Confesso que comprei uma revista brasileira de passagem por Lisboa. Depois de tanto tempo sentido o que acontece no Brasil pelas redes sociais e com raras olhadelas a alguns sites de jornais, queria uma outra perspectiva.
Felizmente ou infelizmente, todas as minhas fontes são consideradas pelos petralhas como “mídia golpista”. Ou seja, continuo “desinformado”!
Faço questão de cumprimentar e solidarizar-me com (quase todos) vocês, que estiveram na Paulista, bateram panelas e não arredaram o pé. Visto de fora, é algo impressionante. Estive no Brasil nos dias que antecederam o segundo turno. Praticamente, é o mesmo clima. Já são alguns meses de resistência.
As notícias do naufrágio do PT e do governo Dilma chegam aos principais veículos da imprensa europeia, mas não dá para se ter a menor ideia do que acontece por aí. Além do mais, sempre houve uma simpatia dos jornais à esquerda pelo Lula “et sa dauphine” Dilma. A ficha demorou para cair.
Esses escândalos infindáveis sempre incomodaram-me. No Brasil, acabava acompanhando e envolvendo-me. Sem dúvidas, uma fonte de stress. Não deve ser fácil para muitos de vocês ouvirem todas essas notícias dia a dia.
Ainda estou correndo com alguns trâmites burocráticos relativos à expatriação. Já vivi isso antes e dá um certo trabalho. Para compensar, o inverno foi bem mais tranquilo do que eu imaginava e pude conhecer muitas cidades belgas. E mesmo quando chove, porque não pegar chuva num florão medieval flamengo?
Foto: A estátua do gigante Wapper, personagem do folclore flamengo, diante do Het Steen, uma fortaleza medieval, no centro de Antuérpia.
Monday, March 30, 2015
Sunday, March 8, 2015
Uber
O Uber é sinônimo
de baderna. Ele causa greves, manifestações e agressões.
Na última semana, cruzei com uma paralização de taxistas protestando contra o
Uber em Bruxelas. O congestionamento engoliu a minha habitual folga para chegar
aos aeroportos e estações de trem. Não perdi o trem por alguns segundos.
Depois
dessa, dá mais vontade de continuar usando o Uber. O serviço é de primeira. Na grande
maioria das vezes, chega um carrão limpo e cheio de serviços como revistas, wi-fi,
garrafa d’água e balas. O motorista, chamado Mohamed em um terço das vezes, é muito mais gentil do que qualquer taxista de
frota. O melhor de tudo é que sai bem mais barato.
E quem
disse que aquele Mercedão é do Mohamed ? Não é mesmo. Ele o aluga por alguns
dias e roda o máximo atendendo aos usuários do Uber e fazendo uns trocos.
Acredito
que a contribuição mais nobre do Uber
seja quando há um real compartilhamento de veículos (a boa e velha carona) e
não apenas a substituição dos motoristas de taxis. Isso sim faz um bem maior
para nossas cidades.
O Uber é obviamente
injusto com os táxis, que submetem-se a
fiscalizações e regulamentações, quando não pagam uma fortuna pelo ponto. Só
resta-lhes uma vantagem, podem andar nos corredores de ônibus e
bondes.
Tá com pena
deles? Eu não.
Internet é
isso mesmo. Desintermediação e ruptura são palavras de ordem. Não se
solidarizem com os taxistas. Melhor mesmo
é ficar de olho nas nossas profissões e mercados. Amanhã, poderemos ser os
taxistas de um outro Uber.
Foto: Mais
uma cena do centro de Antuérpia.
Sunday, March 1, 2015
Petróleo barato
De uma
maneira geral, todos sabem quem ganha e quem perde com o petróleo barato. Os
consumidores norte-americanos e europeus ganham. A China e o Japão ganham. A Rússia, a Venezuela e os países árabes da
OPEP perdem. E o Brasil, ganha ou perde? Quem sabe?
Não tenho
acompanhado as notícias de perto para arriscar um palpite. O preço do combustível ao consumidor nunca acompanhou
as oscilações internacionais. A Petrobrás sempre foi usada como um braço do
governo (não só para roubar). A autosuficiência é uma história antiga, mas cada
ano tem uma desculpa diferente para se importar petróleo ou exportar excedentes a
preço de banana.
A verdade é
que, independentemente das razões, boa parte do mundo comemora a baixa do
combustível. As combalidas economias europeias ganham fôlego. Os EUA
solidificam a retomada. E o Brasil, mais uma vez, fica de fora.
Ninguém
sabe quanto tempo vai durar essa fase de baixa. Apesar de estar ancorada no crescimento
da extração de gás nos Estados Unidos, a queda provém de uma decisão da Arábia Saudita, no sentido de preservar seu mercado ou “quebrar concorrentes”, como arriscam alguns
jornalistas.
Em briga de
elefantes, sobra para a grama. O nosso pré-sal, por enquanto, é grama. E se o
petróleo permanecer barato, o projeto do
pré-sal torma-se inviável. Mais um rombo bilionário na breve história do
petróleo brasileiro. Incompetência e corrupção andam sempre juntas.
Lei também:
Meu post de 2013 sobre o pré-sal
Foto: Passeio de final de semana em Antuérpia. Na bela
Grand-Place, céu azul e temperatura próxima de zero.
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