Sunday, September 23, 2012

Fúria


O post anterior parece ridículo diante da explosão de fúria islâmica contra o filme e o cartoon ocidentais. Enquanto gastamos nosso tempo discutindo as sutilezas do "politicamente correto", esforçando-nos para evitar constrangimento desnecessário a quaisquer minorias, do outro lado do mundo, as coisas ainda são bem diferentes.

Aprendemos a respeitar a liberdade, a democracia e sobretudo a igualdade. O respeito ao ser humano prevalece sobre o respeito às crenças e seus personagens mitológicos. Devemos respeitar as religiões, não por que elas mereçam, mas por que seus seguidores merecem. É sutil, mas é diferente.

Ninguém faz guerra por religião. Pouquíssimos se ofendem realmente quando sua religião é criticada. Porém, a religião continua sendo o instrumento de manipulação favorito dos ditadores, terroristas, políticos oportunistas, extremistas, etc.

Leitura adicional:
É o amor!
Why is the Arab world so easily offended?
Exploiting the Prophet


Foto: Fachada sul da Hampton Court, palácio situado na periferia de Londres. Esta ala foi construída durante os reinados de Guilherme III e Maria II, no final do século XVII, assinada por um dos grandes arquitetos da época Sir Christopher Wren.

Sunday, September 16, 2012

Cassando as Caçadas


O debate sobre a censura à obra « Caçadas de Pedrinho » ganhou força. Foi um dos primeiros livros que li ainda criança. Àquela época, não percebi seu caráter racista, assim como muitos milhares de leitores. Eram outros tempos. Hoje, os termos usados por Monteiro Lobato para descrever a Tia Nastácia podem chocar.

O politicamente correto levado ao extremo poderia banir tantas obras, que o seu efeito seria ainda mais perverso. Se tirarmos de circulação todas as obras racistas, antissemitas, machistas, homofóbicas, preconceituosas ou ofensivas, não sobrará muita coisa. Nem a Bíblia.

Melhor mesmo é que todos sejam expostos às mais variadas ideias, podendo discernir o que é bom e o que é ruim. “Caçadas de Pedrinho” e “Tintin no Congo” não são responsáveis pelo preconceito aos negros. Assim como “O Mercador de Veneza” e “Oliver Twist” não inventaram o antissemitismo.

Em 2011, fiz um post análogo sobre o escritor francês Céline. Retomo uma citação de Bernard-Henri Levy: “É preciso mostrar o mistério que faz de uma pessoa um grande escritor e um perfeito canalha ao mesmo tempo.” Canalha? Talvez. Não precisamos festejar Monteiro Lobato, apenas lê-lo.

Leia também: Céline e "80 anos de Tintin"


Foto: Começo a minha série londrina, com algumas fotos da “Hampton Court”, uma das mais belas residências históricas da monarquia inglesa.

Wednesday, September 12, 2012

Londres 2012


Voltei. Apesar das facilidades tecnológicas, mal acompanhei as notícias do Brasil e não escrevi nenhum post. Estava conectado, mas nem tanto. Percebi que o julgamento do Mensalão avança devagar, porém as primeiras condenações são animadoras.

Estive em Londres entre os Jogos Olímpicos e os Paralímpicos. Foi mais ou menos intencional. Na minha terceira passagem pela cidade, quis aproveitar e conhecer um pouco mais. A relativa calma entre os dois eventos foi ótima. Além de tudo, fez um tempo muito melhor do que eu esperava: "Tempo firme com chuvas em pontos isolados". É bem verdade que, em algumas vezes, o ponto isolado era eu mesmo. Murphy 1 X 0.

Temendo o mau tempo, havia reduzido minha estadia em Londres e planejado alguns dias na Côte d'Azur. Foi uma tática para proteger as férias. Agosto na Côte é certeza de tempo bom. Quer dizer, era. Durante minhas férias, aconteceu uma inversão histórica. A França inteira com tempo bom e a Córsega e a Côte d'Azur sob tempestade. Murphy 2 X 0.

Como viajei de férias e também a trabalho por três semanas, levei uma mala avantajada. Malas pesadas chamam atenção da segurança e despertam a ira dos carregadores sindicalizados, que dominam os aeroportos europeus. As estatísticas podem consolar, mas desconfio de que o sumiço da minha mala por quatro dias não tenha sido casual. De qualquer modo, Murphy 3 X 0.

A viagem foi ótima e conheci muitos lugares, que comentarei mais para frente. Pelo menos, nas fotos que ilustrarão os próximos posts. Valeu muito a pena! Murphy 3 X 4.

Não é preciso dizer que fiquei impressionado com a preparação de Londres para os eventos esportivos. Fantástica! Se as instalações não são tão suntuosas como as chinesas, a integração do projeto olímpico ao planejamento urbano é notória. A cidade estava limpa, organizada e não faltavam voluntários tirando quaisquer dúvidas.

Um aspecto marcante é o peso dos Jogos Paralímpicos. Nos dias em que visitei as instalações esportivas, a organização estava adaptando a comunicação visual para os padrões exclusivos dos Jogos Paralímpicos. No parque olímpico, havia novos ensaios de desfiles ao som dos hinos nacionais. A imprensa inglesa dedicava diariamente páginas inteiras aos seus atletas paralímpicos. A cobertura dos dois eventos tinha a mesma intensidade.

Não sei se sempre foi assim, mas havia uma clara preocupação de se deixar as duas competições no mesmo nível. A proposta é mostrar que os Paralímpicos não são um sub-produto das Olimpíadas, mas um grande evento em si mesmo. Ou, como vi numa propaganda, é a competição dos verdadeiros heróis.    


Foto: Última tomada nos arredores do "Templo do Buda de Esmeralda", em Bangkok.