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Friday, September 10, 2010

Sobre homens e deuses 1

O filme francês mais comentado do momento é ‘Des hommes et des dieux’, vencedor do Grand Prix do júri do último festival de Cannes, dirigido por Xavier Beauvois e estrelado por Lambert Wilson. Ele explora o assassinato de sete monges trapistas do Monastério de Tibhirine, ocorrido em 1996 na Argélia. Veja o clipe oficial e a ficha do IMDB.

Quem espera um filme sobre a vida monástica certamente vai se surpreender. Os religiosos, conscientes do risco oriundo da instabilidade crescente na Argélia, conversam muito entre si. O debate entre ficar e fugir é inteligente, belo e universal. Teria sido um ato de martírio? Bem, a resposta está no final do filme.

As imagens não ficam atrás. Embora tenha sido realizado no Marrocos, ele é ambientado numa área muito bela do Magreb (Marrocos, Argélia e Tunísia), nas proximidades da cadeia de montanhas Atlas. Nada de deserto, no filme tem muita neve. Na minha opinião, a sua melhor cena é a última ceia, embalada ao som de Tchaikovski. Infelizmente, ela não está no Youtube, senão compartilharia com vocês.

Saindo do filme e voltando ao tema que o inspirou, lembro que esse crime terrível jamais foi esclarecido. Segundo a versão oficial, os monges foram assassinados por um grupo islâmico armado. Posteriormente, surgiram duas outras hipóteses: 1) Os monges teriam sido eliminados pelo próprio exército da Argélia 2) Pelo serviço secreto do país, com o intuito de se culpar e desmoralizar a milícia islâmica.

A investigação ainda está aberta. Talvez jamais conheçamos a verdade, porém, hoje, acredita-se muito mais na hipótese manipulatória. Não teria sido a primeira nem a última vez que a História fora distorcida.


Foto: Ainda em L'Isle-sur-la-Sorgue, na Provence. Na foto, o rio Sorgue (na prática, um de seus canais). Aspecto comum das minhas duas passagens pela cidade: Levei um tempão para achar um lugar para estacionar. Assim como muitas cidades francesas, não é impossível, mas não é automático.

Sunday, November 22, 2009

O pestinha

Vai para o Panteão ou não vai? Entre políticos e intelectuais, a discussão do momento é se os restos mortais do grande escritor e filósofo Albert Camus devem ser transferidos para o Panteão. Lá, poderão ficar ao lado de Victor Hugo, Alexandre Dumas e Emile Zola, entre vários heróis e expoentes da cultura francesa.

A obra de Camus é incontestável: O mito de Sísifo, A peste, O estrangeiro, A queda e tantos outros. Pensando bem, por que Camus e não seu desafeto Sartre? Por que Descartes e Balzac não estão no grande templo republicano parisiense?

A decisão é puramente política. No caso, o pestinha Sarkô quer criar um fato político. Camus é um "pied noir", ou seja, um argelino descendente de franceses e repatriado à França. A Argélia é uma mácula na história da França, algo que foi mal resolvido e ainda desperta muito ressentimento. Sarkô, com popularidade em baixa, precisa de bondades para serem capitalizadas.

A obra de Camus é universal e merece esta honraria. Estar no Panteão é a maior das homenagens póstumas da França. Apesar de sua família ter acordado com a homenagem, tenho minhas dúvidas se ele mesmo aceitaria participar desta encenação.


Foto: Outra tomada das belíssimas falésias de Etretat.

Thursday, November 19, 2009

Entre taças e copas

Com a classificação para a Copa garantida, o povo foi às ruas comemorar. Fizeram muita bagunça. Evidentemente, estou falando sobre a classificação da Argélia.

A imprensa cobria a seleção da França, mas o povo estava preocupado com a Argélia. Aqui é assim mesmo, a França tem que rezar para não cruzar com Argélia, Tunísia ou Marrocos, para não ver a Marselhesa sendo vaiada em casa.

Eu não acompanhei a campanha de classificação da Argélia nem do Brasil. Só a da França. As imensas dificuldades desta seleção não significam que o time que tirou o Brasil da última Copa não possa aprontar de novo. Trata-se de uma equipe muito instável. Thierry Henry, num dia de muita inspiração, pode desequilibrar qualquer jogo, com ou sem mão na bola.

Ouvi barulhos e fogos quando acabou o jogo da Argélia. Não houve nada de especial após o jogo da França. O silêncio noturno só foi interrompido à meia-noite, quando os fogos de artifício em Lyon anunciavam a chegada do Beaujolais Nouveau 2009. A safra 2009 saiu bem acima da média. Agora resta saber se os japoneses e americanos vão comprar os mesmos volumes do passado. Na foto, o rótulo da garrafa que eu acabei de trazer do supermercado. Santé!