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Wednesday, July 23, 2025

PIX - A teta secou. Agora, vem a treta.



O governo norte-americano vai investigar se o PIX representa uma concorrência desleal para as empresas americanas de pagamentos. Será que eles têm razão?

A combinação da proliferação de bancos digitais com o PIX foi uma arma poderosa para resolver um problema brasileiro crônico: a desbancarização. Mais do que isso, resolveu com categoria — deu meios para que todos tivessem acesso aos serviços financeiros mínimos, permitindo realizar suas transações pessoais, seus bicos e os pequenos negócios da economia informal.

Ressalto isso porque é justamente o que eu esperaria de uma política pública: o governo não distribui peixes para todos, mas entrega anzóis e iscas em abundância.

A crítica poderia vir do argumento de que bancamos todas essas transações com o erário público. Mas a verdade é que o valor de dinheiro público investido na construção e manutenção do PIX é irrisório comparado com grandes projetos de tecnologia ou mesmo diante dos valores movimentados pelo Governo.

Antes do PIX, o caso de sucesso mais próximo foi o da Índia (2016), que enfrentou uma pobreza ainda mais severa e obteve resultados impressionantes: incluiu milhões no sistema financeiro, reduziu a informalidade; aumentou a arrecadação ao a evasão fiscal e estimulou o empreendedorismo informal. 

Enfim, mesmo eu — que não sou fã da mão pesada do Estado — reconheço: o PIX é infraestrutura. Mais do que isso, é um instrumento de inclusão muito mais eficiente e eficaz do que muitos outros benefícios sociais.

Resta aos incumbentes adaptarem a sua oferta. Há outras formas de oferecer serviços diferenciados. Tá com pena da Visa ou da Mastercard? A vida dos negócios é assim mesmo — especialmente em tempos de rupturas e transformações sucessivas.


Foto: Cecilienhof, local da famosa conferência de Potsdam, uma evento marcante do pós-guerra. Em Potsdam, Alemanha (abril de 2024).


Thursday, May 22, 2025

Espiões entre nós


 

Este post é inspirado em dois casos recentes que ilustram como funciona o mundo da espionagem. A analogia do iceberg não vale para esse universo, pois a pontinha visível é ainda muito menor. De vez em quando, a gente vê uma lasquinha e fica imaginando o tamanho e a sofisticação das redes de espionagem a serviço de países - seja para inteligência ou, mais comum nos dias de hoje, para criminalidade de Estado.

Quem não está acostumado com filmes e livros de espionagem até estranha, mas essas descobertas não surpreendem. Afinal, a arte imita a vida. Ou é o contrário?

A primeira descoberta foi a utilização do Brasil como base na formação de agentes russos. Os espiões fazem um estágio por aqui, onde constroem uma nova vida, que será amplamente rastreada com relacionamentos e documentos. Tudo isso é essencial para que, numa nova fase, o espião possa atuar em outro país com uma ficha “limpa” e cheia de vínculos comprováveis com o Brasil. Essa prática envolve anos de preparação e milhões em investimento para criar uma biografia perfeita - emprego, família, redes sociais, tudo cuidadosamente forjado.

Enquanto a Rússia segue a receita da KGB, investindo no longo prazo, a Coreia do Norte é mais direta. Como foi recentemente descoberto, desenvolveram uma máquina de infiltração de profissionais de TI em empresas ocidentais. Apesar dos currículos terrivelmente falsos, a onda de trabalho remoto pós-pandemia e o eterno déficit de profissionais de TI fizeram com que as empresas ocidentais baixassem a guarda e contratassem inúmeros espiões.

A TI tem acesso privilegiado a muitos dados e, quando não os tem, sabe o caminho para encontrá-los. O caminho para os norte-coreanos acessarem dados sensíveis não é muito longo. Daí em diante, é a mesma estratégia dos cibercriminosos: comercializar os dados, extorquir o proprietário das informações — ou ambos.

Quando se fala em espionagem, muitos ainda imaginam agentes com disfarces elaborados, gadgets mirabolantes e missões de tirar o fôlego. Mas a realidade, como sempre, mostra que o mundo das sombras é muito pragmático e, em certos aspectos, até mais inquietante do que qualquer roteiro cinematográfico.

Rússia e Coreia do Norte exploram vulnerabilidades gritantes. No Brasil, a facilidade de acesso a documentos legítimos é a brecha perfeita para quem precisa desaparecer de um país e surgir oficialmente em outro. No setor de tecnologia, a combinação de escassez de talentos e processos de recrutamento pouco rigorosos abre as portas para qualquer um que apresente um perfil convincente — mesmo que fabricado.

Enfim, são lembretes de que os espiões não estão apenas na tela de cinema ou atrás de celebridades e estadistas, mas podem ser seu colega de trabalho, seu vizinho, etc. Como escrevi recentemente no caso do INSS, onde houver uma fragilidade, haverá alguém para explorá-la. Portanto, é dever de todo cidadão e profissional encontrar e denunciar as pontas soltas do sistema.



Foto: Navegando pelas águas do Elba de Praga a Berlim (abril de 2024).

Tuesday, May 20, 2025

Gotas de transformação



Claro que também faço as minhas brincadeiras com IA generativa. Posso dizer tranquilamente que é "dever do ofício". A mais recente me consumiu algumas boas horas — e eu explico tudo neste post. Para quem quiser, conto o milagre e também o santo.

