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Wednesday, September 23, 2009

Cavaleiro negro 2


Por razões óbvias, os consumidores querem uma nova operadora de celular, a quarta da França. A expectativa é que ela traga um novo dinamismo ao mercado: Novas ofertas e novos preços. A França pode ser competitiva na Internet e telefonia fixa, mas quando o assunto é celular, a coisa não é tão boa assim.

Ao contrário do mundo emergente, o mercado europeu está saturado, tem mais celular do que gente! As empresas vivem de torpedos e outros serviços. Não há novos mercados, os clientes pulam de uma operadora para outra.

A Free é candidata única à quarta licença. Os operadores tradicionais estão fazendo de tudo para bloquear a sua entrada. Eles conhecem a criatividade e a ambição desmedida do seu fundador Xavier Niel. Além do lobby tradicional e da vasta rede influência da Orange, SFR e Bouygues, a grande amizade pessoal de Sarkô com este último não é de se descartar.

Mesmo que uma maior competição seja interessante para o governo, os três grandes possuem um belo coringa. As duas primeiras licenças custaram 5 bilhões de euros (Orange e SFR). A terceira licença saiu por 600 milhões (Bouygues). A Comissão Européia, em nome de uma concorrência justa, mandou o governo corrigir o preço das duas primeiras para 600 e devolver a diferença. Agora, a quarta licença está cotada a 240 milhões. Imaginando que a Comissão Européia imponha o mesmo critério, o governo francês estaria arriscando muito. A propósito, por que nunca se discutiu este assunto no Brasil?

Orange, Bouygues e SFR anunciaram que a chegada de um operador low cost poderia suprimir até 30 mil empregos nos seus quadros. No momento em que a Europa está vivendo, esse tipo de chantagem assusta. Cabe a Free dizer quantos empregos ela poderá criar.

No vale tudo contra a Free, entra até o apelo à histeria nacional. A sociedade começa a se mobilizar contra as Estações Rádio Base das redes de celulares. Há inúmeras batalhas na Justiça para remover antenas nas proximidades de escolas, hospitais e residências. Os processos existentes estimulam outras pessoas a aderir à causa. As operadoras defendem-se na Justiça. Elas ganham muitas vezes, até pela falta de embasamento científico dessas ações. De qualquer maneira, espalha-se por aí que uma operadora a mais representa ainda mais antenas.

O processo de licitação está no final. Apesar do seu caráter técnico, os políticos terão a última palavra. Vamos ver a habilidade de política de Xavier Niel para contornar todas essas barreiras. Experiência não falta. Quem foi cafetão durante tanto tempo sabe lidar muito bem com deputados, senadores e burocratas em geral.


Foto: A Praça do Anfiteatro em Lucca. O anfiteatro foi-se há muito, mas a praça conservou o formato. A bela cidade de Lucca é uma das atrações da Toscana, marcada principalmente pelas muralhas intactas que cercam a cidade.


Sunday, September 20, 2009

Cavaleiro negro 1


Se os preços dos serviços franceses são invariavelmente mais altos que os brasileiros, na área de telecomunicações, a diferença pesa a favor da França. Depois da desregulamentação, a população aderiu maciçamente às ofertas integradas de telefonia ilimitada, internet banda larga e televisão. O conjunto de canais, países com chamada gratuita e banda variam um pouco, mas a brincadeira fica entre 30 e 40 euros mensais. Sem dúvidas, um dos preços mais baixos do mundo. O fenômeno permitiu uma inclusão digital sem precedentes. Os gigantes do ramo reclamam um pouco, mas aprenderam a vender outros serviços.

A desregulamentação e a livre concorrência foram essenciais para esta revolução. Foi uma empresa independente, sem pedigree, que lançou a caixinha que integra telefone, internet, televisão e ainda uma rede wifi doméstica. Graças à Free Telecom, a solução existe e o preço do pacote básico está estacionado nos 29,99 euros desde 2003. A cada dia, ela rouba um pouquinho do mercado dos operadores tradicionais.

Xavier Niel, acionista e fundador da Free, é um self-made man de uma espécie raríssima num país de tantos controles. Montar um império de telecomunicações a partir do nada é praticamente impossível. Se o seu arrojo já o coloca como inimigo número um do empresariado tradicional, a sua carreira também não ajuda. Além de não ter passado pelos bancos universitários, formou a sua poupança como proxeneta - vulgo cafetão - e outras atividades ligadas à pornografia.

