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Sunday, March 14, 2021

Para salvar o Brasil dos políticos do amanhã


 

Nos meus poucos textos sobre política, a intenção é de construir alguma coisa, mostrar uma perspectiva alternativa ou fazer uma interpretação dos fatos. Nunca uso esta ferramenta para desabafar ou transmitir qualquer mensagem contrária aos interesses nacionais. Aliás, se quiser desabafar, uso o Twitter.

Esta semana foi bastante movimentada na política nacional. Na fase mais terrível da pandemia, o STF centralizou as atenções com a anulação das condenações do Lula e o julgamento sobre o juiz Sérgio Moro.

A Lava Jato já estava nocauteada. O destino do juiz é apenas a cereja do bolo para muitos, entre os quais, o Lula. Existem várias possibilidades em relação ao futuro das duas personalidades, o que não muda a minha conclusão. A questão não deve ser quem foi punido ou deixou de ser punido pela famigerada operação, mas se teremos uma política bandida para sempre.

Deixando as nossas eventuais preferências de lado, parto das seguintes premissas: 1) A corrupção em todas as instâncias de governo do Brasil é generalizada; 2) A impunidade impera; 3) A Lava Jato, que parecia poder mudar este quadro desalentador, sempre esteve longe de ser um consenso entre juristas, principalmente pelos deslizes apontados pelo STF, que, mais cedo ou mais tarde, anulariam todas as condenações.

Quando a gente critica um ministro do STF por ser “garantista”, não é ele que está errado, são as leis e a constituição! Temos que modernizar nosso aparato legal para adaptá-lo à criminalidade do colarinho branco do século XXI. Tudo evolui, em especial o mundo das finanças e tecnologia, propiciando inúmeras situações imprevistas pelas leis antigas, válvulas de escape para o dinheiro sujo e outras circunstâncias amorais.

Não vou julgar ninguém nesse post, pois todos os corruptos estão por aí, livres, leves e soltos. A nossa geração produziu a Lava Jato, que bateu na trave, mas não fez gol. Precisamos pensar em proteger o Brasil das próximas gerações.

Nas últimas eleições, promovemos uma boa renovação do Congresso. Ainda insuficiente. Apesar dos poucos gatos pingados defendendo a pauta anticorrupção, ainda há um grande grupo de rabo preso. Só uma renovação brutal dos parlamentares salva o Brasil. Ela vai acontecer de qualquer jeito e é imprescindível acelerá-la.

A campanha 2022 já começou. A disputa presidencial costuma fazer barulho e capturar toda a atenção. Porém, no nosso presidencialismo moreno, o Congresso tem muito peso. A despeito dos seus muitos representantes indignos para a função, tem sido um freio para as loucuras presidenciais. É desnecessário relembrar os governos Dilma, Temer e Bolsonaro, todos distantes da unanimidade nacional.

Enfim, devemos deixar nossos bandidos de estimação de lado e desejar que as próximas gerações se libertem da discussão de quem rouba mais. Os bandidos de hoje não pagarão pelos seus crimes e o caminho para a correção passa pelo Congresso. Voltarei a este assunto em 2022. Só adiantei a reflexão, pois o clima pré-campanha ficou repentinamente aquecido. O debate e o desafio são bons para o Brasil, mas a disputa presidencial não é tudo.


Leitura complementar:

2022 é agora - Post de junho de 2020 


Foto: Plaza Mayor (Madrid, Espanha). Felizmente, consegui fazer esta viagem de férias no começo de 2020. Voltei poucos dias antes do confinamento.

Friday, June 26, 2020

2022 é agora!



Bolsonaro e seu clã estão sob pressão. Há várias investigações em curso e algumas delas podem levar à interrupção do seu mandato. Se não restam dúvidas sobre a sua desonestidade e incapacidade, o desfecho das diligências não é certeiro. Sim, o presidente pode terminar o seu mandato. Este post trata desta possibilidade, nem tão remota como gostaríamos.