Tudo começou quando joguei o capítulo do livro que escrevi para a GoNew no Notebook LM, do Google. Fiquei impressionado com o resultado: um resumo bastante fiel do que eu havia escrito. Sim, existem pequenas falhas, mas até uma produção profissional está sujeita a imperfeições. Me empolguei ainda mais com a narração criada pela ferramenta, com dois locutores, e decidi criar algumas ilustrações para tornar o conteúdo mais acessível para um espectador ocasional - especialmente aqueles sem muita intimidade com tecnologia. O resultado está disponível no YouTube, aberto para todos.

A experiência me animou a ir além. Em vez de criar apenas um episódio, acabei produzindo um podcast inteiro sobre inovação e gestão, contando algumas das grandes histórias da inovação e das rivalidades entre novos entrantes e forças incumbentes.

Como fiz tudo sozinho, apanhei um pouco. Mas, depois de algum esforço - bastante prazeroso, por sinal - a primeira temporada deve ser concluída nos próximos dias, com o lançamento do 18º episódio. O podcast está disponível no Spotify e no YouTube.

Para realizar este projeto, usei:

  • ChatGPT (criação do texto base e checagem)
  • Notebook LM (diálogos e locução)
  • Canva (imagens)
  • CapCut (edição e montagem)

Aparentemente, não há erros factuais ou alucinações. Todo episódio tem um protagonista bem definido, cuja jornada pode, sim, ter sido um pouco romantizada - mas isso já estava no meu prompt, ou seja, na instrução que dei à IA para gerar o texto base.

Enfim, há muitas outras histórias para contar. Mudo o prompt para a segunda temporada?

 

Foto: Na Alemanha, seguindo o Rio Elba, passeio pelo Parque Nacional da Suíça Saxônica, em abril de 2024.

Tuesday, July 16, 2024

Revogando a Lei de Moore


Este artigo foi publicado originalmente em fevereiro de 2001 pela Computerworld Brasil. Como ele não está mais disponível online, resolvi republicá-lo aqui. Não tem nenhum valor científico ou jornalístico, mas retrata bem o 'espírito daquela época', em que eu era um gestor de tecnologia assustado com a evolução das coisas.


Revogando a lei de Moore


Comecemos este artigo por um teste de múltipla escolha. A famosa Lei de Moore diz que a capacidade dos microprocessadores dobra:

a) A cada ano;
b) A cada ano e meio;
c) A cada 2 anos;
d) Todas as anteriores;
e) Nenhuma das anteriores.

O impacto da Lei de Moore é um dos fatos marcantes do nosso mundo. Grande parte dos benefícios que a tecnologia proporcionou, inclusive a Internet, está associado a este fenômeno.

Em 1965, as coisas não eram tão evidentes. A profecia de Gordon Moore foi realizada com base nas primeiras gerações de microchips, que haviam recém alcançado a marca de 64 transistores por chip. Hoje, a linha Pentium chega a dezenas de milhões!

O marco é a antevisão de um sustentável crescimento exponencial. Se dobrarmos a capacidade a cada um ou dois anos, não faz tanta diferença. O privilegiado Gordon, um dos fundadores da Intel, sempre receberá o crédito. A propósito, a resposta do teste é "d". O enunciado original era de um ano. Tempos depois, passou para dois. Hoje é entendida como um ano e meio. Sorte do Gordon, pois com muito mais precisão, muitos cientistas já foram execrados.

Anunciar o fim desta evolução tem sido uma constante. Vários limites tecnológicos, ora intransponíveis, foram superados. A miniaturização se aproxima do limite físico de lidar-se com alguns poucos átomos. Para completar, os custos de produção também crescem exponencialmente.

As previsões de uma forte desaceleração deste processo são reservadas para a próxima década. Até lá, outras tecnologias já poderão estar no forno para retomar o passo: computadores quânticos, óticos, moleculares, genéticos, etc. Por enquanto, é apenas teoria.

O que aconteceria se chegássemos a uma estagnação desta progressão? Não pensem vocês que seria o caos e o fim da revolução digital. Pelo contrário, há quem diga que seria muito saudável!

Analise o seu microcomputador. Provavelmente, a CPU é de última geração. Agora, pense nos demais componentes, veja que muitas tecnologias não se aperfeiçoaram tanto. O pior de tudo, motivo dos nossos pesadelos, é o software. Não há dúvidas de que poderia ser bem melhor!

Enfim, parece que as deficiências do conjunto são compensadas por uma capacidade colossal de processamento. Se mantivéssemos as mesmas CPUs e investíssemos no resto, poderíamos manter a melhoria do todo.

Os mercados mais desenvolvidos estão desacelerando o ritmo de renovação dos PCs. Afinal, para a grande maioria das aplicações, não importa ter um chip de 500 ou 900 MHz. A Intel mantém seu crescimento e força, pois, fora dos Estados Unidos, ainda há muito computador para se vender. Sem contar as aquecidíssimas vendas destinadas ao mercado de servidores.

Os microprocessadores logo proporcionarão novidades ainda mais fantásticas, como a comunicação plena na linguagem natural. O fim da era do chip de silício pode demorar um pouco. Mas todos nós gostaríamos que toda esta evolução não dependesse apenas da CPU.