Xavier não está satisfeito. Com a convergência das telecomunicações, não dá para ficar por aí. A integração dos serviços de telefonia celular dará ainda mais flexibilidade à sua oferta. A Free quer entrar na telefonia celular, a galinha dos ovos de ouro das telecomunicações, um terreno ferrenhamente defendido pelos três únicos operadores franceses autorizados: Orange, Bouygues e SFR. Os mesmos três operadores que viram seu mercado de telefonia fixa e internet serem abocanhado pelo ousado novato. Enfim, é um contra todos e todos contra um!



Foto: Na rota das vinícolas dos chamados super-toscanos, encontrei esta casinha, onde funciona um centro de informações para os enófilos. Para efeitos de localização, a área está ao sul de Livorno, ao longo da Via Aurélia, via que liga Pisa à Roma há mais de 2200 anos. A Ornellaia (Bolgheri) está a uns 10 minutos desta casa.

Thursday, September 17, 2009

Francamente 4

Como de hábito, interrompo uma série de posts sobre assuntos irrelevantes para falar das coisas que realmente importam, daquelas que mudam a história da humanidade. Talvez vocês não durmam esta noite, mas eu tenho que contar: O governo francês vai vender os seus haras!

Depois de muita reflexão e discussão interna, Sarkô resolveu tomar esta importante decisão. Não se assustem, o fato ainda não está consumado! Melhor planejar uma boa transição da passagem dos gloriosos Haras Nacionais para o mundo privado.

Aliás, a palavra glorioso nunca foi tão bem empregada, pois a cavalaria local faz sucesso desde Roma. Não é difícil entender o papel fundamental dos cavalos durante muitos séculos da aventura humana.

Os Haras Nacionais foram fundados por Luís XIV. A sua época, a França era a grande potência e os cavalos, peças fundamentais do seu poderio militar. O tempo passou, mas a rede de haras permaneceu. A instituição possui uns 1000 funcionários e 800 cavalos. Se ela tem um papel cada vez menos importante, ela ainda conta com um belo patrimônio imobiliário.

Pelo que eu conheço da França, deve existir um sindicato de funcionários dos Haras Nacionais, que vai vender muito caro esta privatização. Não duvido que façam uma greve. Provavelmente, os garanhões agradeceriam o descanso, pois uma das principais funções dos haras é a reprodução da espécie. In vitro, para tristeza dos equinos.

Abrir mão da rede de haras está entre as milhares de iniciativas escolhidas pelo governo em direção da competitividade. Assim, um dia, quem sabe, o país volte a crescer a galope.


Fotos: A pequena Fiesole é uma cidade de origem etrusca situada sobre uma colina nas proximidades de Florença. Justamente por isso, uma das suas maiores atrações é a visão panorâmica da capital toscana. A cidade tem um conjunto de ruínas romanas considerável, que incluem um anfiteatro em ótimo estado. Na foto, sua praça principal.

Tuesday, September 15, 2009

Francamente 3

Noite passada, um bêbado caiu nos trilhos do TGV. Encaixou direitinho entre os trilhos. O trem passou e ele não sofreu nenhum arranhão. Se tivesse acordado e levantado a cabeça com o barulho, teria sido degolado. E olha que um trem bala faz barulho e um belo vento! Moral da história: Nunca fique meio bêbado. Ou fique sóbrio ou totalmente bêbado.

A identidade do sujeito foi preservada. Tudo indica que a manguaça teve uma origem festiva. Aqui o pessoal é mais sofisticado, embriagam-se com Bordeaux, Cognac e Champagne.

As investigações apenas começaram. A hipótese de suicídio também é lembrada nessas situações. Sobretudo nos dias de hoje, quando as estatísticas de suicídio explodem. Só a France Telecom (Orange) acumula 23 casos em pouco mais de um ano. Muitos corpos de vantagem sobre a ex-campeã no quesito, a Renault.

