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Friday, March 4, 2016

Encontros

Meus leitores do Brasil ainda estão comemorando o encontro de um ex-político com o japonês da Federal. Nessas horas, é difícil falar de outra coisa, mas vou arriscar.

Começo de ano tem festa do cinema em vários países, fechando com o Oscar. Aqui na Bélgica, o vencedor do “Magritte du Cinéma”, como melhor filme do ano, foi “O Novíssimo Testamento”.

O filme começa assim: Deus existe e mora em Bruxelas. Entre os destaques, a atuação do astro belga, Benoît Poelvoorde. O filme tem momentos inspiradores intercalados com o pastelão típico do ator, que faz o papel de Deus. Sem spoilers, pois o filme está em cartaz em São Paulo.

Para os amigos do Brasil, vale relembrar quem é o ator tão conhecido no mundo francofônico. Em “Asterix nos Jogos Olímpicos”, foi Brutus. Em “Coco antes de Chanel”, foi  o amante e protetor da futura estilista. Clíque aqui, caso essas dicas não sejam suficientes.

Assisti ao filme “O Novíssimo Testamento” no avião, voltando do Brasil para a Europa. Como minha esposa dormiu no vôo, o filme foi nosso assunto nos dias seguintes, quando contava a história em pedacinhos.

Num desses dias, recebemos um casal de amigos para jantar. Tocaram o interfone. De dentro de casa, destravei a primeira e a segunda porta. Mesmo conhecendo o caminho até nosso apartamento, o casal estava demorando demais. Destravei as portas mais uma vez e nada. Resolvi descer para ver o que acontecia.

Lá embaixo, nossos amigos não conseguiam passar pela segunda porta. Um outro casal havia espalhado um monte de malas e bloqueado a segunda porta. Tinham um cachorro também. Nossos amigos educadamente esperavam.

Chamou-me atenção o jeito estabanado do homem que procurava a chave da porta entre as malas e pacotes. Era de uma graça familiar. Observei melhor e reconheci a figura.

Sim, era ele. Deus em pessoa. Fiquei impressionado. Por um momento, esqueci-me completamente do casal de amigos.

Deus existe, mora em Bruxelas e é meu vizinho.


Foto: Última foto na bela Lyons-la-Forêt.

Monday, February 25, 2013

Depois do Oscar


Além da revista semestral, meu último post de cinema foi sobre Argo. À época, sem ter assistido aos demais candidatos ao Oscar, disse que o filme estava com a taça na mão. De fato, Argo e Amor arrebataram todos os grandes prêmios internacionais, numa rara convergência.

Graças à sensível melhora na distribuição dos filmes no Brasil, que chegam cada vez mais rápido, consegui assistir a todos os candidatos ao Oscar de melhor filme antes da premiação. No título original: Amour, Argo, Beasts of the Southern Wild, Django Unchained, Les Misérables, Life of Pi, Lincoln, Silver Linings Playbook e Zero Dark Thirty.

Sem dúvidas, são nove bons filmes, mas nenhum é excepcional. Se ainda estiver inspirado para falar sobre cinema, volto em breve com um post sobre o filme Amor. Reconheço os méritos do filme, mas não gosto muito do tema.

Apesar de tantas atuações marcantes, faltam boas histórias. Uma linha sobre cada filme:

Amour - Interpretação esplendorosa do casal de atores veteranos.
Argo - Se fosse ficção, seria um delírio hollywoodiano.
Beasts of the Southern Wild - Uma visão dos EUA bem incomum.
Django Unchained - Just for fun!
Les Misérables - Como é bom relembrar aquelas músicas!
Life of Pi -  Só vale pelas imagens deslumbrantes.
Lincoln - É dos poucos que nos faz pensar: Política e democracia.
Silver Linings Playbook - Veremos os "louquinhos" com outros olhos.
Zero Dark Thirty - Será que o Bin Laden morre no final?!

Se você quiser ver algo diferente dentro dessa lista, fique com Beasts of the Southern Wild (Indomável Sonhadora). Um filme fora dos padrões de Hollywood, daqueles gravados com câmera na mão, que é lindo e original. Também conquistou muitos prêmios pelo mundo.