 

Imagem: Gerada pelo Copilot Designer (2024). Na primeira tentativa, ele gerou uma imagem abstrata sobre batatas fritas. Chip errado, meu caro!

Tuesday, January 19, 2021

Depois da Ford, depois do automóvel


O fechamento das fábricas da Ford do Brasil já deu muita conversa. Infelizmente, nossas economias ainda precisam dos empregos da cadeia automobilística. Durante a minha vivência europeia, vi a mesma choradeira inúmeras vezes. Cada fábrica fechada gerava uma comoção nacional: gesticulações políticas, manifestações e caça aos culpados. E tudo isso aconteceu antes das mudanças estruturais no setor, tema deste artigo.

Até pouco tempo, a reorganização orgânica da indústria era a maior causa dos eventuais fechamentos. Falo da migração para países mais competitivos, do desmonte de plantas obsoletas ou da consolidação de unidades. No Brasil, conseguimos a proeza de perder a Ford para a Argentina. Na Europa, os países ocidentais perdem para os orientais, aqueles da antiga cortina de ferro, com mão de obra mais barata.

Todos esses movimentos de orientação econômica são fichinha perto do turbilhão de transformações que assolam o mundo do automóvel. Transformações aceleradas por uma conscientização mundial em relação às mudanças climáticas, que implicam em novos comportamentos e hábitos de compra.

Dois nomes, que dispensam apresentações, são ícones dessa história: Uber e Tesla. O primeiro, seguido por inúmeros outros atores, popularizou a cultura do compartilhamento. Não é difícil achar por perto alguém que tenha decidido abrir mão do carro. A tendência foi reforçada pela pandemia. Depois dela, nada será como antes.

A Tesla transformou aqueles protótipos de carros elétricos em algo realmente interessante de se dirigir, um objeto de desejo no primeiro mundo. Um trabalho recente do MIT mostra a superioridade dos carros elétricos em relação aos tradicionais. Eles podem ter um custo de aquisição mais alto, mas o custo total de uso é menor, sem contar o evidente impacto ambiental.

A demanda por automóveis vai crescer muito menos do que seus produtores gostariam e numa outra direção. As montadoras tradicionais estão correndo atrás. Porém, tal readaptação custará muitos empregos. A perda de centenas de milhares de postos de metalúrgicos será parcialmente compensada por mais empregos na área de tecnologia. Afinal, como disse um amigo, o Tesla é um computador sobre rodas.

A cereja do bolo é o carro autônomo, que acrescenta desafios tecnológicos e regulatórios, o que não muda o quadro acima. E ainda tem uma possibilidade extra, enquanto estivermos em casa ou no trabalho, nossos carros poderão sair sozinhos, fazendo um bico para o Uber.

A mudança será brutal. Melhor parar de chorar os mortos de ontem e de hoje. As fábricas existentes vão agregar cada vez menos valor na medida em que os novos componentes de altíssima tecnologia concentrem todas as margens da cadeia: o software, a bateria ou o motor elétrico.

Depois de alguns bilhões de dólares de pesquisa e desenvolvimento, a Apple deve lançar seu automóvel - elétrico e autônomo - a partir de 2024. Tudo indica que ele será produzido pela Hyundai. Essa briga de cachorro grande vai relegar ao Brasil a um papel ainda mais secundário. Não é apenas uma questão de tributos, subsídios, mão de obra ou câmbio.  

Talvez esse bonde já tenha sido perdido. Se o país não quiser perder o próximo, é melhor encarar o desafio da ciência e educação, preparando as próximas gerações para buscar o caminho da produção de tecnologia local.

 

Leitura complementar:

Diesel – Um post de 2015

Comparativo automóveis (MIT)

Acordo Apple & Hyundai

 

Foto: Na Bodega Bouza, periferia de Montevidéu, um Ford T no meio dos vinhedos. Foi a única forma de relacionar o texto com minhas fotos. 😉 Viagem feita no começo de 2020, antes da pandemia.

Thursday, September 3, 2020

Polarização


Como entusiasta da tecnologia da informação, fico empolgado com o seu impacto em quaisquer coisas, nos negócios, na ciência, na educação e em tantas outras áreas.  

E por que não na política? Os impactos são evidentes. O cidadão conectado e integrado tem mais condições de participar, protestar, apoiar, cobrar, etc. Os resultados são visíveis, desde a primavera árabe às recentes campanhas eleitorais.

Uma dúvida que paira no ar é se a intensificação da polarização, tão presente em inúmeros países, seria fruto dessa era digital. Não fico à vontade para discorrer sobre o assunto, pois precisaria de um conhecimento histórico muito maior para tal. Conhecemos bem o que vivemos hoje, mas qual era a sensação de um semelhante há 50, 100 ou 200 anos? Por isso, resolvi chamar os universitários. 

Recorri ao Quora, aquele serviço de perguntas e respostas, povoado por acadêmicos, curiosos e palpiteiros. A pergunta foi: A polarização política é um problema crescente em todo o mundo. Será que vivemos um momento sem precedentes na história mundial? Tenho a impressão de que a era digital contribuiu para isso, principalmente por causa da inclusão de milhões, antes excluídos de qualquer debate. Estou certo?