Não é difícil entender o que acontece nessas empresas. Trata-se do chamado choque de gestão mal conduzido. As empresas recém inseridas num ambiente competitivo mudam a antiga cultura paternalista para uma meritocracia rigorosa, com objetivos muito arrojados. Evidentemente, uma parte dos empregados não se adapta ao sistema, outros jamais atingem as suas metas. A ameaça da demissão e o rótulo do fracasso, somados aos problemas pessoais e associados à natureza de cada um levam a tais decisões extremas.

Enfim, os empregos são como este post. Começam engraçados, mas podem ter um final amargo.


Foto: Arezzo, outra cidade da Toscana, cujo destaque é a Piazza Grande. Ali não há nenhuma Corsa del Palio, mas um secular torneio de cavalaria, a Giostra del Saracino. Como toda festividade originária da Idade Média, ou sobra para um muçulmano ou para um judeu.

Sunday, September 13, 2009

Francamente 2

O governo francês reforçará os cofres públicos com a taxa carbono, que incide sobre o gás, a gasolina e outros combustíveis fósseis. O apelo do desenvolvimento sustentável certamente facilita a sua aceitação. Não tenham dúvidas de que a ideia espalhará pelo mundo!

O imposto será revertido em projetos de redução de emissão de gás carbônico, no nível doméstico, público e corporativo. Se funcionar, será ótimo, pois a França já possui uma matriz energética diferenciada. Entre as grandes nações, é a única que conseguiu a independência graças à energia nuclear.

Como exemplo prático, o governo já tem uma máquina bem azeitada para subsidiar investimentos residenciais na melhoria do isolamento térmico, modernização do aquecimento, implementação de energia solar, renovação de iluminação, etc. Este esforço será substancialmente reforçado.

Imposto à parte, o compromisso do país com a sustentabilidade e a redução de emissões é louvável. Em nome do planeta, peço que os governantes do mundo copiem isto. Quanto ao novo imposto, bem, vamos conversar um pouco melhor ;-)


Foto: O guindaste atrapalhou a bela foto do Duomo di Siena, do século XIII, no melhor estilo gótico característico da Toscana. Não seria difícil editar a foto e tirá-lo. Por princípio, eu não retoco nenhuma foto, apenas reduzo a resolução.

Friday, September 11, 2009

Francamente 1

Escândalo de última hora na França! O Ministro do Interior, Brice Hortefeux, que ocupa um dos cargos mais importantes do governo, foi flagrado num momento de racismo explícito. A coisa está quentíssima por aqui.

Durante a última universidade de verão da UMP (partido do Sarkozy), um jovem militante de origem árabe, Amine, entra na roda da cúpula do partido. Entre eles, Brice Hortefeux, Jean-François Copé (líder da UMP no Congresso) e outros participantes não tão conhecidos. Por alguns segundos, Amine é o centro das atenções da rodinha. Vejam o diálogo, na minha tradução livre a partir da transcrição dos jornalistas:

Um participante: Ah, Amine, isto é a integração!
Hortefeux (sobre Amine): E ele ainda é bem maior que nós!
Outro participante: E ele fala árabe!
(Risos)
Copé (para Amine): Não se deixe impressionar, estes são socialistas infiltrados!
Uma participante: Ele é católico, come porco e bebe cerveja!
Hortefeux: Isso definitivamente não corresponde ao estereótipo!
(Risos)
Um participante: Nosso pequeno árabe!
Hortefeux: Sempre é necessário ter um. Quando tem um está bem. Mas quando tem vários que aparecem os problemas. Vamos lá, boa sorte!

Vídeo disponível no Youtube e Dailymotion.

Vejam que o vídeo mostra um clima extremamente descontraído. Pois a realidade é assim mesmo. Este tipo de ironia é tão comum, que as próprias minorias agredidas acostumam-se e nem se dão conta da agressão. Hoje, o jovem militante de origem árabe saiu em defesa do ministro do seu partido.


Foto: Ainda em Sienna. Acima, detalhe do paço municipal. Abaixo, uma montagem com as fotos das bandeiras que se espalham pela cidade. Cada um dos 17 bairros do núcleo medieval tem o seu estandarte, orgulhosamente defendido na Corsa del Palio. A corrida de cavalos não tem nenhuma relação com o que se passa hoje em qualquer hipódromo. Historicamente, era realizada pelas ruas estreitas da cidade, colocando-se em risco o cavalo, o cavaleiro e o público. Em 1605, ela foi transferida para a Piazza del Campo, de onde nunca mais saiu.



