Tuesday, December 27, 2011

Revista do Cinema S2/2011

No meu único post sobre cinema neste semestre, "Novelão e Cinemão", antecipei dois filmes que serão destaque nos próximos meses:

"Drive" já é cult. Na minha opinião, o melhor do semestre. Ryan Gosling, que também estrelou "Tudo pelo Poder", está com tudo. Ele só não pode continuar fazendo o mesmo estilo do heroi solitário a vida inteira.

"The Artist" me surpreendeu. Não por ser ótimo, mas pela repercussão deste filme mudo francês nos EUA (vide abaixo). Fala-se em Globo de Ouro e Oscar. Antes, o diretor Michel Hazanavicius e o ator Jean Dujardin fizeram algumas paródias de 007. Puro pastelão. Um filme mudo no estilo de Hollywood de quase um século atrás é diferente, mas longe de ser genial.

Ainda pensando fora do Brasil, lamento não ter assistido ao iraniano "A Separação". Deparei-me com o filme algumas vezes na França e acabei optando por algum lixo ocidental. Espero que ele passe em São Paulo. Pelo que eu li, trata-se um filme excepcional.

No Brasil, pude assistir um monte de filmes. Nem vou listá-los, por que muitos nem merecem uma menção neste blog. O que mais me agradou foi o argentino "O Conto Chinês", uma comédia de ótimo gosto. O ator principal, Ricardo Darín, esteve em outro filme elogiado por este blog, "O Segredo dos Seus Olhos".

Além dos filmes acima, gostaria de comentar brevemente sobre outros, que estão num patamar bem inferior:

"Margin Call - O Dia Antes do Fim": Para um filme que se passa num banco, na iminência da crise financeira, o diretor fez muito em criar um ótimo clima de thriller, explorando muito bem o lado humano de quem faz o mercado.

"Missão Impossível - Protocolo Fantasma": O quarto MI não é um filmaço, mas é melhor do que os anteriores. Pelo menos, restabelece o espírito de equipe de MI, tão marcante no seriado original. Os filmes anteriores faziam de Tom Cruise um ridículo James Bond.

"A Pele que Habito":  O filme se destacou com uma história super original e bem feita. No meio de tantos filmes medíocres, foi dos mais inspirados do semestre.

"Tudo pelo Poder": É um prazer ver um elenco tão bom trabalhando junto: Ryan Gosling, Paul Giamatti, Philip Seymour Hoffman e George Clooney, que também dirige (e bem). Pena que o enredo seja bem fraquinho, tão óbvio como a falta de ética na política.

Como não comentarei todos os filmes medianos que asssisti, destaco o belga  "O Garoto da Bicicleta", tão aclamado pela crítica, mas que não convence. Afinal, depois de quatro anos na França, estourei a minha cota para esse tipo de drama.

"O Palhaço" foi um dos brasileiros que prestigiei. O filme é razoável e poderia ser muito melhor. Ainda não entendi se os produtores visavam ao público juvenil ou adulto. Para o primeiro público, está de bom tamanho.

Alguns artigos sobre "The Artist":
Slate
New York Times
Washington Post


Foto: Fiz um pit-stop em Barcelona. Na verdade, não foi tão curto assim, foram cinco dias inteiros num congresso, com pouco espaço para turismo. Da janela do hotel, apreciava os treinos do Camp Nou, mas é melhor nem tocar nesse assunto. Na foto, a escultura de Frank Gehry sobre o cassino do Porto Olímpico.

Saturday, December 17, 2011

Confraternizando

Durante os últimos quatro anos, estive fora de São Paulo neste período pré-natalino, tão cheio de eventos de confraternização. Até há pouco, dizia que tinha saudades dessa agitação toda. Pois é, já passou!

A última semana de novembro e as duas primeiras semanas de dezembro são repletas de festas. Somam-se a elas, as atividades de fechamento do ano, as compras, a preparação das férias, etc. Enfim, um período tenso e com trânsito ainda mais caótico, mesmo com as escolas encerrando suas atividades. Aliás, o trânsito acaba limitando a possibilidade de se comparecer a dois ou três eventos por noite. Convites não faltam.

Um grupo de amigos executivos finalmente tomou uma sábia decisão. Marcamos um primeiro evento de confraternização para abril. Mais uns dois eventos ao longo do ano e assim, quem sabe, escaparemos desse período caótico em 2012.

Enquanto estive em Lyon, o período passava em branco. A primeira semana de dezembro é igual a terceira de setembro ou a segunda de março. Nada de especial. No começo, perguntava: É assim mesmo ou eu é que não sou convidado? Descobri que é assim mesmo. Essa coisa de confraternizar, trocar presentinhos, receber brindes é exagerada no Brasil. Lá fora é muito mais leve e discreto.

Felizmente, Lyon tinha a Festa das Luzes (Fête des Lumières), que animava o começo do inverno. O único ensaio de confraternização é a festa de Reis no começo de janeiro.

Depois dessas últimas três semanas, de tão pouco dormir e muito comer, bateu uma saudade da tranquilidade de lá.


