Fiz questão de marcar minha volta a São Paulo com mais uma São Silvestre. Havia participado de uma prova antes da minha ida para Lyon. Além do percurso diferente, senti outra grande mudança: Os quase dez mil participantes a mais! O que mais impressionou não foi a quantidade, mas a qualidade. Muita gente correndo de ponta a ponta. Você sente aquela massa de pessoas o tempo todo. Como eu não estava muito preparado e não tinha qualquer ambição esportiva, não me incomodou. Valeu pela festa.
Em 2006, escrevi o seguinte texto sobre a Corrida da São Silvestre para os "Loucorredores". Fiz algumas mudanças no texto original.
Muitas corridas passam pelas ruas de São Paulo. Muitas corridas têm subidas e descidas. Muitas corridas têm público. Entretanto, nenhuma tem as avenidas da São Silvestre, as subidas e descidas da São Silvestre, o fiel e caloroso público da São Silvestre. Nenhuma corrida tem a magia da São Silvestre!
A São Silvestre é mágica por que tem uma mistura única. Espremem-se entre os milhares de herois do último dia do ano, profissionais e amadores, caipiras e cosmopolitas, pés descalços e outros muito bem calçados. Uma diversidade que só a nossa querida metrópole poderia proporcionar.
A São Silvestre é mágica por que é abençoada pela água. É a chuva bem-vinda que nos refresca, é o suor que encharca as nossas roupas, são os copos d´água que permitem que continuemos na luta. E, simbolicamente, não nos esqueçamos da épica travessia do rio de urina que se forma na Paulista, logo na largada.
A São Silvestre é mágica por que ela é cercada de tentações. Em pleno verão, passar diante de tantos bares é uma provação. São muitos os companheiros que pensam em abandonar a prova ao passar tão próximo de suas residências. Tem até a travessia da zona do baixo meretrício.
A São Silvestre é mágica por que é assediada pelo povo. A torcida prestigia a corrida de ponta a ponta, debaixo de sol e da chuva. E mesmo numa corrida difícil, atletas e torcedores interagem saudando seus clubes preferidos. Corintianos, palmeirenses, santistas e sãopaulinos, em harmonia pelo esporte.
A São Silvestre é mágica por que ela é cheia de fantasias. Dos garçons aos super herois, das noivas aos cangaceiros, dos soldados aos monstros. Todos antecipam o Carnaval que se aproxima. É um momento de alegria e confraternização.
Alguma coisa acontece quando cruzamos a Ipiranga, a São João, a Pacaembu, a Rudge, a Rio Branco, a Brigadeiro e a Paulista. O calendário de corridas cresce a cada ano, mas sempre haverá um espaço para a mais querida das provas: No último dia do ano e no nosso coração.
Showing posts with label Corrida. Show all posts
Showing posts with label Corrida. Show all posts
Sunday, January 1, 2012
Saturday, November 14, 2009
Corridinha invernal
Correr quando a temperatura esta próxima de zero graus não é tão difícil. O difícil é tomar coragem para tal! Como as roupas térmicas estão cada vez melhores e, por que não dizer, mais baratas, o maior risco é passar calor e não "morrer de frio".
Para cada condição climática há uma combinação correta de agasalhos. No caso mais extremo, três peças: Uma primeira pele, o agasalho em si e um blusão corta-vento. Enfim, dá para se enfrentar -15 a -20 graus, mantendo-se toda a mobilidade e conforto para uma boa corridinha.
Até o começo de outubro, consegui correr de calção e camiseta, como fazia no Brasil durante o ano inteiro. A partir do final de outubro, o jeito foi mudar o guarda-roupa esportivo. Uma das marcas mais conceituadas é a Odlo. Mas, quem quiser gastar (muito) menos, tem uma linha bem razoável na Decathlon.
A outra pequena inconveniência das corridas de inverno é que há mais peças para serem lavadas depois da atividade esportiva. Claro, isso é frescura de brasileiro. Os franceses não têm esta preocupação.
Foto: O Monte Saint-Michel visto da estrada. A abadia é o principal ponto de atração francês fora da região parisiense (mais de 3 milhões de visitantes anuais). O rochedo é local de peregrinação cristã desde o século VIII e a abadia começou a ser construída no século X. Notem que Saint-Michel em português é São Miguel Arcanjo.
Site oficial: http://mont-saint-michel.monuments-nationaux.fr/
Sunday, September 27, 2009
Millau 2
Não consegui encaixar a visita ao Viaduto de Millau em nenhuma das minhas frequentes viagens pela França. Então, aproveitando um dos últimos finais de semana ensolarados e quentes de 2009, preparei este "bate e volta". De carro, jamais faria 900km num único dia. Suponho que tenha escolhido a melhor combinação de trem/carro, indo até Montpellier de TGV e dirigindo até Millau.
Depois de algumas simulações com GPS e consulta aos horários do trem, o roteiro estava pronto. Calculei até o tempo de "pit stop". O que parecia maluco foi suficiente para convencer pelo menos um colega a ir junto. Outros ficaram com vontade.
Cinco dias antes do passeio, eu confirmei a previsão do tempo. O anticiclone dos Açores garante tempo bom em toda França. Sabia que encontraria alguma nebulosidade. Só não queria encontrar o viaduto totalmente encoberto pelas nuvens.
Enfim, sábado. Depois de uma semana super cheia, entre Bruxelas, Paris e Lyon, lá vou eu para mais uma aventura. As 6:30, já estava caminhando pelas ruas de Lyon. Andando, pois o transporte público está em greve por prazo indeterminado (assunto para um post próximo). Felizmente, eu moro perto da estação de trem Part-Dieu.
Seguimos o roteiro planejado com perfeição. Bateu tudo em cima: Chegada em Montpellier, passagem pelo viaduto, parada para tirar fotos, visita a Millau, almoço, etc. A partir das 14:00, encontramos a única surpresa do passeio. Não sabíamos que era o dia da corrida dos 100km de Millau.
Quando deixei São Paulo, a cidade tinha quase 200 corridas de rua por ano. Precisa-se de um senhor esforço para bloquear as ruas e garantir a segurança dos corredores. A maior parte delas acontece nas manhãs de domingo, quando o impacto na circulação é menor. Já em Millau, no meio da França, as corridas são diferentes. A organização da prova não bloqueia o trajeto exclusivamente para os corredores. Ou seja, os poucos carros que passavam por Millau dividiam o espaço com os corredores.
Nossa programação tinha uma folga de meia hora. Tinha! Depois de alguns quilômetros correndo no ritmo dos ultramaratonistas, ela foi para o vinagre. Perder o trem da volta não seria uma tragédia, representaria apenas um pequeno prejuízo e duas horas de espera. De qualquer forma, por que desistir? Nessa viagem de volta, o mais difícil foi costurar entre os corredores em plena segurança.
Finalmente, consumimos 25 minutos da folga e chegamos à estação 5 minutos antes do trem. Chegando em casa, transferi as fotos para o computador e escrevi o post anterior.
Foto: O centro de Millau não é de se jogar fora! Foi uma grata surpresa. Daria para ficar algumas boas horas por lá. A comida é típica "do terroir": Foie gras, terrines e embutidos. O rio que cruza a cidade é o Dourbie (foto), afluente do Tarn, mencionado no post anterior.
Subscribe to:
Posts (Atom)