Thursday, September 10, 2009

Rafale

Rafale significa rajada de vento. Pelo menos na França, a venda de 36 caças da combalida Dassault ao Brasil está sendo muitíssimo festejada. O vento veio em boa hora. Vejamos:

1 - Talvez, em outra época, um volume de negócios desse porte passasse despercebido. Neste momento difícil ainda vivido pela Europa, qualquer contrato novo é importante. Os políticos têm brigado pela preservação de fábricas com menos de 100 empregados. Vale tudo para se manter os empregos no velho mundo! Foi como se Sarkozix tivesse voltado para sua aldeia com uns três javalis nas costas. Um herói!

2 - A Dassault, lendária fabricante do Mirage, vive de aviões executivos (Falcon). Nenhum país comprou o Rafale até hoje. Só mesmo a própria França. A coisa está preta. Vale lembrar que o Brasil tem planos para comprar 120 aviões e não somente 36. Depois dos aviões: Serviços, assistência técnica, manutenção, treinamento, etc.

3 - A França tem uma oferta militar bem razoável. Com a forcinha do Brasil, outros países podem se animar e comprar não apenas da Dassault, mas de toda a comunidade de empresas que compõe a alternativa aos EUA, Rússia e outros. A aceitação do Brasil é decisiva para a venda para aos Emirados Árabes, Grécia, Suíça e Índia, os próximos da lista.

Agora, tendo em vista a relevância do contrato para a França, cabe ao Brasil negociar. Não parece ser o caso, mas a Dassault tem perdido negócios ligados ao Rafale quando as coisas parecem estar definidas. O episódio mais folclórico foi com o Marrocos. Sarkô foi ao país, como fez com o Brasil, recebeu um tapinha nas costas, enquanto o Marrocos passava o pedido para os EUA.

Muita gente tem comentado sobre a transação. Da ridicularização completa até a exaltação patriótica, tem de tudo. Eu mesmo mandei bala via Twitter. Imagino que a decisão do governo brasileiro não tenha sido fácil. Talvez seja por isso que o assunto vem sendo empurrado com a barriga desde FHC.

Não tenho dúvidas de que o Brasil precisa desses aviões. As maiores críticas, fundadas ou não, são com respeito à concorrência, à escolha do pacote mais caro com um avião que não é nenhuma unanimidade.

Por outro lado, reconheço que, por natureza ideológica ou não, sempre esteve claro que o critério de "transferência tecnológica" seria decisivo. Se esta transferência será eficaz, se é apenas um engodo ou um dispositivo claramente antiamericano, não posso julgar. Vamos esperar que os especialistas se manifestem e que os detalhes da transação venham à tona. E que bons ventos tragam a nova frota de caças brasileira!


Fotos: A Piazza Del Campo em Sienna, um lugar fantástico! A praça central da cidade é transformada em hipódromo (Corsa del Palio) duas vezes por ano. Cheguei lá na véspera, a praça já estava em plena transformação, com pistas e arquibancadas prontas. O conjunto medieval é excepcional e o assédio de turistas acaba dando muita vida à cidade. Aquilo ferve! Na foto acima, uma imagem dentro da praça, ainda bem cedo. Na foto abaixo, a vista da praça a partir de uma torre mais afastada, onde o prédio do paço municipal se destaca.


Monday, September 7, 2009

Línguas 3

A França não mede esforços para manter a vitalidade da sua cultura e do seu idioma. Ao mesmo tempo, o seu governo está determinado a transformá-la numa nação bilingue, um objetivo ainda distante.

Lembro que bilingue significa acrescentar o domínio do inglês. Óbvio? No sul da França, onde convivem com o francês, o catalão, o provençal (occitano) e o basco, eles já se consideram suficientemente bilingues!

As últimas estatísticas do TOEFL, no entanto, colocam-na entre os países europeus com os piores resultados, junto com o Kosovo, a Albânia e o Chipre. Vale ressaltar que a amostra de resultados do TOEFL não é representativa de toda a população estudantil, mas somente daqueles que se submetem voluntariamente ao mesmo.

A parte oral do exame é a pedra no sapato dos franceses. Se servir como consolo, os italianos estão piores neste quesito.

