Saturday, March 23, 2013

Linhas tortas


Não garanto que a novela da inspeção veicular em São Paulo tenha terminado. Agora, o foco será nos veículos antigos, deixando um regime muito mais flexível para os mais novos. Enfim, parece razoável, como esperávamos que fosse desde o início. Se o final é feliz, o caminho foi tortuoso.

A inspeção foi criada como uma mágica arrecadatória e desmontada com demagogia. A única coisa em comum entre todos os envolvidos é que nenhum deles está preocupado com o meio ambiente, o suposto beneficiário da tal inspeção.

Democracia é assim mesmo. Durante nossas vidas, vemos um monte de bobagens e injustiças. No longo prazo, a sociedade faz as correções.

A corrupção e a incompetência atrapalham a vida pública. Nem por isso, tudo é desprezível. Algumas discussões do Congresso refletem legítimas fraturas da sociedade diante de certos assuntos, sobrepondo-se ao habitual fisiologismo e à disputa entra governo e oposição. Exemplo: Os royalties do petróleo e todas as questões de impacto religioso (jogos, gays, aborto, etc).

Assisti ao filme "Lincoln" com olhos de quem acabara de acompanhar o julgamento do Mensalão. As cenas de corrupção de deputados parecem de certa inocência para o século XXI. Entretanto, a crença de Lincoln no processo democrático, mesmo com as suas imperfeições, é um dos seus grandes legados.

Os EUA elegem seus presidentes sem interrupção há mais de 200 anos, algo que representa um marco na história da humanidade. Daqui a 100 anos, quase ninguém saberá o que foi um petista ou um tucano. O importante é que estejamos escolhendo nossos líderes, apesar de todos os acidentes de percurso vindouros.


Foto: No topo da cidade de Eze, nas ruínas do seu castelo, há um jardim de plantas exóticas decorado com esculturas de Jean-Philippe Richard.

1 comment:

Felipe Pait said...

Pois é, quem lembra hoje o que foi um federalista ou um whig?

Ei, você está me chamando de quase ninguém?