Todas as respostas obtidas até 3/9/20 estão logo abaixo no seu idioma original (inglês).

Muitas delas são categóricas em dizer que a polarização é algo antigo e que a sociedade esteve até mais dividida em outros momentos da história. Vale ler as respostas pela quantidade de exemplos. Neste sentido, a tecnologia da informação possui um papel marginal.

Vários concordam que, de alguma forma, a era das redes sociais contribui ou amplia esse efeito. Milhões de pessoas foram incluídas num debate com pouca moderação, ficando à mercê de políticos e influenciadores, que não hesitam em usar polarização como estratégia retórica.

Um aspecto interessante é a percepção da polarização, que é diferente de pessoa para pessoa. O meu caro leitor talvez nem esteja incomodado com o assunto. Entretanto, aqueles que acompanham e interagem intensamente ainda incorrem no risco de ficarem presos na própria bolha, sem dúvidas, um dos efeitos mais perversos das redes sociais.

Caro leitor, fique à vontade para colocar a sua opinião na rede social em que você leu este post ou no próprio Quora.

 

Foto: Outra tomada do Lago Bled (Eslovênia), agora, com a sua marca registrada, a pequena ilha.   


Leitura complementar:

Eco (2013) - Quando falei sobre o efeito bolha em 2013.

Pew Research (2014) - Estudo sobre a evolução da polarização nos EUA. Algo comprovado.

 

Respostas: 

Nancy Roberts

Some of the problem is no doubt perception. A greater part of our day, each of us, is now spent online and consuming opinion “news” and information. Add to that the competition among news outlets for eyeballs and advertising dollars, and that all becomes overheated rhetoric. Try an experiment - drop your consumption of the Internet and for that matter “news” altogether for a few days. My guess is you’ll perceive a lot less polarization unless it’s your habit to discuss politics with friends and neighbors every day. When I think back to how much of their day my parents spent consumed with national and international news, as opposed to the neighborhood, school, and local news - or none at all as compared to their daily round of chores, activities, social occasions, reading books, family and relaxation time - it’s no wonder their day to day stress came more from whether the laundry was done or one of us kids had acted up or the car needed servicing as opposed to whether Trump or Biden was the worst person in the world and was literally Hitler.

Mark Gould

The answer is far more complicated than that. Yes, the digital age includes more people in any discussion/debate about politics. However, the major reasons for polarization have to do with the multiplicity of media outlets that now exist. When I grew up, Americans turned to three TV networks for news. These were ABC, NBC, and CBS. Today, there are far more sources of news both on the internet and on television. As the number of sources multiplied, news began to be presented with particular political viewpoints. For example, FOX slants news in a conservative fashion. MSNBC slants in a liberal fashion. What I believe goes on is that people deliberately shop for a news source that tells them what they want to hear. There are so many sources today that almost everyone with every viewpoint can find the source they want to listen too. This causes all of us to retreat into our own corners and seek out those who think like we do rather than to engage in a real debate where some might change their opinions after an open and frank discussion. That is the real reason today for political polarization. What is most depressing to me is that I do not see how this is going to change and I fear the repercussions of so much polarization for our country.

John Metcalfe

Not at all although it is a feature of political rhetoric to paint the current circumstances as if the crisis afoot is the biggest crisis of all. 40 years ago, Thatcher and Reagan were painted as extremists, they kept winning and their countries went onwards and upwards. The pattern is repeated ad infinitum.

Andrew Jackson

Yes, we do but the digital age has not suddenly enfranchised anyone. All that has happened is that audience has grown. The comments that Facebook contributor xyz makes are no longer just heard by 5 fellow workers but by 50 self-selected individuals all with the same viewpoint. In effect, the decline of reading Newspapers has resulted in bigots not having their viewpoint challenged. A consequence of this is extremism, populism, and the rise of hatred.

Paul Trejo

I disagree. As someone who witnessed the 1960’s first-hand, my opinion is that the sixties were just as divisive as today. The Cuban Missile Crisis has no correlate today. In world history? No way. World War 2 was more divisive. So was World War 1. So was the Civil War. So were the French and American Revolutions. No — this is not an unprecedented moment in world history. The Internet and Mass Media have almost NOTHING to do with it. People are naturally divisive and have been since the start of recorded history. It’s even throughout the Bible.

Tom Appich

My view is that the polarization is due, at least in part, to the pace of change that the world is experiencing today. Much of that arises from the digital age, but it is also because of the end of the bipolar world, split between communism and democracy. The older world was dangerous but stable. Since 1991, it’s been a free-for-all.

Rafael Marcus

Political polarization it’s a very old problem. The problems of today are as many as before, but the digital age introduced new channels of communication with better availability and ease of use for everyone. If one follows the chat rooms media, will be very easy to see that the groups are divided by subjects and points of view (moral, political, etc.). There isn’t much new, but the speed and ease of use. The people were divided during the French revolution (1789) or the Bolshevik revolution (1917) The French revolution was caused by the lack of food, caused by the French money spent to help the anti-British American revolution and the refusal of the French nobility to pay taxes to help the economic situation of the hungry French population. In 1917 in Russia the soldiers were sent to fight the war with broken shoes and not enough food because of the existent corruption and embezzlement of public money. During both revolutions, the result was the killing of a lot of people, guilty and not guilty for the socioeconomic situation. During the different historic periods, the mediums of communication evolved from pictures on the cave walls to papyrus, the printing press, photography, film, electronic media, and so on. Every one of these new media channels brought more people into the circles of people of knowledge. Regardless of the period people communicated through gossip and meeting in the middle of the village or in the pub after work or during the weekend. Talking, reading, and writing it’s what differentiate the humans from other animals.

