Nos meus poucos textos sobre política, a intenção é de
construir alguma coisa, mostrar uma perspectiva alternativa ou fazer uma
interpretação dos fatos. Nunca uso esta ferramenta para desabafar ou transmitir
qualquer mensagem contrária aos interesses nacionais. Aliás, se quiser
desabafar, uso o Twitter.
Esta semana foi bastante movimentada na política nacional. Na
fase mais terrível da pandemia, o STF centralizou as atenções com a anulação
das condenações do Lula e o julgamento sobre o juiz Sérgio Moro.
A Lava Jato já estava nocauteada. O destino do juiz é
apenas a cereja do bolo para muitos, entre os quais, o Lula. Existem várias
possibilidades em relação ao futuro das duas personalidades, o que não muda a
minha conclusão. A questão não deve ser quem foi punido ou deixou de ser
punido pela famigerada operação, mas se teremos uma política bandida para
sempre.
Deixando as nossas eventuais preferências de lado, parto das
seguintes premissas: 1) A corrupção em todas as instâncias de governo do Brasil
é generalizada; 2) A impunidade impera; 3) A Lava Jato, que parecia poder mudar
este quadro desalentador, sempre esteve longe de ser um consenso entre
juristas, principalmente pelos deslizes apontados pelo STF, que, mais cedo ou
mais tarde, anulariam todas as condenações.
Quando a gente critica um ministro do STF por ser “garantista”,
não é ele que está errado, são as leis e a constituição! Temos que
modernizar nosso aparato legal para adaptá-lo à criminalidade do colarinho
branco do século XXI. Tudo evolui, em especial o mundo das finanças e
tecnologia, propiciando inúmeras situações imprevistas pelas leis antigas,
válvulas de escape para o dinheiro sujo e outras circunstâncias amorais.
Não vou julgar ninguém nesse post, pois todos os
corruptos estão por aí, livres, leves e soltos. A nossa geração produziu a
Lava Jato, que bateu na trave, mas não fez gol. Precisamos pensar em
proteger o Brasil das próximas gerações.
Nas últimas eleições, promovemos uma boa renovação do
Congresso. Ainda insuficiente. Apesar dos poucos gatos pingados defendendo a
pauta anticorrupção, ainda há um grande grupo de rabo preso. Só uma renovação
brutal dos parlamentares salva o Brasil. Ela vai acontecer de qualquer jeito e é
imprescindível acelerá-la.
A campanha 2022
já começou. A disputa presidencial costuma fazer barulho e capturar toda a
atenção. Porém, no nosso presidencialismo moreno, o Congresso tem muito peso.
A despeito dos seus muitos representantes indignos para a função, tem sido um freio
para as loucuras presidenciais. É desnecessário relembrar os governos Dilma,
Temer e Bolsonaro, todos distantes da unanimidade nacional.
Enfim, devemos deixar nossos bandidos de estimação de lado e
desejar que as próximas gerações se libertem da discussão de quem rouba mais. Os
bandidos de hoje não pagarão pelos seus crimes e o caminho para a correção
passa pelo Congresso. Voltarei a este assunto em 2022. Só adiantei a
reflexão, pois o clima pré-campanha ficou repentinamente aquecido. O debate e o
desafio são bons para o Brasil, mas a disputa presidencial não é tudo.
Leitura complementar:
2022 é agora - Post de junho de 2020
Foto: Plaza Mayor (Madrid, Espanha). Felizmente, consegui
fazer esta viagem de férias no começo de 2020. Voltei poucos dias antes do
confinamento.
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