A minha mudança para a Europa, um dia depois do final da Copa, foi programada há algum tempo. Imaginei uma chegada triunfal. Com a camisa da seleção, envolto numa bandeira ou com uma réplica da tão desejada taça. Bem, vocês podem imaginar que houve uma pequena mudança de planos. Pois é, felizmente, conheço a porta dos fundos lá do meu novo escritório em Bruxelas.
Estou com saudades daquelas provocações, que os franceses ainda fazem sobre os 3X0 de 1998. É uma brincadeira saudável. O silêncio é muito pior. As pessoas fazem uma volta tremenda para falar comigo sobre a Copa a fim de se evitar constrangimento. Isso sim é humilhante!
Até tive tempo para escrever mais um post sobre a Copa. Porém, assim como vocês, amarguei a derrota. Vocês já devem ter lido um monte de artigos sobre o trágico desempenho do Brasil. Acho que muitos exageraram nas conclusões. Nem um jogo nem um torneio “mata-mata” podem servir de base para as inúmeras teorias que surgiram por aí, que extrapolam o universo futebolístico. Vamos com calma!
Quero crer que a derrota acachapante da seleção traga alguns frutos. Talvez possa alavancar uma reforma na gestão do nosso futebol. Não precisamos voltar para o futebol-arte do Telê, mas precisamos sair do futebol-lixo do Felipão.
A derrota humilhante também afastou qualquer possibilidade de uso político do evento. A Copa fez muita gente acordar para a irresponsabilidade da gestão pública e a mentira do seu legado. O questionamento chegou tarde. Bem, antes tarde...
Por ironia do destino, a máfia dos ingressos, que passou incólume por outras Copas, foi desbaratada no Brasil. A FIFA sai arranhada da Copa. Embora a fórmula do torneio seja muito sólida, funcionaria até no Iraque, tudo que está a sua volta fede. Fede muito.
Foto: A atração turística número um de Bilbao, o Guggenheim. Não preciso dizer que o prédio em si - projetado por Frank Gehry - atrai mais gente do que o acervo do museu.
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