Sunday, November 28, 2010

Integrar, entregar e intrigar

Fora do Brasil, a repercussão dos recentes acontecimentos do Rio é enorme. Como a maioria das pessoas restringe-se às manchetes e primeiras linhas dos artigos, fica a impressão de que o caos impera. Na Europa, pensam que a Copa e as Olimpíadas estão ameaçadas. Resta-me explicar que se trata do contrário. Finalmente, é a ordem que se impõe. Como os estrangeiros nos vêem como otimistas inveterados, o argumento gera uma certa desconfiança.

Algumas multinacionais apavoradas já estão impedindo as viagens dos seus executivos para o Rio. É verdade que tal embargo não é uma tragédia para o Brasil. Esse procedimento é praxe, acontece muitas vezes, ao sabor dos atentados. Eu mesmo já fui impedido de viajar para muitos lugares por causa dessas práticas de segurança.

Pelo que tenho lido na imprensa brasileira, o apoio à ação dos Governos do Rio e do Brasil é generalizado. Sabemos que a Copa e as Olimpíadas representarão um grande assalto ao erário público. Porém, se os dois eventos foram os motivadores da ocupação do nosso próprio território, valeu à pena.

O lema rondoniano da ditadura "integrar para não entregar" inspirou grandes obras para a ocupação da Amazônia. Enquanto desperdiçávamos bilhões no norte e nordeste, entregávamos lentamente pedaços das nossas mais caras metrópoles. Está na hora de retomá-los.


Foto: Em Autun, a porta de Santo-André, construída entre os séculos I e III.

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