Alain Mellaerts

It’s the sign on the wall of change. The ancient regimes are under stress. It’s very hard to generalize but dictatorships and liberal democracies are under pressure. Everybody is a member of the media; Ideas can be easily spread and revolutions coordinated thanks to the digital age. A bit like the effect of printed books and the reformation in the 16th century. The extremer parts of our societies, left, right, religious zealots…, are pulling the carpet their way causing cracks in the fabric. Add a virus, global warming, a refugee crisis, and social unrest, the stage is set. Change is in the air.

 Brent Cooper

Polarization has always existed but it seems much more intense today. Clearly, there are certain groups and organizations that profit from polarization and are doing everything in their power to make it happen. Unfortunately, in the US most of it comes from our political leaders who see polarization as a means to seize and retain power. Certain parties engage in class warfare not to make a point but to created hatred and distrust so as to stay in power. They use issues like race, abortion to try to divide Americans. There are so many issues Americans could work together on but it is not happening because certain people don’t want it to happen. Healthcare is such an issue because it affects everyone. At some time, people will wake up and start directing the political dialogue instead of letting the politicians direct it.

Weijiu Wu

Well, we always live in an unprecedented moment in world history. People in the 40s live in unprecedented times as they experience the greatest war the world has ever witnessed. People in the 50s’ live in unprecedented time as they experience the start of the cold war. People in the 60s live in unprecedented time as they experience the worldwide human rights movement and the space race. Yadi yada. You get the point. It's not that we are special and live in a special time, its just human institutions are inherently unstable, especially world politics, as there’s no centralized world government to coordinate the actions of individual nations. The US achieved world hegemony, and as a result, achieved some sort of shallow world order. As the US becomes increasingly weak internally with continued power and wealth disparity between the elite and the populace, that shallow world order that revolves around the US is breaking down, causing disintegration and polarization of the world.

 Michael Wardell

Democracy is predicated on compromise, horse-trading, and what some might see as corruption. Indeed, compromise is a corruption of two or more opposing ideas. I wouldn’t worry about the government that follows the wrong path. We do that all the time. I would be concerned about the absence of corrective feedback. That is a flaw associated with dictatorships led by strongmen. For us, corrective feedback comes in the form of elections. For so long as we have an honest procedure to choose the direction of our government, and as long as we are willing to tolerate results that go against our favor, we can avoid the fates of countries that just won’t listen. The example of the USSR springs to mind.

 Don Tracy

Maybe in some indirect way but the digital age is not the primary reason. The overall controlling source of polarization comes from international capitalism, financial centers, and corporate power. Those forces demand control of the masses and manage mass psychology by propaganda like the ad agencies of Madison Avenue. The gigantic amounts of money and wealth can buy everything needed to do exactly their bidding. A polarized population is a controlled population who are unable to ever unify in solidarity thereby never becoming a threat to the ruling class. Good luck people.

Sunday, August 30, 2020

O elo mais fraco

 


Neste período de pandemia, os ataques cibernéticos explodiram e atingiram inúmeros alvos em todo planeta. A maior parte deles é feita de forma automatizada, espalhando-se um número gigantesco de iscas - emails, links e torpedos - a espera de uma vítima infeliz, que acaba infectando a sua organização.

É verdade que muitos ataques são direcionados. Nesses casos, o pelotão de elite dos hackers de algum grupo criminoso usa as suas habilidades para encontrar o melhor caminho para seu objetivo. Não é difícil! Os grupos mais organizados, aqueles ligados a países como Rússia, China e Coréia do Norte, possuem um arsenal de vulnerabilidades dos softwares utilizados por nós, prontos para serem acionados. Enfim, você tranca a porta da frente, mas os caras têm a chave da porta dos fundos.

Existem situações, onde o crime cibernético empenha um esforço ainda maior. Empresas com alguma propriedade intelectual relevante, que seja do interesse da ‘concorrência’, são exemplos desses alvos. Para se garantir a eficácia da incursão, a abordagem vai além do ciberespaço.

A literatura policial especializada está repleta de histórias parecidas. As armas cibernéticas são deixadas de lado em troca da boa e velha ‘engenharia social’, abordando-se funcionários e ex-funcionários de empresas detentoras de segredos industriais relevantes. Em outros casos, a mesma abordagem é feita para se alcançar um acesso privilegiado à rede da empresa. Basta convencer um único funcionário a colocar um pen drive no computador correto, que o restante do crime pode ser cometido remotamente do outro lado do planeta.

Na última semana, a tão admirada Tesla confirmou que foi vítima de uma tentativa ataque deste último formato. Um funcionário da Gigafactory foi abordado por um turista russo, que ofereceu um milhão de dólares para que infectasse a rede da empresa. Sim, um milhão de dólares!