Mesmo com o péssimo ranking da França, no dia a dia, é visível a importância crescente do inglês. Foi-se o tempo daquela aversão folclórica a tudo que vinha do outro lado do Canal da Mancha. Apesar do conhecimento básico do idioma por grande parte da população, por enquanto, as portas das melhores universidades do mundo estão fechadas para a maioria dos estudantes franceses.

Um artigo do Le Monde sobre o assunto perguntou em tom de humor: Teria o DNA gaulês alguma incompatibilidade com a língua inglesa?

Eu diria que ainda não existe nenhuma relação comprovada entre o DNA e a habilidade de se aprender uma língua ou outra. Mas, uma coisa é certa, os gauleses aprenderam latim "rapidinho"!


Foto: Depois de Florença, passei uma semana numa villa italiana, na pequena cidade toscana de Donnini. A villa fica numa colina de onde se avistava o núcleo urbano de Donnini, daqueles que não tem nem uma banca de jornal. A foto mostra a vista da janela nas primeiras horas da manhã.

Thursday, September 3, 2009

Línguas 2

A Inglaterra segue o caminho dos EUA rumo ao monolinguismo. A piada é que, na Europa, o idioma único será o inglês. Nos EUA, o espanhol!

Falando sério, foi o governo Tony Blair que desobrigou o aprendizado de uma língua estrangeira a partir dos 14 anos. A medida populista foi contestada na própria Inglaterra, mas quem sofreu o golpe foram os moribundos idiomas francês, alemão e italiano, entre outros. A procura dos estudantes ingleses por tais cursos despencou.

Apesar da importância crescente do inglês, a Europa encontrou uma forma de trabalhar, respeitando a língua de cada país membro. Vejam, por exemplo, a home-page da União Européia (europa.eu). Assim como o site apresentado em 23 línguas, milhares de documentos são produzidos em 23 versões e as reuniões são acompanhadas por dezenas de intérpretes, uma das profissões mais comuns em Bruxelas.

Se este é o caminho da paz e da prosperidade, que assim seja. De qualquer forma, todo europeu sabe que sem o domínio do inglês será difícil arrumar qualquer emprego, com ou sem o paternalismo tão caro ao velho mundo.

A propósito, eu estou numa Comissão Européia sobre educação em informática. Tenho reunião em Bruxelas daqui a alguns dias. Ninguém disse que eu poderia falar português! Snif...snif...


Fotos: Duas tomadas da Basílica de Santa Croce. Na minha opinião, uma das visitas mais importantes de Florença. Ali jazem Galileo, Maquiavel, Michelangelo, Marconi, Rossini, entre outros. Ou seja, personagens que representam a grande contribuição da península itálica à Humanidade ao longo dos séculos. Dante recebeu uma dupla homenagem: A estátua na frente da Basílica (foto abaixo) e um cenotáfio (memorial fúnebre) no seu interior. Porém, a sua tumba está em Ravenna.



Tuesday, September 1, 2009

Línguas 1

Depois da hibernação de agosto, em setembro, recomeçamos tudo num ritmo frenético. Afinal, o semestre inicia-se hoje e só faltam quatro meses para acabar o ano!

Um fato bem típico e amplamente divulgado por aqui é a reentrada literária. De setembro até novembro, surge uma avalanche de novos títulos, debates na TV, suplementos especiais nos jornais e revistas e também os resultados dos grandes concursos literários do idioma francês, dentre os quais o principal é o Goncourt.

Apesar de todos fenômenos culturais (globais) que promovem a troca dos livros tradicionais por outros meios de informação, na França, o livro continua uma sólida instituição. Vendendo muito. Os autores franceses, idem. Sem dúvidas, uma fonte de vitalidade para o isolado idioma francês. Mas, isto é assunto para o próximo post.


Fotos: Acima o Duomo, obra essencial da Renascença, assinada por Brunelleschi e Giotto, entre outros. Na foto abaixo, a visão a partir do seu campanário, para se ter uma noção do tamanho do conjunto em relação ao resto da cidade.


Sunday, August 30, 2009

Crônica toscana 4

A “flexibilidade” italiana permitiu o renascimento da sua indústria vinícola. Na França, um vinho como o Ornellaia, um dos mais prestigiados da Itália, jamais teria alguma chance, pois a classificação dos vinhos e das regiões produtoras é mais inflexível do que a constituição nacional.