De vez em quando, ouço ruídos vindos das redes sociais anunciando “Bolsonaro reeleito” ou “Fechado com Bolsonaro até 2026”. Dá para entender o cálculo do Planalto, ecoado pelos seus fiéis seguidores. O mais difícil é terminar o mandato. Se o presidente for até o fim, a reeleição pode até ser apertada, mas estaria ganha.

Do outro lado do espectro político, o PT também tem a mesma sensação. Diversas atitudes do Lula mostram claramente a sua vontade de pegar um atalho direto para o segundo turno de 2022, através de algum nome abençoado por ele. Por exemplo, quando não aderiu às primeiras discussões sobre o impeachment e pela recusa de formar uma frente ampla com outras lideranças políticas brasileiras.

Considerando-se que teremos os mesmos protagonistas das últimas eleições em 2022, o cálculo do Bolsonaro e do Lula está correto. Ambos estão muito confiantes em alavancar a vitória em cima da rejeição alheia. Ainda é cedo para fazer contas, mas, decerto, aqueles 10 milhões de votos de vantagem do Bolsonaro já devem ter ido para o espaço.

Para garantir a revanche, os dois lados fazem um jogo tão preciso, que parece combinado. A máquina bolsonarista destrói a reputação de qualquer nome novo que surja à direita. Vejam a violência dos seus ataques a João Dória, Luciano Huck, Sérgio Moro e tantos outros. Do lado esquerdo, a máquina petista mantém a sua hegemonia, com a devida truculência quando necessário.

Desta forma, estamos indo de cara para um Bolsonaro X Candidato do PT, duelo a ser decidido conforme a nossa rejeição. É o nojo contra o asco. Fomos incapazes de evitar esse cenário em 2018 e podemos repeti-lo em 2022.

Talvez, meus caros leitores já tenham percebido a situação. O quadro pode até ser óbvio para alguns. Confesso que estou bastante incomodado com a catástrofe anunciada. Este post serve de alerta àqueles que ainda não perceberam a situação e que também possamos imaginar alternativas.

A abreviação do mandato do atual presidente é imperativa. Devemos usar todos os meios legítimos para buscá-la. Seria um alento e, talvez, um golpe mortal no bolsonarismo. Talvez. O provável acirramento dos seus seguidores e o velho conhecido discurso do golpe não ajudarão a encontrar respostas melhores.

Numa estimativa rudimentar, petistas e bolsonaristas representam 40% do eleitorado. É muito, mas existem outros 60%. Uma maioria que não deve assistir ao espetáculo de mãos atadas, a fim de evitarmos mais quatro anos perdidos.

Não existe e nem vai existir uma terceira via abrangendo todo o espectro ideológico entre o petismo e o bolsonarismo. Deveríamos chegar a 2022 com uma lista de nomes fortes, candidaturas viáveis e estruturadas. Nós, os 60%, deveríamos trabalhar na construção dessas candidaturas. Deixemos e ignoremos o trabalho de destruição feito pelos outros 40%.

Embora tenha uma preferência pessoal pelo parlamentarismo, acreditando que seja a vacina definitiva contra presidentes muito ruins, sei que não há condições de retomar esse debate. Entretanto, podemos retomar a discussão das reformas para aperfeiçoar nosso sistema político-eleitoral. Sempre é oportuno melhorar as regras de representatividade, financiamento e reeleição, entre outras.

Enfim, este post foi um convite para pensar nas alternativas para evitar um repeteco de 2018, com a esperança de convergirmos para duas candidaturas razoáveis o bastante para remover os representantes do bolsonarismo e do petismo no segundo turno de 2022. Lembrando que tudo começa sempre com o voto consciente.

 


Foto: Parlamento austríaco, Viena (2016). Logo depois do retorno ao Brasil, tirei umas férias na Europa. Oportunidade de revisitar Viena e conhecer outras cidades que ilustrarão este blog. Quanto a ilustrar essa matéria com a foto de um parlamento? Coincidência 😉