Foto: Última tomada de La Rochelle. A imagem da cidade está muito associada ao PS. Sendo uma das principais cidades da região de Poitou-Charentes, presidida pela Segolène Royal, tem sediado muitas reuniões do partidinho.

Sunday, December 11, 2011

Cheap Wine

Este ano, não estive em Lyon durante a festa do Beaujolais Nouveau. Aqui em São Paulo, muita gente pode encontrar a celebrada bebida - que para muitos não é vinho - em vários restaurantes, graças à Mistral, que trouxe um grande lote de Joseph Drouhin.

Em Lyon, a terceira quinta-feira de novembro é marcada pelos fogos de artifício, pelos restaurantes cheios e pelo intenso movimento no seu centro velho. A celebração do Beaujolais Nouveau toma conta da França.

Celebram por que americanos e japoneses vão comprar milhões de garrafas e isso é uma bela ajuda para as nem tão prósperos vinícolas do Beaujolais. Aqueles franceses, que amam o vinho, também celebram o fato da mal amada bebida deixar o país. Enfim, se o vinho não é bom, o marketing é de primeira.

Na celebração paulistana, o mais lamentável é o preço. Mesmo que eu e meus leitores possamos gastar 100 reais numa garrafa de Beaujolais Nouveau, convenhamos que há uma enorme discrepância de valores. Fiz uma pesquisa e vejam só os preços do Joseph Drouhin 2011:

- Na França (varejo): 6,50 euros (16 reais)
- Nos EUA (varejo): 10 dólares (18 reais)
- No Brasil, na distribuidora Mistral: 75 reais
- No Brasil, em restaurantes e lojas de vinho: Em torno de 90 a 100 reais.

A mágica da quintuplicação é muito comum para os vinhos europeus vendidos no Brasil. Beber vinho é ótimo, mas a gente acaba bebendo muito mais imposto!

Nos EUA, um artigo recente da Slate (Drink Cheap Wine) recomendou vinhos na faixa de 3 dólares para consumo diário. Sim, três dólares! Na própria França, as gôndolas do Carrefour e outros supermercados têm centenas de rótulos na faixa dos 5. Qual seria a faixa básica do consumo diário no Brasil?

Felizmente, nossos vizinhos do Mercosul têm produzido vinhos cada vez mais interessantes com as mais prestigiadas cepas europeias. Como a tributação dentro do Mercosul é diferenciada e o transporte é mais barato, a preços iguais, prefira sempre uma garrafa do Mercosul, que certamente possuirá mais vinho e menos impostos, margens, fretes, etc.

Considerando alguns dos produtos do Mercosul com a melhor relação custo-benefício, os 3 dólares da Slate viram 30-40 reais aqui no Brasil. Sem milagres! Vinhos do Velho Mundo ou de qualquer outro continente nessa faixa de preço merecem desconfiança. De qualquer forma, em se tratando de vinho, vale a máxima: Gosto não se discute.


Foto: Ainda em La Rochelle. A chuva deu uma folguinha, o sol quase apareceu. Imagem do porto velho da cidade, com as torres medievais: Tour de la Chaîne e Tour Saint-Nicolas.

Saturday, December 3, 2011

São Paulo diferente

Neste final de ano, nosso comitê operacional, que se reúne em algum lugar do mundo a cada trimestre, veio para São Paulo. Se eu tive a tranquilidade de não precisar viajar, tive a responsabilidade de receber meus colegas, de ser um bom anfitrião. Podemos contar com bons hotéis, bons restaurantes e o melhor apoio possível, mas tudo pode acontecer, quando recebemos 20 estrangeiros.

A prática é reunir todos os participantes num super hotel e se fechar por lá com algumas saídas esporádicas de van. Meus colegas conheciam a São Paulo dos pomposos hotéis da Marginal Pinheiros, a meio caminho do nosso escritório. Lá, as regras são: 1) Não pode sair do hotel a pé; 2) Se precisar sair, peça um táxi de confiança; 3) Jamais exponha o notebook ao entrar no taxi; etc.

Desta vez, fiz diferente. Coloquei todo mundo num bairro mais central. Ao invés de ficarmos trancados no hotel, escolhemos alguns restaurantes próximos e caminhamos. Sim, fizemos tudo a pé! O evento de uma semana dispensou o automóvel. Andamos tranquilamente, como fazemos nas cidades europeias. Teve até almoços e jantares a céu aberto, como eles adoram. Foi excepcional!

Apesar do noticiário recente ser bem favorável ao Brasil, ficou cristalizado na mente dos meus convidados uma cidade perigosa, onde só se anda de carro e sem nenhum charme. Foi muito bom desfazer (parcialmente) essa imagem. O evento foi realizado no Itaim, mas acho que poderia reproduzí-lo em outros bairros da capital.

A única ressalva foi o preço das coisas por aqui. Como bom anfitrião, meus convidados não viram os preços das diárias e nem das refeições. Vão descobrí-los, quando tiver que justificar o rombo orçamentário do último trimestre. Como de hábito, só levaram algumas dúzias de Havaianas.


Foto: Apesar de ter ido outras vezes para La Rochelle, jamais havia publicado suas fotos neste blog. Desta vez, o tempo não ajudou. De qualquer forma, o lugar é especial, começando pelo velho porto (foto).