Além do mais, a Itália joga no time dos vinhos tipo Bordeaux, fortes e encorpados, que vendem mais e contam com a benção de Robert Parker e da revista Wine Spectator, dois dos agentes mais influentes do mundo do vinho.

Eu experimentei de tudo na temporada toscana, na dose aprovada pelos médicos de uma taça por dia. Tá bom, duas!! Chianti, Brunello di Montalcino, Montepulciano e os super-toscanos. Depois de algum tempo na França, a minha preferência mudou para Borgonha ou Beaujolais. Questão de gosto.

Os vinhedos italianos (Bolgheri em especial), o hotel-villa no Chianti e os passeios pela Toscana relembravam o documentário Mondovino, imperdível para quem gosta ou não de vinho. O documentário fala dos bastidores do Ornellaia, dos conflitos entre grandes e pequenos e muitos outros temas do mundo do vinho. A parte que eu mais gosto são os depoimentos de produtores franceses e italianos, daquelas pequenas vinícolas que passam de pai para filho ao longo dos séculos. Para os interessados, o filme é encontrado nas melhores casas do ramo. A série completa com 10 DVD é mais difícil. http://www.youtube.com/watch?v=dHBPvgOO29M


Fotos: O Palazzo Pitti, a casa nova do Duque. Os Medici deixaram o Vecchio Palazzo e mudaram para este belo conjunto renascentista no século XVI. O Palácio abriga uma bela galeria (na prática são diversos museus) e possui belos jardins (Boboli). Acima, a fachada do palácio. Abaixo, um pedaço dos jardins, o anfiteatro. Os jardins são enormes, mas o terreno não é nada plano. Difícil de fotografar. Pior de tudo, não é bom nem para uma corridinha!

Friday, August 28, 2009

Crônica toscana 3

Na hora de dirigir, fico muito mais à vontade na França. Vocês vão entender as minhas razões. A seguir, alguns comentários sobre as viagens automotivas exploratórias pela Toscana.

A indústria italiana de multas é tão agressiva quanto à brasileira. Há excesso de radares, sendo que as vicinais possuem longos trechos limitados a 50 km/h. Bastava andar nesta velocidade por alguns quilômetros, que se formava uma fila atrás de mim!

A Itália é bem criativa quanto à fixação de limites de velocidade. Encontrei as seguintes dezenas sinalizando velocidade máxima: 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90, 100, 110 e 130. Não me lembro de 120!

Na França, boa parte das rodovias com pedágio possui três faixas e um acostamento por pista. Na Itália, algumas das principais rodovias do país têm apenas duas faixas e um acostamento (bem sem vergonha) em cada pista. Pelo menos, a máquina do pedágio aceitava Amex!

Não deve ser fácil atualizar os mapas rodoviários italianos. Quando retirei o carro, a moça da Hertz falou: “Não confie muito em GPS por aqui”. Eu trouxe o meu, mas ela tinha acabado de alugar um para um turista americano. Exagero à parte, funcionou muito bem.

A maior emoção foi transitar na área de pedestres de Florença. No centro histórico, o acesso de veículos particulares é proibido. O hotel estava nesta área. Existia apenas um caminho autorizado da Hertz até a porta do hotel. Eu até consegui acertar, o problema é que cheguei na mão contrária.

De frente para o hotel, tinha que fazer uma curva de 180 graus numa rua em que circulavam ônibus nas duas mãos. Quis fazê-lo do jeito mais seguro e civilizado possível. Quando vi os ônibus vindo sem qualquer intenção de frear nos dois sentidos, resolvi sair da rua. Que bobagem! Entrei no centro histórico (calçadão) e não sabia como voltar à rua do hotel.

Passei pelo Duomo e pela Piazza della Repubblica. Só faltava entrar no Ponte Vecchio! Tudo era proibido. Afinal, não era para estar de carro ali. Depois de alguns longos (longuíssimos) minutos, achei um caminho para sair e caí no mesmo lugar, em frente ao hotel. Desta vez, encarei o “cavalo de pau”.

A recepcionista do hotel sabia que eu havia saído apenas para buscar o carro. A garage da Hertz ficava a uns 500m do hotel. Eu voltei meia hora depois! Todo suado. Deixei a chave com ela e falei: “Que calor que faz aqui”.


