela praticidade de se
chegar no trem a 5 minutos do embarque ou passar de um país para o outro sem
qualquer controle.
As pessoas
querem um Estado mais atento e vigilante. A discussão importante é sobre os
limites dessa vigilância, tema que já inspirou vários posts deste blog.
Depois do
choque e da dor, a Bélgica voltou para onde estava antes do dia 18. Caçando as
suas bruxas, encontrando os culpados pelo policiamento frouxo e pelos erros de
inteligência.
Se o
terrorismo tem seus fundamentos na pobreza ou na desigualdade social, existe um
fator manipulatório que transforma esse contingente de marginais em brutais criminosos.
Os governos europeus têm que trabalhar em ambos os aspectos para erradicar esse
mal.
Foto:
Abadia de Mortemer, na Normandia. Cinco séculos separam as duas partes do
conjunto.
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