Sunday, June 7, 2009

Pot au noir

Nossos colegas da Air France eram “keynote-speakers” do congresso desta semana e cancelaram sua participação. Por razões óbvias, estavam envolvidos num comitê de crise. A tragédia que uniu brasileiros e franceses ainda está sem explicações. Eu, com mais de um milhão de milhas entre São Paulo e Paris, também estou ansioso por uma resposta.

A imprensa francesa só fala do “pot au noir”, nome de guerra da tão falada zona de convergência intertropical, vasta área do planeta que inclui o trecho entre o Brasil e a África, onde estão os recém encontrados destroços do A330.

Pot significa panela, pote ou vaso. Noir é preto, evidentemente. A expressão vem da época da escravidão, quando os europeus levavam os negros da África às suas colônias americanas, gerando um intenso tráfego na região do desaparecimento do Airbus. Era justamente por lá, que os negros adoentados eram jogados ao mar, daí o “pot au noir”.

Considerando-se os milhões de escravos traficados e que uma simples gripe era motivo de descarte, só nos resta concluir que há muito mais coisas entre o Brasil e a África do que os corpos dos 228 passageiros do vôo AF447.


Foto: Sala de consertos, sede da Filarmônica checa e centro de exposições são algumas das funções do Rudolfinium, belo prédio do final do século XIX. Diante dele, uma escultura moderna orna a Praça Jan Palach (nome de um estudante que se suicidou em protesto da invasão soviética de 1968).

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