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Friday, July 10, 2020

Ilustre desconhecido



A pandemia forçou muitas escolas a descobrirem a educação a distância. Algumas delas fizeram a transição às pressas, passando simplesmente a despejar aquele conteúdo dado em classe pela rede. Outras foram ainda mais longe, agrupando classes e demitindo professores.

Eu já fiz um curso de extensão on-line com 30 mil participantes. Curso de extensão é uma coisa, educação básica é outra. Não se brinca com educação. Voltarei a falar sobre esse assunto tão importante, mas eu queria mesmo é fazer o gancho para o meu curso, feito em 2014, conforme prometi neste blog.

Entre 2013 e 2014, testei muitos cursos on-line da plataforma Coursera. Desisti de quase todos. Não era fácil manter o interesse e a atenção. Entre vários ensaios com programas de Harvard, Stanford e similares, acabei escolhendo um curso da Universidade Hebraica de Jerusalém com um desconhecido professor, chamado Yuval Noah Harari. Sim, à época, um ilustre desconhecido.

Achei o título do curso bastante ambicioso: ‘Uma breve história da humanidade’. Pensei comigo: esse professor deve estar sonhando, abordar a História inteira num único curso, como assim? Só depois de tê-lo concluído - com excelente nota por sinal – percebi que ele tinha razão. Não era apenas uma ótima visão da história da humanidade, como talvez a melhor de todas. Quem leu os seus livros publicados depois, pode confirmar minha percepção.

Se fiquei espantado ao dividir o curso com 30 mil alunos, hoje, um curso dele deve atrair alguns múltiplos dessa quantia. ‘Sapiens’ ainda estava para ser publicado em inglês naquele final de 2014. Ninguém poderia imaginar que o professor se transformaria num dos historiadores mais prestigiados do planeta nos meses seguintes.

Durante o curso, a cada domingo, recebia um pacote de vídeos do Youtube, meras gravações das falas do professor, sem ilustrações ou quaisquer efeitos especiais. Mesmo assim, algumas vezes, acordava ansioso para baixá-los. Naqueles dias lúgubres, quando o céu cinzento e a garoa constante dominavam a paisagem de Bruxelas, assistia tudo no próprio domingo.

Uma vez, vi a distribuição geográfica dos participantes. Percebi que havia muitos oriundos dos nem tão queridos vizinhos de Israel, um fato que nos enche de esperança e otimismo. Enquanto o discurso dos seus governos é cheio de ódio, numa interpretação manipulatória do Islã, milhares de cidadãos do bem de seus países preferem aprender história com um professor israelense, homossexual e ateu.

O Moleskine tomado inteiramente pelas minhas notas de aula está no meu eterno depósito, a casa do meu pai. Bem, mas isso é assunto para outro post.



Foto: Já que o post menciona a Universidade Hebraica de Jerusalém, escolhi a foto mais ilustrativa possível da cidade, quando da minha última visita, em janeiro de 2018.

Monday, July 28, 2014

Ursos

A queda do vôo AH 5017, com muitos franceses a bordo, tirou Gaza da primeira página do noticiário. Isso não foi suficiente para acalmar as diversas mobilizações de solidariedade à causa palestina e nem evitar que algumas delas acabassem em pancadaria.

A dinâmica das manifestações segue aquele velho modelo: um punhado de pessoas com uma causa, um monte de desocupados e uns arruaceiros. Tudo articulado pela extrema esquerda. Até os socialistas com algum bom senso (sim, eles existem) estão chocados com o desenrolar dos fatos. Afinal, os insultos e agressões à comunidade judaica francesa não são nada republicanos.

Apesar dos inúmeros conflitos tão ou mais letais do que Gaza, por que eles não despertam qualquer mobilização? Para alguns articulistas entre o centro e a direita, Israel representa um inimigo comum de uma geração de fracassados a procura de uma causa. Os comunas viram seu modelo sucumbir e os desempregados da periferia não conseguem se colocar na economia. Dentre eles, muitos descendentes de imigrantes, muçulmanos que perderam suas raízes.

Indo da França para o Brasil, não pude deixar de reparar nas notícias publicadas nas redes sociais e seus respectivos comentários. Seria muito bom se fossem comentários de verdade: tentativas de melhor compreender o conflito, perguntas aos estudiosos ou até mesmo sugestões para se resolver o conflito. Entretanto, há muita baixaria.