Foto: Entrada do Palazzo Vecchio. Abaixo, a visão geral. Acima, o detalhe com a réplica do David de Michelangelo. O original está no Museu da Academia, não muito distante da praça. O palácio do século XIII foi residência dos Medici e funciona como prefeitura de Florença atualmente.



Thursday, August 27, 2009

Crônica toscana 2

Uma boa surpresa: A Itália é bem mais flexível do que a França com relação à abertura do comércio aos domingos. Não enfrentei problemas nos passeios dominicais e nem mesmo no feriado de Ferragosto.

Sabia do risco que corria com o feriado de 15/08, especialmente após ter assistido o filmaço “Pranzo de Ferragosto”. Felizmente, encontrei restaurantes, bares, postos de gasolina e até um outlet aberto. A decepção foi com o próprio hotel. Trouxe pouca roupa, pois contava com o serviço de lavanderia. Para meu espanto, a lavanderia não funcionou por uma semana inteira por causa do Ferragosto (que caiu no sábado!).

A solução mais razoável seria eu mesmo lavar algumas peças (contra os meus princípios). Eis que a 10 km da villa, encontrei um disputadíssimo outlet de “marcas locais” em plena liquidação e aberto no sábado de Ferragosto. Não deu outra, comprei o que precisava. Quanto às marcas locais: Zegna, Ferragamo, Armani, Diesel, etc. Ainda bem que não precisava de grande coisa!


Fotos: Na foto acima, a charmosa e decorada Piazza della Signoria, onde estão localizados o Palazzo Vecchio e um dos museus mais importantes do mundo, a Galleria degli Uffizi. As réplicas de esculturas dão uma personalidade única à praça. Na foto abaixo, um detalhe do Palazzo Vecchio.





Tuesday, August 25, 2009

Crônica toscana 1

Não dá para reclamar do tempo na Itália neste verão. Sol brilhando todos os dias e termômetro batendo nos 38 graus todas as tardes. Eu acho até demais! Não é à toa que desembarquei na Normandia, com um clima bem mais ameno, para terminar as férias de cinco semanas, no melhor estilo francês.

A temporada na Toscana foi excelente. A viagem teve três pernas: Primeira etapa em Florença, para conhecer com calma o seu patrimônio cultural. A segunda parte foi numa villa afastada, mas ainda na região de Florença. A proposta foi ficar mais próximo de lugares como Chianti e Sienna e ter algum descanso. A villa funciona como um hotel-château francês, ou seja, é uma celebração enogastronômica (modo delicado de se dizer outra coisa). A terceira etapa foi junto ao mar, com base em Livorno, para se conhecer cidades como Lucca e Pisa, por exemplo.

Enfim, apesar de ser altíssima temporada, foi tranquilo. Se eu fosse sair do Brasil, não aconselharia agosto. Morando aqui na Europa, é inevitável. Garantia de tempo bom (fotos com céu azul) e por ser um mês em que tudo está preparado para férias mesmo. Além do mais, não dá para ficar em Lyon, onde as temperaturas chegam facilmente à casa dos 40 graus no verão.


Fotos: Cartão postal principal de Florença: Ponte Vecchio, uma ponte do século XIV sobre o Rio Arno. Esta substituiu a original romana destruída dois séculos antes. O charme são as lojinhas em ambos os lados da ponte, mostrada pela suas faces leste e oeste.





Sunday, August 23, 2009

Florença e Toscana

Não previ ficar tantos dias sem colocar um post neste blog. Em dois dos três hotéis em que estive nesta temporada italiana, o acesso à Internet era indecente. Coisas da Itália. Ou como diz a Kelly Jones: Neandertália. Mas, depois a gente fala sobre isso.

Não fiquei totalmente desconectado, pois o Blackberry funcionou bem, salvo quando estive mais afastado do centro. Temos que ser compreensivos, pois a Itália é muito grande para ser coberta pelas operadoras de celular!

Retomo os posts com fotos de Florença, capital da Toscana. Eu passo a próxima semana na Normandia, mas espero não ser decepcionado pela hotelaria francesa.

A foto de abertura é uma cena de começo da noite no Rio Arno, que corta Florença, cidade de riqueza cultural inigualável e berço da Renascença. Arrivederci!