Este post foi escrito domingo à tarde. Só não publiquei antes da premiação por que a NET estava fora do ar lá em casa. 


Foto: Outra tomada nas ruelas de Saint-Paul deVence, na Provence.

Sunday, November 11, 2012

Argo


Os primeiros minutos de "Argo" são essenciais para se contextualizar a aventura da libertação de seis reféns norte-americanos pela CIA. O prólogo histórico poderia até ser diferente, mas ele surpreende pela correção. É um espécie de "mea culpa".

Se o Irã de hoje é um regime teocrático com alguns propósitos insanos, o Ocidente teve o seu dedo. E a história não é diferente em outros países da região.

Ben Affleck conseguiu fazer um ótimo filme e está com a taça na mão. A história real nem foi tão eletrizante, como afirmam os próprios reféns. Argo é um ótimo thriller e tem muito de real. Pessoalmente, gosto muito desse tipo de filme.

O episódio mostra a sina dos serviços de inteligência. Os sucessos ficam escondidos, os fracassos são escancarados. A minha querida revista Wired trouxe o caso à tona em 2007. Imagino que fuçar os arquivos americanos ainda possa nos trazer muito mais histórias como esta.

Não poderia deixar de encerrar este post mandando um recado aos líderes do Irã com o mote do filme: Argo fuck yourself!



Foto: As termas romanas são a grande atração de Bath, Inglaterra. Achei exatamente a mesma foto num guia de turismo de prestígio. Problema é do guia, eu sou fotógrafo amador ;-)

Tuesday, October 2, 2012

Ted


Seth MacFarlane será o mestre de cerimônias do Oscar 2013. Confesso que não conhecia esse nome até o último final de semana, quando assisti seu filme "Ted". E tudo graças ao Protógenes Queiroz!

Acho que o leitor soube do episódio protagonizado pelo deputado. Levou seu filho de 11 anos para ver o filme do ursinho de pelúcia falante e saiu chocado, querendo baní-lo do circuito nacional. Seu argumento: "O filme faz apologia às drogas".

Deixando de lado a sua vocação de censor, o deputado cometeu um erro grosseiro não seguindo à classificação indicativa do filme: "Para maiores de 16 anos por abordagem de drogas conteúdo sexual e linguagem imprópria". Nos EUA, ele é classificado como "R" (restricted), fato que inibe sua exibição em muitos cinemas.

Eu teria deixado o filme de lado, senão fosse a promoção feita pelo deputado. Fui conferir.

Falarei sobre o filme sem contar tudo.

Pense na pessoa com a boca mais suja que você conhece. Aquele que chega até causar certo constrangimento. Então, coloque todo seu vocabulário indecente na boca de um inocente ursinho de pelúcia. Pois é, Ted nos surpreende do começo ao fim. Duas horas não são suficientes para nos acostumarmos com um ursinho falando tanta bobagem.

Obviamente, o ursinho é uma metáfora para retratar parte do mundo masculino. Imaturidade temperada com muito preconceito e vulgaridade. E coloque muito preconceito nisso. E as drogas estão presentes do começo ao fim.

A questão é fazer uma crítica social e ao mesmo tempo se aproveitar dos vícios da sociedade, fazendo graça com piadas inaceitáveis fora das telas. É por isso que o filme divide opiniões. Uns acham que MacFarlane passou da linha. Outros, que o contexto permite o abuso. Porém, é bem verdade que todos concordam que algumas cenas são hilárias.

Enfim, é divertido e é para maiores, a menos que você insista em mostrar para seus filhos como somos babacas.


Foto: Uma outra fachada da Hampton Court, em Londres.

Sunday, July 15, 2012

Revista do Cinema S1/2012


Durante o primeiro semestre, comentei sobre “A separação” e “Jogos vorazes”. “The artist”, vencedor do Oscar, esteve nos meus posts do ano passado.

Entre os dois filmes que homenageiam o cinema, “The artist” e “A Invenção de Hugo Cabret”, gostei mais do último. Fui ao cinema duas vezes para curtí-lo, pois raramente um filme em 3D é tão bom. Para quem gostou do filme, saiba que George Méliès é tema de uma mostra do MIS, em São Paulo.

