Saturday, June 13, 2009

Dura lex, sed lex

Além do vôo AF447, o fenômeno midiático da temporada é a Justiça. Alguns dos crimes mais comentados dos últimos anos estão sendo discutidos nesses dias. Apesar da grande diferença entre eles, há algo em comum: Em todos os casos, há poucas dúvidas sobre a culpabilidade do réu. Os julgamentos deverão melhor contextualizar os crimes e o grande suspense é o tamanho das penas. Vamos aos casos:


França contra Véronique Courjault: Dois bebes foram encontrados no congelador de Véronique, no tempo em que ela e o marido moravam em Seul. No princípio, ela negou o conhecimento dos bebes, mas os testes de DNA comprovaram que ambos eram filhos do casal. Enviados de volta para a França, Véronique confessou o assassinato. Ela também havia escondido a gravidez. Cabe ao júri separar a doente da criminosa. A pena vem por consequência.


Suíça contra Cécile Brossard: A assassina confessa do banqueiro francês Edouard Stern também vai para o xadrez. A dúvida novamente é o tamanho da pena. A defesa vai apelar para a comoção e defesa da honra, uma vez que Cécile era constantemente humilhada pelo amante. Como Cécile fugiu após o assassinato, até o momento da sua confissão, muita gente suspeitava que ele fora executado pela máfia russa. O crime ocorreu no apartamento do banqueiro em Genebra, onde ele foi encontrado numa combinação de látex para rituais sadomasô e com um belo enfeite encravado no ânus, fato que alimentava a suspeita execução mafiosa. Com o julgamento, a família Stern quer salvar a honra do banqueiro. Já Cécile não tinha a ocupação mais honrada do mundo. Conheço o caso há muito tempo, pois Stern tinha um grande volume de ações da Rhodia e fazia muito barulho no Conselho.


França contra Total: Pouca gente prestou atenção, por razões óbvias. Dez dias depois do 11 de setembro de 2001, um acidente chocou a França. A usina da AZF, fabricante de fertilizantes do grupo Total, explodiu em Toulouse, matando 30 pessoas e ferindo 2500. O estrago foi gigantesco, a explosão quebrou 70% de todas as janelas da cidade. Parecia um atentado. A investigação comprovou que a causa foi a manipulação inadequada de produtos perigosos. A Total deve ser mesmo condenada.


França contra Youssouf Fofana: Em 2006, um jovem foi sequestrado, torturado, queimado e morto por uma gangue violenta liderada pelo folclórico Fofana. Esse tipo de crime não é nada comum por aqui, e o que mais chamou a atenção é que os bandidos escolheram a vítima, o jovem Ilan Halimi, somente por ser judeu. A quadrilha tinha quase 20 pessoas, vários mulçumanos e uma diversidade étnica considerável (negros, árabes, persas e brancos). A maioria está em cana. O líder Fofana chegou a fugir antes da sua prisão e vive debochando da Justiça. Ontem ele atirou os seus sapatos no meio do Tribunal. Para este caso, não sei se a lei é dura o suficiente.



Foto: Jardins do Palácio Wallenstein, sede do parlamento checo. O show é proporcionado pelos pavões que ficam soltos no jardim.


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