O funcionário exemplar não cedeu à tentação. Com a entrada do FBI no episódio, o russo acabou preso. A lição deste evento tão recente é mostrar que as preocupações com a cibersegurança devem ir muito além da cibersegurança. Quando os hackers querem sacanear a sua empresa, não há limites.

Felizmente, tomamos conhecimento do fato. É fundamental que todos saibam que esse tipo de coisa acontece, e muito! Vários eventos semelhantes são tratados em sigilo privando o mundo da real dimensão do problema.

Fica o alerta para os executivos de organizações que tenham qualquer atrativo, seja tecnológico ou nos seus valiosos dados. Será que todos os funcionários passariam num teste de lealdade similar? Qual é o elo mais fraco de cada organização?


Leitura complementar:  Porta dos Fundos (2013) Cibersegurança (2020)


Foto: Ainda sobre aquelas inesquecíveis férias de 2016, logo depois da mudança para o Brasil. As águas tranquilas do Lago Bled (Eslovênia) convidavam-nos para o merecido descanso.

 


Monday, July 27, 2020

Relíquia



O Cézar Taurion postou a foto de uma régua gabarito de diagrama de blocos, algo muito útil para os profissionais de TI de um passado remoto. Como resposta, coloquei uma foto dos cartões perfurados ainda guardados em casa (abaixo) e disse: vamos ver quem é mais sênior por aqui!

Vejam dez das reações a minha foto:

- Meu Deus! Não era uma lenda! Os cartões perfurados existiram mesmo!
(Dário Yanagita)

- O pessoal aqui não viu o dilúvio, mas pisou no barro!
(Marco Poma)

- Birman, isso é bem “recente” em relação àquela régua.
(Valério Kikuchi)

- Pegou pesado!
(Márcio Gropillo)

- Fernando, você e o Cézar foram longe demais!
(Daves Souza)

- Vamos de modernidade, modem USRobotics 14400 e 36600. Pensa na alegria quando começava a receber os dados, e na tristeza quando caia a conexão.
(Valmir Schuch)

- Quando comecei a trabalhar isso estava praticamente no fim. Uma vez, um maço caiu no chão e foi difícil arrumar tudo de volta.
(Jorge Gonzalez Sanz)

- E quando, na faculdade, algum engraçadinho resolvia bater a mão por baixo da pilha de cartões???
(Sílvia Bassi)

- Aprendi computação com estes cartões.
(Felisberto Nunes Correia Júnior)

- Eu sou 'sênior', mas vocês são muito inspirados. Grato pelos excelentes comentários.
(Fernando Birman)





Foto: Gloriette é o pavilhão situado no meio dos jardins do Palácio de Schönbrunn, destinado às festas. É o prédio mais novo do conjunto, datado de 1775. Assim como na minha primeira visita, em 2010, não resisti a uma pausa com café e apfelstrudel no restaurante instalado no local.

Wednesday, July 22, 2020

Cibersegurança


Os problemas de cibersegurança têm incomodado muita gente durante a pandemia. Este é um assunto tão complexo que nem as empresas mais bem preparadas conseguem se proteger, imaginem as pessoas comuns. Respeitando a diversidade de público deste blog, não vou mais longe nos aspectos técnicos. 

Existe uma velha anedota da TI: computador seguro é computador desligado. Como eu e você precisamos, mais do que nunca, dos recursos tecnológicos nesses tempos bicudos, deixo cinco orientações mínimas para serem seguidas a fim de alcançarmos um pouco mais de proteção.

Por que apenas cinco? Poderiam ser 10 ou 20 regras, mas quero enfatizar o essencial, aquele “minimum minimorum”. Se você conseguir fazer mais, melhor ainda.  As dicas valem para computadores e celulares.

  1. Manter os softwares atualizados – É uma regra de ouro porque muitas das atualizações são justamente as correções das vulnerabilidades dos softwares, que são usadas pelos hackers. Quando houver a opção de atualização automática, melhor ativá-la.
  2. Usar senhas fortes – A gente tem milhares de senhas, mas as coisas importantes devem estar protegidas com senhas seguras. Por exemplo, a senha O20TOs5c8ZT@iYh$5LVv é uma boa senha e foi gerada por um programa de administração de senhas, uma boa dica por sinal. Muitas vezes, há ainda a opção por uma segunda autenticação, algo extremamente recomendável.
  3. Fazer cópia das informações de valor – Minha sugestão é usar um disco externo e os serviços de armazenamento de dados (Dropbox, Google Drive, Microsoft OneDrive, etc). Atenção, eu disse um e outro! Considere que tudo que está no seu celular ou computador pode ser perdido repentinamente.
  4. Prestar muita atenção nas armadilhas - Os ataques começam a partir de uma isca: uma visita a um site pouco conhecido, um email não solicitado, links encaminhados pelas redes sociais, etc. Até mesmo torpedos e ligações podem ser usados para fisgar um usuário incauto. Desconfie de tudo! 
  5. Travar os dispositivos - Celulares e computadores devem ter sempre uma senha. Isso não evita a perda do equipamento num furto, mas protege o mais importante.

Saibam que a maior parte dos ciberataques é feita por organizações bem aparelhadas, sejam braços de algum Estado ou gangues especializadas. Virou um grande negócio. Dessa forma, não é impossível nem vergonhoso ser vítima de um ataque virtual. Pode acontecer com qualquer um: pessoas, empresas e até com países inteiros.

