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Wednesday, January 11, 2012

A volta do Cavaleiro Negro


Setembro de 2009. Apresentei Xavier Niel aos leitores deste blog pelo post "Cavaleiro Negro". Recomendo a sua leitura. O empreendedor francês não tem amigos no governo nem no empresariado e, através da Free Telecom, revolucionou os serviços de telecom na França, impondo o valor de 30 euros mensais como referência de assinatura de Internet/Telefone/TV, o que é muito competitivo em qualquer lugar do mundo.

Quando escrevi o post, a Free brigava por uma concessão de telefonia celular. Apesar das pressões para que as portas se fechassem ao ousado Niel, ele venceu. Posteriormente, ainda conseguiu comprar uma fatia do Le Monde, mais uma vez, contra a vontade de Sarkô e seus amigos.

Janeiro de 2012. A Free Mobile é lançada para abocanhar um naco do mercado dominado pela Orange, SFR e Bouygues. Para se ter uma ideia dos preços propostos pela Free:

- Assinatura 3G (Internet, DDI e SMS ilimitados) para assinantes da Free: 15 euros
- Idem para não assinantes: 20 euros
- Assinatura social (60 minutos e 60 torpedos): 2 euros

Recomendo a leitura do artigo seguinte sobre a revolução da Free: "How France’s Free will reinvent mobile".

Xavier Niel é o inovador-empreendedor por excelência. Uma pessoa que corre riscos, que explora os mercados de alto potencial sem medo de enfrentar os carteis. Especialmente no Brasil, conhecemos muitos que parecem pensar da mesma maneira, mas não são capazes de fazer qualquer coisa sem uma mãozinha do BNDES.

Wednesday, September 23, 2009

Cavaleiro negro 2


Por razões óbvias, os consumidores querem uma nova operadora de celular, a quarta da França. A expectativa é que ela traga um novo dinamismo ao mercado: Novas ofertas e novos preços. A França pode ser competitiva na Internet e telefonia fixa, mas quando o assunto é celular, a coisa não é tão boa assim.

Ao contrário do mundo emergente, o mercado europeu está saturado, tem mais celular do que gente! As empresas vivem de torpedos e outros serviços. Não há novos mercados, os clientes pulam de uma operadora para outra.

A Free é candidata única à quarta licença. Os operadores tradicionais estão fazendo de tudo para bloquear a sua entrada. Eles conhecem a criatividade e a ambição desmedida do seu fundador Xavier Niel. Além do lobby tradicional e da vasta rede influência da Orange, SFR e Bouygues, a grande amizade pessoal de Sarkô com este último não é de se descartar.

Mesmo que uma maior competição seja interessante para o governo, os três grandes possuem um belo coringa. As duas primeiras licenças custaram 5 bilhões de euros (Orange e SFR). A terceira licença saiu por 600 milhões (Bouygues). A Comissão Européia, em nome de uma concorrência justa, mandou o governo corrigir o preço das duas primeiras para 600 e devolver a diferença. Agora, a quarta licença está cotada a 240 milhões. Imaginando que a Comissão Européia imponha o mesmo critério, o governo francês estaria arriscando muito. A propósito, por que nunca se discutiu este assunto no Brasil?

Orange, Bouygues e SFR anunciaram que a chegada de um operador low cost poderia suprimir até 30 mil empregos nos seus quadros. No momento em que a Europa está vivendo, esse tipo de chantagem assusta. Cabe a Free dizer quantos empregos ela poderá criar.

No vale tudo contra a Free, entra até o apelo à histeria nacional. A sociedade começa a se mobilizar contra as Estações Rádio Base das redes de celulares. Há inúmeras batalhas na Justiça para remover antenas nas proximidades de escolas, hospitais e residências. Os processos existentes estimulam outras pessoas a aderir à causa. As operadoras defendem-se na Justiça. Elas ganham muitas vezes, até pela falta de embasamento científico dessas ações. De qualquer maneira, espalha-se por aí que uma operadora a mais representa ainda mais antenas.

O processo de licitação está no final. Apesar do seu caráter técnico, os políticos terão a última palavra. Vamos ver a habilidade de política de Xavier Niel para contornar todas essas barreiras. Experiência não falta. Quem foi cafetão durante tanto tempo sabe lidar muito bem com deputados, senadores e burocratas em geral.


Foto: A Praça do Anfiteatro em Lucca. O anfiteatro foi-se há muito, mas a praça conservou o formato. A bela cidade de Lucca é uma das atrações da Toscana, marcada principalmente pelas muralhas intactas que cercam a cidade.


Sunday, September 20, 2009

Cavaleiro negro 1


Se os preços dos serviços franceses são invariavelmente mais altos que os brasileiros, na área de telecomunicações, a diferença pesa a favor da França. Depois da desregulamentação, a população aderiu maciçamente às ofertas integradas de telefonia ilimitada, internet banda larga e televisão. O conjunto de canais, países com chamada gratuita e banda variam um pouco, mas a brincadeira fica entre 30 e 40 euros mensais. Sem dúvidas, um dos preços mais baixos do mundo. O fenômeno permitiu uma inclusão digital sem precedentes. Os gigantes do ramo reclamam um pouco, mas aprenderam a vender outros serviços.

A desregulamentação e a livre concorrência foram essenciais para esta revolução. Foi uma empresa independente, sem pedigree, que lançou a caixinha que integra telefone, internet, televisão e ainda uma rede wifi doméstica. Graças à Free Telecom, a solução existe e o preço do pacote básico está estacionado nos 29,99 euros desde 2003. A cada dia, ela rouba um pouquinho do mercado dos operadores tradicionais.

Xavier Niel, acionista e fundador da Free, é um self-made man de uma espécie raríssima num país de tantos controles. Montar um império de telecomunicações a partir do nada é praticamente impossível. Se o seu arrojo já o coloca como inimigo número um do empresariado tradicional, a sua carreira também não ajuda. Além de não ter passado pelos bancos universitários, formou a sua poupança como proxeneta - vulgo cafetão - e outras atividades ligadas à pornografia.

Xavier não está satisfeito. Com a convergência das telecomunicações, não dá para ficar por aí. A integração dos serviços de telefonia celular dará ainda mais flexibilidade à sua oferta. A Free quer entrar na telefonia celular, a galinha dos ovos de ouro das telecomunicações, um terreno ferrenhamente defendido pelos três únicos operadores franceses autorizados: Orange, Bouygues e SFR. Os mesmos três operadores que viram seu mercado de telefonia fixa e internet serem abocanhado pelo ousado novato. Enfim, é um contra todos e todos contra um!



Foto: Na rota das vinícolas dos chamados super-toscanos, encontrei esta casinha, onde funciona um centro de informações para os enófilos. Para efeitos de localização, a área está ao sul de Livorno, ao longo da Via Aurélia, via que liga Pisa à Roma há mais de 2200 anos. A Ornellaia (Bolgheri) está a uns 10 minutos desta casa.