Monday, March 30, 2015

Notícias

Confesso que comprei uma revista brasileira de passagem por Lisboa. Depois de tanto tempo sentido o que acontece no Brasil pelas redes sociais e com raras olhadelas a alguns sites de jornais, queria uma outra perspectiva.

Felizmente ou infelizmente, todas as minhas fontes são consideradas pelos petralhas como “mídia golpista”. Ou seja, continuo “desinformado”!

Faço questão de cumprimentar e solidarizar-me com (quase todos) vocês, que estiveram na Paulista, bateram panelas e não arredaram o pé. Visto de fora, é algo impressionante. Estive no Brasil nos dias que antecederam o segundo turno. Praticamente, é o mesmo clima. Já são alguns meses de resistência.

As notícias do naufrágio do PT e do governo Dilma chegam aos principais veículos da imprensa europeia, mas não dá para se ter a menor ideia do que acontece por aí. Além do mais, sempre houve uma simpatia dos jornais à esquerda pelo Lula “et sa dauphine” Dilma. A ficha demorou para cair.

Esses escândalos infindáveis sempre incomodaram-me. No Brasil, acabava acompanhando e envolvendo-me. Sem dúvidas, uma fonte de stress. Não deve ser fácil para muitos de vocês ouvirem todas essas notícias dia a dia.

Ainda estou correndo com alguns trâmites burocráticos relativos à expatriação. Já vivi isso antes e dá um certo trabalho.  Para compensar, o inverno foi bem mais tranquilo do que eu imaginava e pude conhecer muitas cidades belgas. E mesmo quando chove, porque não pegar chuva num florão medieval flamengo?


Foto: A estátua do gigante Wapper, personagem do folclore flamengo, diante do Het Steen, uma fortaleza medieval, no centro de Antuérpia.

Sunday, March 8, 2015

Uber

O Uber é sinônimo de baderna. Ele causa greves, manifestações e agressões. Na última semana, cruzei com uma paralização de taxistas protestando contra o Uber em Bruxelas. O congestionamento engoliu a minha habitual folga para chegar aos aeroportos e estações de trem. Não perdi o trem por alguns segundos.
  
Depois dessa, dá mais vontade de continuar usando o Uber. O serviço é de primeira. Na grande maioria das vezes, chega um carrão limpo e cheio de serviços como revistas, wi-fi, garrafa d’água e balas. O motorista, chamado Mohamed em um terço das vezes,  é muito mais gentil do que qualquer taxista de frota. O melhor de tudo é que sai bem mais barato.

E quem disse que aquele Mercedão é do Mohamed ? Não é mesmo. Ele o aluga por alguns dias e roda o máximo atendendo aos usuários do Uber e fazendo uns trocos.

Acredito que a contribuição mais nobre  do Uber seja quando há um real compartilhamento de veículos (a boa e velha carona) e não apenas a substituição dos motoristas de taxis. Isso sim faz um bem maior para nossas cidades.

O Uber é obviamente injusto com os táxis, que  submetem-se a fiscalizações e regulamentações, quando não pagam uma fortuna pelo ponto. Só resta-lhes uma vantagem, podem andar nos corredores de ônibus e bondes.

Tá com pena deles? Eu não.

Internet é isso mesmo. Desintermediação e ruptura são palavras de ordem. Não se solidarizem com os taxistas.  Melhor mesmo é ficar de olho nas nossas profissões e mercados. Amanhã, poderemos ser os taxistas de um outro Uber.  



Foto: Mais uma cena do centro de Antuérpia.

Sunday, March 1, 2015

Petróleo barato

De uma maneira geral, todos sabem quem ganha e quem perde com o petróleo barato. Os consumidores norte-americanos e europeus ganham. A China e o Japão ganham. A Rússia, a Venezuela e os países árabes da OPEP perdem. E o Brasil, ganha ou perde? Quem sabe?

Não tenho acompanhado as notícias de perto para arriscar um palpite. O preço do combustível ao consumidor nunca acompanhou as oscilações internacionais. A Petrobrás sempre foi usada como um braço do governo (não só para roubar). A autosuficiência é uma história antiga, mas cada ano tem uma desculpa diferente para se importar petróleo ou exportar excedentes a preço de banana.

A verdade é que, independentemente das razões, boa parte do mundo comemora a baixa do combustível. As combalidas economias europeias ganham fôlego. Os EUA solidificam a retomada. E o Brasil, mais uma vez, fica de fora.

Ninguém sabe quanto tempo vai durar essa fase de baixa. Apesar de estar ancorada no crescimento da extração de gás nos Estados Unidos, a queda provém de uma decisão da Arábia Saudita, no sentido de preservar seu mercado ou “quebrar concorrentes”, como arriscam alguns jornalistas.

Em briga de elefantes, sobra para a grama. O nosso pré-sal, por enquanto, é grama. E se o petróleo permanecer barato, o projeto do pré-sal torma-se inviável. Mais um rombo bilionário na breve história do petróleo brasileiro. Incompetência e corrupção andam sempre juntas.





Foto:  Passeio de final de semana em Antuérpia. Na bela Grand-Place, céu azul e temperatura próxima de zero.