O principal ponto comum entre o mafioso e o político desonesto é a necessidade da lavagem do dinheiro ganho ilegalmente. Como já não se pode confiar na Suíça ou no Panamá, o jeito é mesmo apelar para o acúmulo das boas e velhas notas de papel moeda.
Não é difícil imaginar que inúmeros bandidos possuam grandes estoques de dinheiro em papel. Roubá-los é muitas vezes mais fácil do que desová-los. Bastariam algumas regras a mais para transformar essa dinheirama num verdadeiro mico. Ninguém deveria fazer negócios vultosos com papel moeda!
Comprar um imóvel com cédulas de 100 dólares? Nem pensar. Comprar uma Ferrari com notas de 100 euros? Também não. Pagar a conta do jantar com dinheiro num restaurante caríssimo? Não. Depositar ou sacar muito dinheiro? Cada vez menos, pois os bancos deveriam apertar o controle.
Com a adesão maciça da sociedade aos meios eletrônicos, o fim do papel moeda é um debate real no primeiro mundo. Aqueles que guardam dinheiro embaixo do colchão que nos desculpem, mas a causa é nobre.
A Europa quer eliminar a nota de 500 euros. Por enquanto, a sua circulação é restrita e monitorada. Os Estados Unidos já extinguiram todas as notas superiores a 100 dólares há algum tempo. O motivo é justamente o exposto acima, só serve para bandidos!
Se algo serve de lição para nós brasileiros, é o exemplo da Índia, país supostamente tão corrupto como o nosso. Em 2016, seu governo removeu de circulação as duas notas mais elevadas (500 e 1000 rúpias). Os cidadãos comuns, como eu e você, puderam simplesmente depositar as poucas notas que possuíam nas suas contas bancárias. Já os bandidos, sonegadores e políticos corruptos tiveram que fazer uma ginástica monumental para fugir dos limites e controles instalados. Não resolve, mas atrapalha.
Mexer com o papel moeda é apenas uma das técnicas para atrapalhar a vida dos fora da lei. Antes de pensarmos nos meios para se combater a corrupção e a criminalidade, reconheço que é preciso encontrar alguém disposto a fazê-lo. Ninguém à vista na Terra Brasilis.
Foto: Continuando a série sobre a Bretanha, chegando ao porto de Belle-Île-en-Mer.
1 comment:
Na Índia o corte foi radical demais. A nota maior que sobrou não valia nem 2 dólares - é muito pouco, mesmo para um país onde os preços são baixos.
Mais uns anos de dinheiro reto, o lobo guará do Brasil vai valer meia rúpia.
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