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Sunday, November 21, 2010

Retrocomissão

Agora que o escândalo Bettencourt está perdendo força, o atentado de Karachi volta à cena. Leiam o meu post "The Ugly, The Bad and The Worse - Parte II" para compreendê-lo. O processo tem sido lento, mas as famílias das vítimas estão cada vez mais próximas de uma resposta oficial do Governo.

Com essa notícia requentada, pelo menos pude aprender uma palavra essencial para os nossos dias: Retrocomissão. A palavra não existe na língua portuguesa, mas, em compensação, a prática é deveras conhecida. Digamos que é uma das formas mais elementares de corrupção e financiamento de campanhas. Exemplificando, imaginem uma transação comercial, onde o comprador de um produto ou serviço exige uma comissão do vendedor. O vendedor, ainda mais malandro do que o comprador, não só concorda em pagá-la, como paga a mais, solicitando que a diferença seja creditada numa conta secreta. Esta é a tal da retrocomissão.

Existem muitas variantes para receber a retrocomissão, envolvendo-se paraísos fiscais, ONGs, laranjas e, acredite se quiser, filhos e parentes próximos. (Ah, não diga!)

Esse velho novo escândalo de comissões e retrocomissões coloca em choque uma série de políticos da direita francesa (UMP), opondo, sobretudo, Sarkozy e os políticos que ele esmagou para galgar ao Eliseu. Nessa história, não tem santo, como sugere o meu post anterior. Em todo caso, o articulado e refinado Dominique de Villepin, outrora humilhado por Sarkô, terá sua pequena chance de vingança.


Foto: Os próximos posts são ilustrados com fotos recentes da parte norte da Borgonha. Acima, o teatro romano de Autun.

Friday, September 11, 2009

Francamente 1

Escândalo de última hora na França! O Ministro do Interior, Brice Hortefeux, que ocupa um dos cargos mais importantes do governo, foi flagrado num momento de racismo explícito. A coisa está quentíssima por aqui.

Durante a última universidade de verão da UMP (partido do Sarkozy), um jovem militante de origem árabe, Amine, entra na roda da cúpula do partido. Entre eles, Brice Hortefeux, Jean-François Copé (líder da UMP no Congresso) e outros participantes não tão conhecidos. Por alguns segundos, Amine é o centro das atenções da rodinha. Vejam o diálogo, na minha tradução livre a partir da transcrição dos jornalistas:

Um participante: Ah, Amine, isto é a integração!
Hortefeux (sobre Amine): E ele ainda é bem maior que nós!
Outro participante: E ele fala árabe!
(Risos)
Copé (para Amine): Não se deixe impressionar, estes são socialistas infiltrados!
Uma participante: Ele é católico, come porco e bebe cerveja!
Hortefeux: Isso definitivamente não corresponde ao estereótipo!
(Risos)
Um participante: Nosso pequeno árabe!
Hortefeux: Sempre é necessário ter um. Quando tem um está bem. Mas quando tem vários que aparecem os problemas. Vamos lá, boa sorte!

Vídeo disponível no Youtube e Dailymotion.

Vejam que o vídeo mostra um clima extremamente descontraído. Pois a realidade é assim mesmo. Este tipo de ironia é tão comum, que as próprias minorias agredidas acostumam-se e nem se dão conta da agressão. Hoje, o jovem militante de origem árabe saiu em defesa do ministro do seu partido.


Foto: Ainda em Sienna. Acima, detalhe do paço municipal. Abaixo, uma montagem com as fotos das bandeiras que se espalham pela cidade. Cada um dos 17 bairros do núcleo medieval tem o seu estandarte, orgulhosamente defendido na Corsa del Palio. A corrida de cavalos não tem nenhuma relação com o que se passa hoje em qualquer hipódromo. Historicamente, era realizada pelas ruas estreitas da cidade, colocando-se em risco o cavalo, o cavaleiro e o público. Em 1605, ela foi transferida para a Piazza del Campo, de onde nunca mais saiu.