Wednesday, May 30, 2012

Geography for dummies

Há poucos anos, a Turquia implorava para entrar na União Europeia. Queria seguir os passos de outros países do velho mundo, que desfrutavam de certa prosperidade (PIGS). Entrar na Zona do Euro seria o máximo!

O ex-presidente Sarkozy, no entanto, estava determinado a barrar os planos turcos. Muito antes do agravamento da crise, ele disse: "A Turquia não entra na União Europeia, por que não é um país europeu".

A Turquia agradece à geografia de conveniência do Sarkozy. O país se salvou das ingerências de Bruxelas e a sua arquirrival Grécia está em plena desintegração. Se não fossem as divergências em torno do genocídio armênio, o ex-presidente seria um ídolo na Turquia.

Nesta semana, Angela Merkel mostrou que geografia não é seu forte. Numa sala de aula, ela foi convidada a mostrar a cidade de Hamburgo num mapa mundi. Seu raciocínio foi lógico, localizaria primeiro Berlim e, depois, a sua cidade natal. O problema é que ela procurou por Berlim na Rússia. Alertada pela professora, exclamou: "O que? A Rússia? Tão perto?". Os alunos gargalhavam.

Decepcionante. Seria estresse? Ignorância? Ato falho? Difícil de se explicar. Se no seu mapa mental, Berlim está dentro da Rússia, onde estaria a adorada Grécia? Talvez, no Irã.

Quando se fala de geografia, é claro que ninguém supera George W. Bush. Entre algumas das suas célebres citações:

"Do you have blacks, too? (2001, para FHC)
"Border relations between Canada and Mexico have never been better" (2001)
"Wow! Brazil is big!" (2005, para Lula) 


Fotos: Acima e abaixo, a famosa Robie House de Hyde Park, na periferia de Chicago. A casa de 1909 é considerada símbolo da escola arquitetônica liderada por Frank Lloyd Wright, primeiro estilo genuinamente americano.



3 comments:

Felipe Pait said...

Palpite: a médio prazo, quem tem que se preocupar é a Alemanha. Ao que parece, salvaram a Alemanha Oriental por um processo de desinvestimento, especialmente em educação. O forte da Alemanha é a indústria, que tem que concorrer com a Korea e a China. Por enquanto dá certo, especialmente por causa das facilidades ao comércio dentro da Europa.

Em parte quem salvou a Alemanha foram os gastos dos países que agora eles querem punir. Quando o nível de instrução dos alemães que estão sendo preparados para trabalhar na manufatura convencional cair abaixo do dos jovens portugueses e italianos, o chapéu vai trocar de mão. Seria bom usar o momento de hoje para fazer bons amigos, não inimigos.

fbirman said...

Concordo. Muitos alemães estão irritados com os PIGS, mas seu sucesso está - parcialmente - ligado ao insucesso do resto da Eurozona.

Espero que reencontrem o equilíbrio.

Felipe Pait said...

Também espero. No balanço, a Europa, exceto o período entre o fim da Pax Romana e o início da Pax Americana, traz algo positivo para o mundo.

A política de austeridade é uma espécie de tratado de Versalhes econômico. Punir os culpados a qualquer preço. É perigoso.