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Sunday, October 4, 2015

Rugby 2015

A última vez que comentei sobre rugby foi na Copa do Mundo de 2011. Quatro anos depois, estamos chegando às quartas de final da Copa de 2015, organizada pela Inglaterra.

Uma das maiores surpresas deste torneio aconteceu ontem à noite, quando a Inglaterra foi eliminada ainda na fase classificatória. Segundo a imprensa francesa, uma “humilhação histórica”. No grupo mais forte, ela acumulou duas derrotas, para Austrália e País de Gales. A Inglaterra no rugby é a mesma Inglaterra do futebol. Inventou o esporte, tem tradição, mas...

Enquanto escrevo este post, a Argentina, que constrói uma tradição no esporte, garante sua passagem para a próxima fase. Já o Japão protagonizou uma das maiores zebras da Copa, ao vencer a tradicionalíssima África do Sul. Muito provavelmente, fica fora da próxima fase. O Japão do rugby é o mesmo Japão do futebol!

O rugby tem ganho muita popularidade na Europa. Nos países participantes da competição, a cobertura midiática não perde para a Copa da FIFA. Na França, atual vice-campeã, o esporte tem a mesma atenção do que o futebol em época de Copa, páginas e mais páginas dos jornais e muito tempo de TV. Já na Bélgica, sem grande tradição no rugby, fala-se muito pouco sobre o assunto.

O futebol  talvez tenha o fardo de ser o mais popular does esportes. Com tamanha visibilidade e tanto dinheiro envolvido, seus dirigentes sucumbem facilmente às tentações. Michel Platini, visto como a esperança para endireitar o futebol, está mais perto da cadeia do que da presidência da FIFA. Definitivamente, a gestão do rugby não é a mesma do futebol.


Foto: O campinho de lavanda mais famoso da França, junto à Abadia de Sénanque, neste verão.

Sunday, March 11, 2012

É ou não é?

Na última semana, um vídeo oficial da Comunidade Europeia provocou grande polêmica. Veja aqui. É racista ou não? Alguns dizem que o filme abusa dos estereótipos. Outros, que seria "apenas" politicamente incorreto. A voz dos descontentes pesou e o filme não será mais divulgado.

Não sei se chineses, indianos e brasileiros sentiram-se ultrajados. A representação do continente por uma mulher branca foi infeliz, trata-se de um certo desrespeito às próprias minorias que vivem no continente.

E a campanha eleitoral da França? Racista ou não? Marine Le Pen, líder da extrema direita, acusou que a carne consumida em Paris provém de animais abatidos segundo os rituais muçulmanos e judaicos. A resposta de Sarkozy veio a altura da sua opositora. O desesperado Presidente mandou que toda carne halal ou kasher seja muito bem identificada para que nenhum francês tenha dúvidas do que consuma. Imaginem só, um cristão comendo uma carne dessas! Cruz credo!

Ontem, um cronista brasileiro lembrou do aniversário do tsunami que devastou parte da costa japonesa. Comentando sobre o que já havia sido reconstruído, aclamava o povo japonês: Unido, determinado, organizado, etc. A mensagem de uma certa superioridade foi explícita. Diz ele: "Que povo!"

Racista ou não? A Nação japonesa pode funcionar melhor do que a brasileira, mas nenhum povo é melhor do que outro. O acidente de Fukushima só não foi o maior acidente nuclear da história por muito pouco. Um povo "superior" não faria usinas tão vulneráveis, não acumularia uma história de corrupção e escândalos na gestão do seu parque nuclear e talvez soubesse gerenciar melhor uma crise daquela magnitude. Enfim, somos solidários, torcemos pelo Japão, mas somos tão bons quanto eles.


Foto: No Navy Pier, em Chicago. A roda-gigante moderna homenageia o local que testemunhou a primeira delas, durante a Exposição Universal de 1893. À época, a ideia foi uma construção que rivalizasse com a Torre Eiffel, apresentada na edição parisiense de 1889.

Monday, March 21, 2011

Nem fóssil nem físsil

Os acidentes nucleares do Japão geraram uma onda de questionamento desta forma de energia no mundo inteiro. Na Europa, o destaque é a França, o país que mais depende desta fonte em todo o planeta (74%). Excluindo-se, obviamente, os verdes, as posições contrárias à energia atômica não são vinculadas nem à direita nem à esquerda. Vozes de todos os partidos clamam pela discussão.

Até antes do episódio nipônico, a França estava bem na foto com a sua independência energética. Trocou o fóssil pelo físsil. Areva e EDF têm apresentado propostas no mundo inteiro, vendidas pessoalmente pelo Presidente. Por incrível que pareça, as fazendas de energia eólica e solar despertavam mais controvérsias do que as usinas atômicas. Elas se instalaram de forma desordenada, gerando uma série de conflitos com agricultores e pequenas cidades.

Ao contrário da Alemanha e da Itália, que já preparam a sua despedida do átomo, a França não deve fazê-lo tão cedo. Talvez interrompa a sua expansão. Entretanto, a tragédia japonesa nos ensina, mais uma vez, que não se brinca com energia nuclear.

Apesar da imagem de seriedade da sociedade japonesa, os escândalos na gestão do seu patrimônio nuclear não são recentes. Houve uma série de pequenos acidentes em suas usinas nas duas últimas décadas. Todos convenientemente abafados. O Brasil não faria pior.

Se a energia nuclear já é uma atividade intrinsecamente arriscada, qualquer ingerência humana a torna incontrolável. Talvez, por isso, muita gente prefira nem confiar nela. Energia nuclear não combina com gestão empresarial. Combina com segurança ao extremo, redundância, controles e mais controles, etc.

Enfim, o modelo francês com duas estatais gordas e pouco preocupadas com produtividade é o menos ruim para se explorar a energia nuclear. A França poderá aumentar ainda mais seus requisitos de segurança e começar a pensar num portfólio mais variado de fontes de energia.

Se queimar petróleo e seus derivados é um crime contra o planeta, quais seriam as alternativas? A combinação de fontes de energias limpas e renováveis está aí para ficar. Também acho que um grande projeto para se diminuir as perdas no transporte e consumo da energia seria muito importante.



Foto: Um outro prédio histórico da Abadia de Fontenay (Borgonha).