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Thursday, December 19, 2013

Escolhas


Alguns assuntos que foram notícias durante a semana mostram como a nossa sociedade é complexa. Na mão dos líderes daqui e dali, não existem decisões óbvias.
  • Um dos debates paulistanos é a circulação de táxis nos corredores de ônibus. A sua proibição traz benefícios evidentes para a maior fluidez dos coletivos. Por outro lado, acredito que um sistema de táxi rápido e competitivo complementa o próprio transporte coletivo. É essencial para os negócios da cidade e pode ser um fator de peso numa decisão de se abandonar o carro próprio.
  • Há três anos, fiz um post satirizando a demora na decisão de compra dos novos caças da FAB. Outra questão difícil, cada alternativa tinha seus prós e contras. A opção sueca agrada aos militares. O Lula tinha uma visão mais política dessa compra. Concordo com ele, pois uma parceria com a França ou Estados Unidos poderia ser muito mais ampla, envolvendo trocas mais importantes do que apenas os aviões.
  • O governo desconversa quando é questionado sobre o pedido de asilo do Snowden. De fato, a coisa parece não ter sido formalizada corretamente. Snowden pode ser um “mico”, mas também pode trazer um pouco mais de brilho e protagonismo ao Brasil no debate global sobre privacidade.  Não seria ruim para os EUA. Afinal, qualquer coisa é melhor do que deixá-lo sob a guarda do democrático e honesto Putin.
  • Ainda sobre o Snowden, é difícil de acreditar que o assunto não esteja na pauta diária da Casa Branca. Quando escrevi meus posts sobre o caso, não imaginava um estrago tão grande. Há uma série de repercussões negativas internas e externas, gerando desgastes e perdas econômicas. Os EUA devem negociar com Snowden? Ó dúvida cruel! Acho que sim. Tudo indica que tenha revelações ainda mais bombásticas e não esteja blefando. Bem, neste caso ainda é preciso encontrar uma saída honrosa para o pessoal de Washington.

Enfim, neste post mostrei quatro decisões difíceis. Nenhuma seria isoladamente certa ou errada. Talvez não façam sentido sozinhas, estão inseridas dentro de um contexto, associadas a outras escolhas. Ao final, julgaremos Haddad, Dilma e Obama pelo “conjunto da obra”. Como disse Camus: “A vida é a soma das nossas escolhas”.


Foto: Jardim japonês do Parque Balboa em San Diego.

Sunday, November 22, 2009

O pestinha

Vai para o Panteão ou não vai? Entre políticos e intelectuais, a discussão do momento é se os restos mortais do grande escritor e filósofo Albert Camus devem ser transferidos para o Panteão. Lá, poderão ficar ao lado de Victor Hugo, Alexandre Dumas e Emile Zola, entre vários heróis e expoentes da cultura francesa.

A obra de Camus é incontestável: O mito de Sísifo, A peste, O estrangeiro, A queda e tantos outros. Pensando bem, por que Camus e não seu desafeto Sartre? Por que Descartes e Balzac não estão no grande templo republicano parisiense?

A decisão é puramente política. No caso, o pestinha Sarkô quer criar um fato político. Camus é um "pied noir", ou seja, um argelino descendente de franceses e repatriado à França. A Argélia é uma mácula na história da França, algo que foi mal resolvido e ainda desperta muito ressentimento. Sarkô, com popularidade em baixa, precisa de bondades para serem capitalizadas.

A obra de Camus é universal e merece esta honraria. Estar no Panteão é a maior das homenagens póstumas da França. Apesar de sua família ter acordado com a homenagem, tenho minhas dúvidas se ele mesmo aceitaria participar desta encenação.


Foto: Outra tomada das belíssimas falésias de Etretat.