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Saturday, November 17, 2012
A ponte
Professora: O que existe entre o Dia da Proclamação da República e o Dia da Consciência Negra?
Joãozinho: Seis dias de férias, oba!
Ah, esse Joãozinho sempre nos surpreendendo! Inventei essa para introduzir o post, até por que todas as outras historinhas que eu conheço do Joãozinho e da professora são impublicáveis ;-)
De fato, existe algo entre as duas datas além da casualidade gregoriana. Vinte de Novembro marca a morte de Zumbi dos Palmares. A data convida a uma reflexão sobre a participação dos negros na sociedade brasileira. Quinze de Novembro é uma espécie de segunda data nacional, depois do Sete de Setembro.
"Proclamação da República" esconde o real caráter de 15/11, o de golpe de estado. O sonho dos militares talvez fora concretizado décadas mais tarde. A verdade é que, sob o regime monárquico, o Brasil foi um país próspero, livre e democrático. Então por que derrubar o regime?
Uma das principais causas que determinaram a queda do Império foi a posição de Dom Pedro II em relação à escravidão. Nosso Imperador, divergindo da conservadora sociedade brasileira, atuou abertamente pela abolição da escravatura. Sim, ele conseguiu, mas a sua luta contra o interesse político e econômico vigente trouxe um desgaste contínuo e irreversível. A adesão às ideias republicanas teria sido mera conveniência para se dar o troco no Imperador. Enfim, esta é a verdadeira ponte entre 15/11 e 20/11.
Foto: Acima e abaixo, fim de tarde em Stonehenge, Inglaterra.
Sunday, September 25, 2011
Escravos de Jó, Jintao e Zara
Um mês depois do escândalo em torno do trabalho escravo nos fornecedores da Zara, constatei que alguns clientes abandonaram a marca para sempre. Estão certos. Já foi o tempo em que uma grande empresa podia alegar desconhecimento do que se passa em sua cadeia de fornecimento. A ampliação do senso de responsabilidade social é um imperativo da gestão moderna.
Oposição ao trabalho escravo não é um problema econômico, é uma questão humanitária, uma questão de princípio. Daí, minha solidariedade aos ex-clientes da cadeia espanhola.
Por outro lado, fica aquela pergunta que não quer calar, aquela dúvida que nos assola há tempos: Por que não temos uma atitude mais enérgica com aqueles quase escravagistas do outro lado do mundo?
Em 2007, Sara Bongiorni, uma jornalista americana, publicou o livro "A year without Made in China". Mesmo tendo declarado que seu livro não tem caráter político, o testemunho é muito interessante. Todos sabem que quase todo manufaturado vem da China e achar uma alternativa dá muito trabalho. A família da jornalista persistiu e passou um ano sem qualquer produto chinês. Seus filhos, por exemplo, quase foram privados de novos brinquedos, tamanha a presença chinesa no setor. Ao final de um ano, a vida da família Bongiorni estava um inferno e muito mais cara.
Muita gente hesita quando percebe que o boicote vai sair caro. Nas duas últimas décadas, exportar os empregos para a China foi útil para o Ocidente. Porém, estamos diante de uma nova realidade. Americanos e europeus estão sem empregos e sem dinheiro. Talvez seja a oportunidade para se aprimorar o sistema sócio-econômico no Ocidente e no Oriente.
Foto: Ainda da safra de junho, passagem por Saint-Antoine l'Abbaye, vilarejo medieval em Isère.
Oposição ao trabalho escravo não é um problema econômico, é uma questão humanitária, uma questão de princípio. Daí, minha solidariedade aos ex-clientes da cadeia espanhola.
Por outro lado, fica aquela pergunta que não quer calar, aquela dúvida que nos assola há tempos: Por que não temos uma atitude mais enérgica com aqueles quase escravagistas do outro lado do mundo?
Em 2007, Sara Bongiorni, uma jornalista americana, publicou o livro "A year without Made in China". Mesmo tendo declarado que seu livro não tem caráter político, o testemunho é muito interessante. Todos sabem que quase todo manufaturado vem da China e achar uma alternativa dá muito trabalho. A família da jornalista persistiu e passou um ano sem qualquer produto chinês. Seus filhos, por exemplo, quase foram privados de novos brinquedos, tamanha a presença chinesa no setor. Ao final de um ano, a vida da família Bongiorni estava um inferno e muito mais cara.
Muita gente hesita quando percebe que o boicote vai sair caro. Nas duas últimas décadas, exportar os empregos para a China foi útil para o Ocidente. Porém, estamos diante de uma nova realidade. Americanos e europeus estão sem empregos e sem dinheiro. Talvez seja a oportunidade para se aprimorar o sistema sócio-econômico no Ocidente e no Oriente.
Foto: Ainda da safra de junho, passagem por Saint-Antoine l'Abbaye, vilarejo medieval em Isère.
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