Thursday, September 10, 2009

Rafale

Rafale significa rajada de vento. Pelo menos na França, a venda de 36 caças da combalida Dassault ao Brasil está sendo muitíssimo festejada. O vento veio em boa hora. Vejamos:

1 - Talvez, em outra época, um volume de negócios desse porte passasse despercebido. Neste momento difícil ainda vivido pela Europa, qualquer contrato novo é importante. Os políticos têm brigado pela preservação de fábricas com menos de 100 empregados. Vale tudo para se manter os empregos no velho mundo! Foi como se Sarkozix tivesse voltado para sua aldeia com uns três javalis nas costas. Um herói!

2 - A Dassault, lendária fabricante do Mirage, vive de aviões executivos (Falcon). Nenhum país comprou o Rafale até hoje. Só mesmo a própria França. A coisa está preta. Vale lembrar que o Brasil tem planos para comprar 120 aviões e não somente 36. Depois dos aviões: Serviços, assistência técnica, manutenção, treinamento, etc.

3 - A França tem uma oferta militar bem razoável. Com a forcinha do Brasil, outros países podem se animar e comprar não apenas da Dassault, mas de toda a comunidade de empresas que compõe a alternativa aos EUA, Rússia e outros. A aceitação do Brasil é decisiva para a venda para aos Emirados Árabes, Grécia, Suíça e Índia, os próximos da lista.

Agora, tendo em vista a relevância do contrato para a França, cabe ao Brasil negociar. Não parece ser o caso, mas a Dassault tem perdido negócios ligados ao Rafale quando as coisas parecem estar definidas. O episódio mais folclórico foi com o Marrocos. Sarkô foi ao país, como fez com o Brasil, recebeu um tapinha nas costas, enquanto o Marrocos passava o pedido para os EUA.

Muita gente tem comentado sobre a transação. Da ridicularização completa até a exaltação patriótica, tem de tudo. Eu mesmo mandei bala via Twitter. Imagino que a decisão do governo brasileiro não tenha sido fácil. Talvez seja por isso que o assunto vem sendo empurrado com a barriga desde FHC.

Não tenho dúvidas de que o Brasil precisa desses aviões. As maiores críticas, fundadas ou não, são com respeito à concorrência, à escolha do pacote mais caro com um avião que não é nenhuma unanimidade.

Por outro lado, reconheço que, por natureza ideológica ou não, sempre esteve claro que o critério de "transferência tecnológica" seria decisivo. Se esta transferência será eficaz, se é apenas um engodo ou um dispositivo claramente antiamericano, não posso julgar. Vamos esperar que os especialistas se manifestem e que os detalhes da transação venham à tona. E que bons ventos tragam a nova frota de caças brasileira!


Fotos: A Piazza Del Campo em Sienna, um lugar fantástico! A praça central da cidade é transformada em hipódromo (Corsa del Palio) duas vezes por ano. Cheguei lá na véspera, a praça já estava em plena transformação, com pistas e arquibancadas prontas. O conjunto medieval é excepcional e o assédio de turistas acaba dando muita vida à cidade. Aquilo ferve! Na foto acima, uma imagem dentro da praça, ainda bem cedo. Na foto abaixo, a vista da praça a partir de uma torre mais afastada, onde o prédio do paço municipal se destaca.


1 comment:

Felipe Pait said...

1 - Ai que dor no bolso! Cada avião desses sai mais de um real para cada brasileiro!

2 - Não consigo imaginar absolutamente nenhuma utilidade para o Brasil de um caça semi-stealth Mach 2 altamente manobrável com autonomia de mil milhas. Se alguém imaginar algum cenário de batalha em que esse avião possa ser necessário, ou mesmo alguma situação em que as Forças consigam usá-lo, por favor indique.