Tenho falado bastante sobre a Netflix nas aulas, palestras e ‘lives’. São vários os motivos além da sua óbvia posição competitiva na indústria do entretenimento:
- Está entre as empresas que mais alavancam a ciência de dados e este é um tema chave nos eventos que tenho realizado sobre o Futuro da Inovação Corporativa.
- Tem um estilo de gestão inovador, que é tema do livro A regra é não ter regras, do seu fundador Reed Hastings e da prestigiada acadêmica Erin Meyer.
- Tem uma história inusitada, transitando pelo o físico e digital como poucas. Começou distribuindo DVDs (físico), passou para o streaming (digital) e, depois, passou a produzir suas próprias séries e filmes (físico e digital).
Dependendo do público, o começo da história da Netflix já
não tem mais graça. Muitos não viveram a época do aluguel de vídeo (VHS, DVD e Blu-ray).
Para essa geração, o nome Blockbuster não significa muita coisa.
Blockbuster? Voltando um par de décadas no tempo, a mítica locadora
era parada obrigatória antes dos finais de semana. Aquelas megalojas eram uma
atração em si. Era difícil ficar só nos vídeos.
A Netflix, por sua vez, nasceu diferente. Lançou o conceito
de assinatura de DVDs, com um catálogo online e envio/devolução pelo correio. Um
negócio de nicho que funcionou muito bem, sem qualquer ameaça à poderosa
Blockbuster.
O surgimento do Youtube chamou a atenção dos seus fundadores para a divulgação de vídeo em streaming. Em 2007, a Netflix começou a distribuir os filmes neste formato. O resto é história.
Com um sucesso incrível, arrasou a Blockbuster e catapultou sua base de 6 milhões de assinantes para os quase 200 milhões atuais. Se escrevi este post é porque estou lendo o livro mencionado acima e também li um artigo sobre a manutenção do antigo modelo de negócio. Sim, a Netflix ainda manda DVDs pelo correio, precisamente para 2 milhões de assinantes americanos.
O negócio é irrisório perto do streaming, mas seus assinantes são fiéis e têm bons argumentos:
- O catálogo de filmes oferecido em DVD é muito maior do que em streaming.
- Independência de uma internet confiável, algo que pode ser um problema nos rincões dos EUA. Fato confirmado com colegas americanos aposentados, que saíram das metrópoles e foram para a zona rural.
- A experiência (imagem e som) é geralmente melhor.
A maior ressalva desta base de assinantes é com o serviço
postal norte-americano, que tem atrasado frequentemente a entrega dos DVDs.
Enfim, o negócio pode ser pequeno para a Netflix, pode
parecer obsoleto diante dos olhos dos leitores cosmopolitas, mas
representa 300 milhões de dólares por ano de faturamento. Um belo negócio e que
ainda cativa seus clientes!
Foto: Uma outra imagem do centro de Pula na Ístria (Croácia), balneário de verão que faz a diversão de alemães, russos e outros.
Leituras complementares:
A cultura Netflix – A gestão e a cultura da Netflix
Netflix
e IA – Como a Netflix usa a ciência de dados
O dilema
da redes – Meu último post sobre um documentário essencial
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