Monday, August 8, 2011

Vacances

No auge do escândalo com o ex-presidente do FMI, sabia-se da importância da instituição face às incertezas vindouras. A liderança de DSK sempre foi respeitada. Com a inevitável expansão da crise, será a vez de Christine Lagarde encarar o desafio do cargo e o esqueleto que está no seu armário.

A ex-ministra é acusada de ter facilitado a vida de Bernard Tapie, amigão do Sarkô, brindado com uma indenização do Estado francês de mais de 300 milhões de euros. Há evidências de que Tapie, ex-dono da Adidas, tenha vendido suas empresas a preço de banana, graças a uma combinação de interesses políticos e privados, no melhor estilo das repúblicas bananeiras.

Se foi armação ou não, caberia à Justiça decidir. Entretanto, o governo Sarkô tirou o processo do Judiciário e o enviou para uma corte arbitral independente. Como resultado deste "fast-track" jurídico, o Estado foi condenado a indenizá-lo. Se isto não for imoral, é de um arrojo sem igual. Como escrevi em 2008: “Nem o José Dirceu tinha pensado nisso”.

Um articulista do Le Monde, estudioso das questões legais e constitucionais, salienta que é impossível incriminar Sarkozy neste episódio. O Presidente nunca sabe de nada! Largarde responderá por ele.

A esta altura do campeonato, o eleitor francês está olhando mais para a crise que se aprofunda e, principalmente, para o seu bolso. As notícias vindas do outro lado do Atlântico não são animadoras. Este quadro favorece o partido de Sarkozy, de direita, com ou sem escândalo. A extrema-direita, em ascensão, perdeu pontos com o atentado norueguês.

O eleitor sabe que, em tempos de crise, as ideias dos socialistas não são as mais eficazes. O PS é um partido de gente bacana, mas ruim da cabeça. Portanto, mesmo com toda impopularidade, Sarkô não morreu. Na última semana, recluso no château praiano da sua sogra em Cap Nègre, ganhou três pontos de popularidade. Quem está precisando de um descanso assim é o Obama.


Foto: A praça central de Arbois, a Place de la Liberté.

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