Sunday, April 18, 2010

Être ou ne pas être, telle est la question

No Brasil, Eike Batista virou orgulho nacional. O primeiro brasileiro entre os dez homens mais ricos do mundo. Uau! Um ídolo, um exemplo. Na França, é diferente. Os poucos bilionários que não mudaram para a Suíça, Bélgica ou até mesmo (quem diria) Inglaterra são uma vergonha nacional. Eles simbolizam que o sistema foi incompetente na redistribuição das suas riquezas ao resto da nação.

O ambiente é complexo. Existe a herança revolucionária, o trauma das guerras de religiões e o desejo de se construir uma sociedade mais igualitária. Enfim, os bilionários se escondem. Ouvi dizer que eles sentem cócegas no pescoço o tempo todo. Uma força oculta tenta separar as suas cabeças dos seus corpos.

O ícone da tributação francesa é o imposto sobre fortuna, que inspira muitos "comunas" brasileiros. Posso garantir que ele é o mais perverso de todos. Para começar a pagá-lo, basta ter um patrimônio na faixa dos 700 mil euros. O proprietário de um apartamento de 100m2 em Paris já é um afortunado! As injustiças causadas pelo sistema são enormes. Poderia encher esta página de exemplos.

Tirar dos ricos para dar aos pobres tem limite, que vocês já conhecem muito bem. A França está perigosamente perto dele. Milionários fogem. Espalham seu patrimônio em paraísos fiscais. Usam testas de ferro e laranjas. O pior para o país é a perda de um certo empreendedorismo, do investimento do risco e, por que não dizer, da inovação.

Sarkô sabe disso. Ele sabe que aumentar os impostos é um tiro no pé. Por isso, ele havia prometido à elite francesa uma certa proteção tributária. Entretanto, as contas do governo exigem novas receitas. Preservar os mais ricos é um suicídio político.

Economia é economia, política é política. Sarkô está encurralado. Ele tem duas opções: Dar um tiro no pé ou um tiro na cabeça.


Foto: Bayonne, Anglet e Biarritz formam uma aglomeração única. Se Biarritz e suas villas possuem um certo glamour, Bayonne tem o seu charme, a sua autenticidade. Na foto, o belo casario ao longo do rio Nive, coração de Bayonne.


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