Não vi grandes filmes neste semestre, mas achei “Os descendentes” e “O exótico Hotel Marigold” bem razoáveis. O último filme de Woody Allen, “Para Roma, com amor”, é muito pior do que seu anterior, “Meia-noite em Paris”, apesar do superelenco e da própria presença do diretor.

Mudando para o cinema francês. Só pude ver o blockbuster “Intouchables” (2011) no começo deste semestre. Entra na esteira dos sucessos franceses pouco exportáveis (“The artist” é uma história à parte).  É notável abocanhar 20 milhões de entradas num país de 65 milhões de habitantes. O filme é baseado numa história real sobre a relação de um empresário tetraplégico e seu acompanhante faz-tudo de origem humilde.  Uma comédia dramática, como diz a crítica.

A cadeira de rodas também foi a estrela do filme francês que balançou Cannes, “De rouille et d'os”. Este sim, muito mais dramático e com show de interpretação de Marion Cotillard. Recomendo para quem gosta da atriz e do cinema francês. Caso contrário, fique com a comédia.

Estou botando mais fé no próximo semestre. Teremos o remake de “Total Recall”, o “Hobbit” de Peter Jackson e “Les Misérables”. Também tem novos Batman e 007. Para fechar, o vencedor da Palma de Ouro, “Amour” de Michael Haneke. O diretor austríaco não faz filmes tão chatos como a maioria dos premiados em Cannes.


Foto: Mais uma tomada do complexo que inclui o Templo de Mármore de Bangkok. O céu pode estar meio cinzento, mas a temperatura passava dos 35.

Sunday, March 4, 2012

Setenta e cinco?!

Na França, Jean Dujardin continua sendo um ator de segunda. Perdeu o César, mas ganhou o Oscar. O importante é que ele está feliz. Vai aprender um pouco de inglês e passar uma temporada em Los Angeles. As estrelas francesas adoram Hollywood. Os salários de lá não são muito maiores, mas o imposto... Ah, o imposto, quanta diferença!

Dujardin é sério candidato a fazer o que muitos artistas e milionários franceses já fizeram. Argumentam que são cidadãos globais e fixam residência na Suíça, Mônaco, Bélgica, Inglaterra e Estados Unidos.

Sarkozy procurou maneiras de estancar essa sangria. Além de dinheiro, os ricos levam empreendedorismo, ideias e talento. Tudo o que a França precisa. Para decepção do Presidente, a crise europeia não deu margem de manobras.

François Hollande, opositor de Sarkozy nas próximas eleições, por sua vez, quer piorar as coisas. Prometeu criar a alíquota de 75% de imposto de renda. Eu disse setenta e cinco! (Alíquota para renda superior a um milhão de euros anuais, numa tabela progressiva)

O anúncio do candidato do PS tem forte apelo demagógico, afinal a maior parte da população ganha bem menos do que isso. Por outro lado, existe toda uma categoria de artistas, esportistas, empresários e executivos, que será duramente penalizada.

A proposta é digna de um partido que se diz socialista. Aliás, neste assunto, fica bem mais claro quem é de direita e quem é de esquerda no país.

Muitos já deixaram a França por causa da alíquota atual de 40% e do imposto sobre o patrimônio. Uma parte da família mais rica da França, os Mulliez, donos do Auchan, Leroy Merlin, Décathlon e outras redes do varejo, mudou-se para a Bélgica. Moram numa cidadezinha da Valônia. Atravessam a rua e estão na França.

O pessoal do mercado financeiro prefere Londres. Aqueles que teimam morar em Paris, usam a ponte aérea ou o trem-bala que une as duas cidades. Como exceção às fugas, alguns ricaços saíram de Paris e foram morar no próprio "château", pois uma propriedade agrícola produtiva paga bem menos impostos.

Imaginem a futura França de Hollande! Ainda quero crer que seja um "tudo ou nada" eleitoral para arrancar Sarkozy da Presidência.

Numa economia de mercado, uma alíquota maior do que 50% me parece ser mais punitiva do que distributiva. Com 50%, você tem o Governo como sócio. Com 75%, a relação é de vassalagem.


Foto: Navy Pier em Chicago.