Poderia dar um monte de dicas, mas prefiro começar com essas. Posteriormente, colocarei outras regras e até mesmo as boas práticas. Em caso de dúvida, não hesite em perguntar neste blog ou nesta rede social.



Foto: Ainda em Viena, o Palácio de Hofburg, centro do poder dos Habsburgos por mais de seis 
séculos. Berço de princesas conhecidas como Maria Antonieta (França) e Leopoldina (Brasil).

Friday, December 18, 2015

Terror de política - Epílogo

Meu último post foi premonitório. A suspensão do Whatsapp por algumas horas no Brasil é piada pronta. Muitos já escreveram sobre o absurdo que foi punir 100 milhões de usuários.

Fiquei impressionado com os meios encontrados para contornar o bloqueio imposto pela Justiça. Embora milhões de pessoas tenham baixado outros aplicativos, outros milhões contornaram o bloqueio no sentido literal, por exemplo, usando VPN.

A Justiça deu um tiro no pé ao empurrar milhões de brasileiros para aplicativos como o Telegram, dotado de recursos muito mais sofisticados do que o Whatsapp. Certamente, não leram meu blog!

Talvez seja difícil contar com a colaboração do Facebook para atender às inúmeras demandas da Justiça brasileira. Porém, se precisarmos da ajuda da organização que mantém o Telegram, será simplesmente impossível obtê-la. Não colaborar com governos é um dos seus princípios e, mesmo se quisessem, as opções de segurança tornam impossível a decodificação das mensagens trocadas pelo Telegram.

A nossa sábia Justiça empurrou o PCC para o Telegram. Gênios! Deveriam saber que, ruim com o Whatsapp, pior sem ele.



No meu caminho do trabalho para casa, passo pelo centro de recepção de refugiados de Bruxelas. Não é nem um galpão nem um acampamento, é um prédio da Cruz Vermelha, bem integrado ao centro de Bruxelas. Nos últimos meses, o burburinho por ali ficou bem maior.

Recentemente, notei uma novidade na entrada do prédio. A companhia de telefonia móvel local instalou dois carregadores de celulares públicos. São duas peças cheias de escaninhos, cada um com alguns cabos para carregar os diferentes tipos de celulares.

A sede da Cruz Vermelha foi concebida para proporcionar leitos, alimentos, sanitários e atendimento médico. Para os padrões atuais, faltam muitas tomadas. Muitas mesmo. Os refugiados muitas vezes vêm apenas com a roupa do corpo e o inseparável celular.

Num documentário da TV francesa, o jornalista pediu para um refugiado sírio abrir a sua pequena mochila. Quase vazia. Havia uma escova de dentes e um celular. Esses refugiados são como os brasileiros, pobres mas limpinhos.

Acompanhando-se os refugiados através das imagens do longo do caminho da Mesopotâmia até a Europa Ocidental, percebe-se a onipresença dos celulares. Chip turco, chip grego, chip croata, chip bósnio, etc. Vão-se os chips, ficam os celulares.

Tudo isso só vem reforçar os comentários do último post, da importância do celular como instrumento de cidadania.



 Foto: Fechando a série de fotos de Mons, Bélgica.

Saturday, December 12, 2015

Terror de política - Parte 2

Entre as inúmeras reações aos atentados de 2015, houve uma crítica aos recursos tecnológicos, que propiciam a comunicação entre trerroristas. De fato, a tecnologia ajuda a humanidade como um todo, para o bem e para o mal. Felizmente, existe muito mais gente fazendo o bem.

Há muitos anos, assisti a uma palestra do Prof.Stephen Kanitz falando sobre a importância do telefone celular. Se no mundo desenvolvido, a telefonia móvel trouxe benefícios relevantes, nos países como o Brasil, ela trouxe algo a mais, resgatando a cidadania daqueles que ficavam isolados, sem a possibilidade de uma justa integração à sociedade ou ao mercado de trabalho.

O ganho da tecnologia foi muito além da rapidez, da eficiência, da praticidade ou da possibilidade de  entretenimento. As pessoas ganharam uma voz, fontes de informação alternativas, poder de organização e manifestação. As democracias fortaleceram-se.

A crise político-institucional brasileira é exemplo disso tudo. Se não fosse a contribuição das redes sociais e dos aplicativos de comunicação, a abominável Dilma estaria bem mais tranquila.

Graças a ampla divulgação dos fatos, percebemos o quão perverso um governo pode ser. Foi uma dura lição aos brasileiros, argentinos e venezuelanos, entre outros, que escolheram execráveis governos populistas e corruptos, sem quaisquer limites para preservar o poder.

A História nos ensina que isso tudo não é privilégio das nossas repúblicas bananeiras. Temos que permanecer vigilantes. É a briga do Snowden, embora muitos não concordem integralmente com ele. Eu mesmo fiz algumas ressalvas à época.

A tecnologia também está aí para nos proteger do maior dos vilões. Já fizemos muitas concessões e é preciso deixar uma espaço para a privacidade, para continuar trocando mensagens que não sejam lidas ou falar sem ser escutado pelo governo ou por qualquer outro.

Aos amigos do Brasil, mais uma vez, boas manifestações, fora Dilma e cana nos petralhas!

