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Saturday, March 19, 2011

No mercy!

O bombardeio aliado contra a Líbia começou esta tarde. A aviação francesa, ansiosa para promover o Rafale, fez os primeiros ataques. Não posso afirmar se Sarkô fez algum ponto. Veremos nas próximas semanas.

Todos querem acabar com o Kadafi. Eu também. Se o terremoto japonês não desviou a nossa atenção da Líbia, esta operação militar certamente servirá de cortina de fumaça para as demais revoluções árabes. No Bahrein, Síria, Arábia Saudita e Iêmen, a oposição será esmagada. Como diria o próprio Kadafi: “No mercy”.

A França e a Inglaterra não amam os líbios e nem são “valentões”, mas quando Kadafi mostrou que seria capaz de exterminar a sua própria população, as vozes mais sensatas da Europa gritaram. A campanha de Bernard-Henri Lévy foi marcante aqui na França. Além do mais, a Líbia está a um passo das bases da OTAN e possui uma defesa obsoleta. Até tem alguns aviões, mas os pilotos sumiram! O petróleo da Líbia também não é tão preocupante.

Sorte para a resistência da Líbia, azar dos outros. Os demais ditadores árabes - e o persa também - sabem que o Ocidente tem poucas balas. Poderão “descer o cacete” à vontade por mais algumas semanas.


Foto: Uma outra tomada da Abadia de Fontenay, com a sua igreja ao fundo.

Sunday, March 13, 2011

Direita, volver!

Espero que a catástrofe japonesa não tire as nossas atenções dos países árabes. Não podemos dar folga para o Khadafi. Enquanto os EUA e a ONU hesitam, o pequeno Nicolas se empenha para liderar uma ação militar européia contra o ditador. Quem diria!

O esforço do presidente é visto pela própria imprensa francesa como "mise en scène". Depois do desgaste na Tunísia e no Egito, o governo francês quer apagar a impressão de que está sempre do lado dos ditadores. Impressão não, fato. Mas, sejamos justos, não é exclusividade da França.

A maior ducha de água fria para Sarkô foi a divulgação das primeiras pesquisas relativas às eleições presidenciais de 2012. As duas primeiras apontaram a vitória da extrema-direita, liderada por Marine Le Pen. Confesso que sempre encarei esta política como personagem folclórico, assim como seu pai. Jamais imaginei que pudesse entrar numa corrida presidencial. Parodiando o intelectual George W. Bush, a Marine é a mais pura representação da "França profunda".

Felizmente, a terceira pesquisa já aponta a vitória do atual presidente do FMI, Dominique Strass-Kahn, do PS. Todas as três pesquisas indicam que o atual presidente não chegaria ao segundo turno.

Apesar de ser muito cedo para se tirar quaisquer conclusões, é um sinal relevante do descontentamento da população. Sarkô tentou seduzir eleitores de um amplo espectro político, se esforçou para melhorar a sua imagem e jogou para a torcida. Porém essas coisas não colam muito na França.

Passo as próximas duas semanas por lá, bastante curioso para decifrar melhor essa ascensão da extrema direita francesa. A bientôt!



Foto: Ainda na Abadia de Fontenay (Borgonha), o claustro da igreja.

Saturday, February 26, 2011

E nós com isso?

Quando escrevi o post "dominó árabe", sabia da possibilidade de contágio das manifestações da Tunísia nos países vizinhos, mas tinha dúvidas. Era só possibilidade. A queda dos governos da Tunísia, Egito e Líbia (ops!) são fatos históricos consideráveis.

Os especialistas dividem-se quanto à proliferação dos movimentos populares. Uns acham que fica por aí mesmo. Outros, acreditam que até a poderosa Arábia Saudita, o "duplo seis" do dominó, pode tremer.

Esta onda de democracia provavelmente desperta simpatia de todo mundo, inclusive dos leitores deste blog. Quem não gosta de ver ditadores caindo em série? Mas, nem tudo que é bom para os árabes é bom para o resto do mundo.

A imprensa está explorando bem a probabilidade de surgirem novos Irãs nessa região do planeta, do Marrocos ao Golfo Pérsico. O aparecimento de regimes hostis ao Ocidente ainda é um resultado menos importante do que um novo choque do petróleo, algo com impacto direto no nosso tão sensível bolso.

A escalada dos preços do petróleo pode trazer muitas notícias ruins para as combalidas economias da Europa e dos Estados Unidos. Até a China, que empurra a economia brasileira, seria muito afetada. E o Brasil, que já está apertando o cinto para corrigir a irresponsabilidade fiscal de 2010, também será convidado a participar dessa crise.

Enfim, é muito bacana ver os ditadores árabes caindo em série, mas, parodiando Ferreira Gullar, não dá para ser feliz e ter razão.


Foto: Alguns prédios da Abadia de Fontenay datam da sua fundação no século XII, como a sua igreja. Na foto, a vista lateral da mesma.