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Wednesday, July 23, 2025

PIX - A teta secou. Agora, vem a treta.



O governo norte-americano vai investigar se o PIX representa uma concorrência desleal para as empresas americanas de pagamentos. Será que eles têm razão?

A combinação da proliferação de bancos digitais com o PIX foi uma arma poderosa para resolver um problema brasileiro crônico: a desbancarização. Mais do que isso, resolveu com categoria — deu meios para que todos tivessem acesso aos serviços financeiros mínimos, permitindo realizar suas transações pessoais, seus bicos e os pequenos negócios da economia informal.

Ressalto isso porque é justamente o que eu esperaria de uma política pública: o governo não distribui peixes para todos, mas entrega anzóis e iscas em abundância.

A crítica poderia vir do argumento de que bancamos todas essas transações com o erário público. Mas a verdade é que o valor de dinheiro público investido na construção e manutenção do PIX é irrisório comparado com grandes projetos de tecnologia ou mesmo diante dos valores movimentados pelo Governo.

Antes do PIX, o caso de sucesso mais próximo foi o da Índia (2016), que enfrentou uma pobreza ainda mais severa e obteve resultados impressionantes: incluiu milhões no sistema financeiro, reduziu a informalidade; aumentou a arrecadação ao a evasão fiscal e estimulou o empreendedorismo informal. 

Enfim, mesmo eu — que não sou fã da mão pesada do Estado — reconheço: o PIX é infraestrutura. Mais do que isso, é um instrumento de inclusão muito mais eficiente e eficaz do que muitos outros benefícios sociais.

Resta aos incumbentes adaptarem a sua oferta. Há outras formas de oferecer serviços diferenciados. Tá com pena da Visa ou da Mastercard? A vida dos negócios é assim mesmo — especialmente em tempos de rupturas e transformações sucessivas.


Foto: Cecilienhof, local da famosa conferência de Potsdam, uma evento marcante do pós-guerra. Em Potsdam, Alemanha (abril de 2024).


Thursday, October 15, 2020

Cueca


A pandemia provocou uma certa aversão ao papel moeda. É cartão pra cá, cartão pra lá, celular pra cá, celular pra lá. A abundância de maquininhas de pagamento permitiu que qualquer comerciante possa oferecer opções de pagamento com ou sem contato. Imagino que muitos jovens tenham dispensado a boa e velha carteira. Documentos e dinheiro foram finalmente digitalizados.

Com o lançamento do PIX, tudo ficará ainda mais dinâmico, confiável e barato. Bom para todo mundo. Digo todo mundo mesmo. A enorme população desbancarizada do Brasil – cerca de 45 milhões - será grande beneficiária.

O projeto do PIX é um marco em si. Foi coordenado com competência pelo BACEN, que mostra sua determinação em fazer do nosso sistema financeiro uma referência mundial e aumentando a sua competição interna.

Entretanto, às vésperas deste marco importante, uma trágica contradição: mais um político é flagrado com dinheiro na cueca. Literalmente, dinheiro sujo. E o que dizer então da recém-criada nota de 200 reais? Enquanto que uma parte da gestão pública vai na direção certa, uma outra continua no mau caminho.

As transferências diretas de dinheiro - TED, DOC, boleto e cartões - deixam rastro, assim como o PIX. Bandidos e corruptos continuarão precisando de papel moeda para acobertar suas tenebrosas transações.

A digitalização do dinheiro dificulta a vida da criminalidade. Não é porque alguém tenha pago coisas caras com papel moeda que seja corrupto, mas a gente vai ficar cada vez mais desconfiado.

Em 2017, elogiei a Índia pela substituição repentina do seu dinheiro. Os criminosos tiveram muito trabalho, mas a ousadia acabou prejudicando bastante a maioria humilde do país de quase 1,4 bilhão de habitantes. O caso da Índia não pode ser ‘copiado e colado’. Pelo menos, eles tentaram. Aqui no Brasil, o crime e a corrupção continuam conquistando terreno.

Se não podemos conter a criminalidade, deveríamos fazer o máximo para dificultá-la. Jamais o contrário.

 

Foto: Final de semana em Tréveris (Alemanha), na primavera de 2016. A cidade é conhecida por suas ruínas romanas e por ter sido berço de Marx. Na foto, uma tomada a partir da praça central.

 

Leitura complementar:

Lavagem – Post de 2017