Leia também:
Snowden


Foto: Mais uma foto tirada em Mons, no início do ano.

Thursday, December 10, 2015

Terror de política - Parte 1

2015 entra para a história. Paris viveu os atentados de janeiro e novembro. Dois outros foram evitados, o do Thalys (trem) e o da Igreja de Villejuif. Este blog já especulou sobre as causas sociais e econômicas do terror, mas nunca falou da tecnologia a ele associada.

Sempre encontramos aqueles políticos oportunistas, que se aproveitam do momento para tentar acabar de vez com o que nos resta de liberdade e privacidade. Para tratar de assunto tão importante, farei um texto em duas partes. Começamos recapitulando alguns fatos.

Os terroristas são sofisticados. Os vídeos do Estado Islâmico no Youtube orientam o uso de criptografia em qualquer comunicação. Criptografia de 4096 bits. Para os leitores leigos, saibam que é muuuuuuito seguro.

Nem todo terrorista nasceu para informática. Alguns poderiam trabalhar perfeitamente numa equipe de suporte técnico. Outros estão mais para a equipe da Dilma. Entre erros e acertos, não dá para não falar de tecnologia.

Nos atentados ao mercado Kasher, o terrorista filmou seus assassinatos com uma câmera GoPro. Ele não conseguiu colocá-lo no Youtube por problema de sinal (até tu Paris!). Mesmo com a Polícia às portas, ele sacou o cartão de memória da câmera e carregou num computador. Haja sangue frio.

Um dos meios de comunicação usados nesse ataque contrariou as regras do terrorismo internacional, embora seja criativo. A técnica consiste em compartilhar contas de Gmail. Ao invés de enviar a mensagem, eles deixam-na como rascunho. Como a pasta de rascunhos é sincronizada, eles comunicam-se sem trocar mensagens, que são mais facilmente rastreáveis.

No fracassado atentado à Igreja de Saint-Cyr-Sainte-Julitte de Villejuif, um dos terroristas usava a ferramenta de criptografia “PGP” direitinho. Cometeu um único erro - e fatal - ao apagar uma mensagem sem passar pela criptografia. O cesto de lixo é o pote de ouro dos peritos. A partir desta falha, a Polícia francesa fez a festa e desbaratou todo o bando.

Nos atentados de novembro, o uso de aplicativos como Telegram e Signal pegou a Polícia de calças curtas. São ferramentas de chat com criptografia. Uma outra parte da quadrilha teria usado a função de comunicação do Playstation, algo igualmente difícil de ser rastreado. Se cometeram algum erro, foi ter se livrado de um celular. Aquele celular encontrado no cesto de lixo foi a chave para a rápida resposta da inteligência francesa.

Diante de tudo isso, a reação de alguns políticos desesperados para encontrar bodes expiatórios é esquecer dos  verdadeiros problemas e eleger um culpado: A tecnologia!

Sim, para eles, os culpados são a Internet, os aplicativos de mensagens, a telefonia celular e até o Playstation. Um político pediu o fim dos aplicativos com criptografia. Um outro quer “porta dos fundos” em todos os aplicativos.

Em tempos de desespero, pode ser uma tentação trocar liberdade por segurança. Entretanto, é certamente uma armadilha. Isso fica para o próximo post.


Leia também:
Atentados de janeiro: #jesuischarlie
Atentados de novembro: Terror
Porta dos fundos


Foto: Cenas de Mons (Bélgica), cidade escolhida como capital europeia da cultura em 2015.

Sunday, December 22, 2013

ET


Há poucos dias, um colega postou um texto sobre ETs no Facebook e recebeu um comentário irônico deste blogueiro. Neste post, esclareço a minha posição sobre um tema que, com frequência, mistura coisas sérias e não tão sérias, ciência com crendices.

Pela dimensão do Universo, acredito que seja muito difícil não haver alguma forma de vida além da Terra. Que sejam simplesmente bactérias, em algum lugar, a vida existe. Isso, para mim, é quase certo.

Uma coisa é perguntar se há vida lá fora, outra é perguntar se nos encontraremos algum dia. Pelo imensidão do Universo e considerando que ele continua em expansão, muito provavelmente, nunca encontremos outros seres.

Do nosso lado, o melhor que fazemos hoje é rastrear sinais vindos de outros mundos. Notem que esses sinais foram emitidos há milhares de anos, o que tem suas limitações. Nós mesmos começamos a exportar “ondinhas” detectáveis lá fora há pouco mais de um século.

Pensando no contrário, poderíamos imaginar uma civilização muito mais evoluída, capaz de cruzar o espaço - desafiando o nosso conhecimento atual – para nos brindar com uma visita? Sim, por que não?

A vida que conhecemos é fruto de uma sucessão de eventos ao longo de milhões de anos. Nesse contexto, mil anos, por exemplo, não é nada. Comparem o que existia de tecnologia em 1014 com 2014. Dá para extrapolar para 3014? Certamente haverá tecnologias que julgamos impossíveis hoje.

Por isso, não descarto que sejamos visitados por ETs algum dia. Só teimo em acreditar que eles atravessem o Universo para visitar Varginha e Roswell. Isso sim é brincadeira!


A todos vocês, boas festas e um 2014 de outro planeta!



Foto: Pôr do sol na praia de Coronado, em San Diego.