Qualquer pessoa com um mínimo de bom senso quer a paz ou, pelo menos, uma trégua. Acho razoável e aceitável simpatizar com um dos lados, desde que o outro não seja ignorado. Expressar a opinião e argumentar é parte do jogo democrático. Entretanto, quando tantos opinam sobre um problema tão complexo, erros históricos, simplificações exageradas e arbitrariedades estão por todos os lados. “Faz parte!”

Acho lamentável o comportamento dos incontáveis “humanistas de última hora". São aqueles que estiveram quietos diante dos demais conflitos do Oriente, da questão da Ucrânia ou até mesmo da tragédia social brasileira. Hibernavam. Basta o conflito israelo-palestino entrar para o noticiário, que eles acordam esbravejando e expressando seu ódio. Não estou falando de muçulmanos nem de comunas. Esse sentimento tem nome e não é humanismo nem pacifismo.



Foto: Mais um detalhe do Guggenheim de Bilbao. A silhueta deste blogueiro é visível no reflexo ;-)

Saturday, May 30, 2009

Nuke Ban 3

Afinal quem precisa de bomba atômica como recurso de dissuasão? Com um pouco de boa vontade e uma boa negociação, o banimento das armas nucleares não parece inatingível. Ninguém precisa delas! Neste post, falo de uma muito sintética dos problemas mais complexos.

O Paquistão tem uma excelente oportunidade para aprender que o seu maior inimigo não é a Índia. Ele está dentro de casa. Os progressos da Índia em muitas áreas são inegáveis. Que tal uma competição pela prosperidade? Se o exemplo vier do Ocidente, uma boa negociação poderá superar uma das rivalidades mais fortes e cruéis do mundo.

A encenação de Ahmadinejad é gritante e o discurso anti-israelense é puro oportunismo. Mais do que uma barganha, o Irã quer restabelecer uma histórica hegemonia persa. O Ocidente não pode reclamar, pois a provocação iraniana começou como oposição ao mundo árabe, numa época em que Saddam Hussein era o queridinho dos EUA e da Europa. Saddam ganhou até uma usina nuclear da França, providencialmente destruída por Israel. O Irã não precisa de bomba, precisa de diálogo e democracia. Obama só não pode dormir no ponto, pois a economia mundial para, mas o plano nuclear do Irã não para.

A sofrível campanha israelense contra o Hezbollah mostrou que as dificuldades do país são de outra natureza. Foi-se o tempo em que tanques, aviões e tropas bem treinadas resolviam qualquer problema. A maioria dos paises árabes já não representa ameaça direta. Para que serve a bomba israelense senão estimular outros a embarcarem na mesma aventura? O que adiantaria retaliar com armas nucleares uma grande metrópole árabe densamente povoada e com infra-estrutura precária? Acho que Israel deveria dar o exemplo e renunciar unilateralmente às armas nucleares.

Talvez o último país a aceitar o banimento das armas nucleares seja a China. As ambições chinesas são totalmente desmedidas. São imperialistas, monopolísticas, autoritárias, vingativas, etc. A China fará os EUA do último século parecerem uma associação filantrópica.

Encerrando esta série de posts, depois que os líderes mundiais colocarem a economia de volta nos trilhos, que o “total nuke ban” seja uma prioridade. Antes que seja tarde.


Foto: A última imagem de Genebra, a estátua “La Bise”, de Anorld Koenig, também enfeitando o lago Léman.

Friday, May 22, 2009

Sambando com Obama

O governo de Israel não quer sambar com Obama. Netanyahou bom sujeito não é; é ruim da cabeça e doente do pé. Sem problemas, Obama fica e Netanyahou vai embora logo.

Para os amigos de Israel, é duro ver esta coalizão de direita, arrogante e autoritária, que permite o agravamento do isolamento do país. Obama e Hillary foram elegantes. Pelo menos em público.

Certas ou erradas, diversas iniciativas israelenses não possuem qualquer aprovação internacional: Os novos assentamentos, o regime imposto à faixa de Gaza, as respostas desproporcionais, etc. O forte apoio político dos EUA salvou o país de retaliações e boicotes. Qualquer país precisa de pelo menos um aliado!

Vamos torcer para que Netanyahou vá embora logo. A presidência de Obama é uma oportunidade única para algum avanço no Oriente Médio.


Foto: Vista lateral do Palácio das Nações. Além de ser a segunda sede da ONU, ele sediou a antiga Liga das Nações. Os salões da época são fantásticos. Diversas reuniões e inúmeros grupos de trabalho da ONU são sediados em Genebra. O prédio é cercado ainda por diversos organismos internacionais.